Ennio 25/07/2020
Para sempre Alice
Comecei o Para sempre Alice em 2016 e no mesmo ano (lido apenas 1/5) dei uma pausa. Há alguns dias recomecei, sem presunção, a leitura do início, pois já não lembrava. Cheguei até a comentar que o mesmo livro pode ter, em ocasiões e tempos distintos, uma interpretação e aceitação igualmente diferentes.
Fato é que, recomecei, gostei, porém o enredo ainda não tinha me arrebatado. Nova pousa. Esta breve, ainda bem! Novo recomeço (ou novo começo, apenas? Mas já era o segundo recomenço! Fico com o primeiro rs). Desta vez houve um amor a terceira vista, e a leitura fluiu.
Alice foi me conquistando aos poucos, numa gradação. Ela, professora universitária titular de Harvard, bem-sucedida profissional e pessoalmente vê sua vida e rotina mudarem completamente, aos 50 anos, ao receber um diagnóstico de doença de Alzheimer de início precoce. Mudam a vida profissional e pessoal, sobretudo as relações familiares.
Além do óbvio das transformacões, comuns com a rápida progressão da doença - no caso relatado na obra -, o que me prendeu foi a forma como a autora fez a construção das personagens: a protagonista, Alice; a antagonista, a Alzheimer. E a coloco com destaque, porque de fato ela teve esse tratamento.
A mensagem maior que extraí foi a de que, embora haja um diagnóstico e prognóstico reservados, mesmo que o indivíduo tenha, por exemplo, uma doença neurodegenerativa progressiva que, a grosso modo, "dilua" sua memória, sua essencial nunca desaparecerá.
Ps: "A mãe a havia consolado, dizendo que não ficasse triste pelas borboletas, porque o simples fato de a vida delas ser curta não significava que fosse trágica".