umanatalense 04/04/2024
Eu digo NAO <3
"O Dia em que a Poesia Derrubou um Ditador", do autor chileno Antonio Skármeta, é um romance que não apenas entretém, mas também nos leva a uma reflexão sobre o poder da arte e da resistência em tempos de opressão política.
Ambientado em um cenário reminiscente da ditadura de Pinochet no Chile, Skármeta nos apresenta duas histórias que se entrelaçam e mostram como aquela sociedade é sufocada pelo regime autoritário, onde a liberdade de expressão é severamente restringida e a dissidência é reprimida com brutalidade.
Somos inicialmente apresentados ao adolescente Nico, o filho de Santos, um professor de filosofia que instiga seus alunos a aplicarem lições clássicas para compreenderem as adversidades do país em que vivem. Num determinado dia, o professor é abruptamente preso pela polícia no meio de uma aula. A partir desse momento, Nico embarca numa jornada em busca do paradeiro do pai, lutando diariamente para sobreviver com a angústia de sua ausência e a incerteza de seu retorno.
A segunda história da narrativa segue Adrián Bettini, pai de Patricia, namorada de Nico. Ele, que outrora foi o maior publicitário do país, caiu em desgraça denunciar os abusos cometidos pelo regime de Pinochet. Contudo, um novo desafio surge para Bettini: organizar a Campanha do Não contra Pinochet.
Após décadas de ditadura, foi permitido ao povo votar num plebiscito para decidir se Pinochet permaneceria no poder por mais oito anos ou se haveria uma transição para a democracia. Este evento poderia ser o início de um novo capítulo na história política do país. Porém, para isso acontecer, seria necessário criar uma campanha publicitária que unisse os diferentes partidos da oposição e convencesse as pessoas de que votar pela liberdade era possível.
Na vida real, a ditadura de Pinochet durou 25 anos. Tal como retratado no livro, a música do "Não" pela renovação do mandato do ditador foi extremamente poética e venceu o plebiscito contra o governo. A poesia contribuiu para derrubar mais de vinte anos de violência e silenciamento!
Que livro bem escrito, minha gente! Que história emocionante. Essa foi a minha segunda experiência com a escrita do autor e fiquei com vontade de ler mais obras dele e de estudar mais sobre a história do nosso continente; uma história de luta, sangue e cultura.