Camila | Book Obsession 22/01/2018Alice é uma professora conceituada e grande pesquisadora em Harvard, casada, uma vida estabilizada e vivendo a sua rotina. Seus três filhos apesar da mesma criação são de personalidades diferentes e por já serem crescidos, passa boa parte da sua agenda entre conferências, palestras e simpósios.
Em um desses muitos momentos corriqueiros da vida dessa mulher de 50 anos, ela tem um lapso de memória ao realizar uma atividade esportiva. Ao se dar conta que não sabe qual o caminho para retornar para casa após sua corrido, ela começa a se desesperar. Ao mesmo tempo começa a forçar sua memória a lhe ajudar a relembrar outros episódios.
A partir daí, Alice começa a anotar tudo e testar sua memória com algumas palavras para lembrar durante o dia, e quando confirma que realmente sua memória anda falhando se dá conta de que o problema pode ser mais grave do que imagina.
Ao procurar algumas opiniões médicas, o que ela não queria ter a confirmação vem de um deles, Alice é diagnosticada com a Doença de Alzheimer.
“Ela, Alice Howland, estava sentada numa cadeira fria e dura, ao lado de uma cadeira vazia, no consultório de um neurologista da Universidade de Distúrbios da Memória, no oitavo andar do Hospital Geral de Massachusetts. E acabara de ser diagnosticada com a doença de Alzheimer. Vasculhou os olhos do médica em busca de algo mais, porém só conseguiu encontrar verdade e pesar.”
Seu susto e surpresa se dá justamente por não ter a idade em que é comum a doença se instalar – geralmente e segundo as estatísticas, a Doença de Alzheimer começa a dar sinais a partir dos 65 anos – mas infelizmente ao pesquisar sobre sua condição, Alice descobre que seu Alzheimer é de instalação precoce, devido a genética.
Arrasada por saber que a tendência ao longo dos anos é piorar sua condição de vida, ela começa apresentar nuances: irritação, tristeza, falta de apetite e claro os frequentes esquecimentos. Para uma mulher que sempre teve como ferramenta principal no trabalho que é a memória, saber que teria que abrir mão de suas pesquisas e seu trabalho em Harvard é desesperador.
Seu marido John tenta ajudar já que também é um grande pesquisador, mas para uma doença que ainda não tem cura, só resta aceitar a condição da esposa e ajudá-la a passar por todas essas fases com muito amor, paciência e dedicação. Óbvio que não seria uma tarefa fácil, afinal todos tinham uma vida muito agitada, repleta de compromissos, mas quando John se depara com cenas de cortar o coração como não saber como vestir uma roupa íntima, fazer suas necessidades fisiológicas na roupa, não conseguir estabelecer uma comunicação digna de se fazer entender, o mundo desse homem desaba.
“- Sinto saudade de mim.
- Também sinto saudade de você, Ali. Muita.
- Nunca planejei ficar assim.
- Eu sei.”
Essa é uma história extremamente emocionante justamente porque trata sobre uma doença que a cada dia se instala mais e mais na vida dos seres humanos. Como fisioterapeuta que atua na área, eu já tive oportunidade de presenciar várias etapas dessa doença com meus pacientes e é extremamente importante se ter paciência e dialogar o tempo todo com quem tem Alzheimer. Você vê pessoas inteligentes virarem crianças, não se recordam do que fizeram há minutos atrás, as vezes ficam agressivos, se depara com a confusão deles e muitas vezes não reconhecem nem os próprios filhos ou cônjuges, perdem sua liberdade e privacidade e isso é muito triste.
Quando realizei essa leitura me surpreendi com a escrita da Lisa Genova e fiquei fã de suas histórias. A autora tem uma escrita repleta de propriedade, conduz a trama com maestria e em nada deixa a leitura arrastada. Como já deu para perceber esse livro é repleto de ensinamentos e dramas reais, que eu tenho como um dos meus favoritos e sempre que posso indico a leitura. A autora ainda aborda as diferentes fases da doença e atenta sobre as pesquisas que grandes centros vem realizando com fármacos para diminuírem as consequências do Alzheimer e até uma possível cura que infelizmente ainda não veio. No livro também ela disponibiliza links de sites para quem quiser ficar por dentro da doença e de algumas pesquisas.
Para quem gosta de adaptações cinematográficas, Para sempre Alice também teve sua versão e foi representada por Julianne Moore que dá um show de atuação, esse é um dos poucos filmes onde a adaptação ficou tão boa quanto a leitura.
A capa do livro é do cartaz do filme e a diagramação é simples. A fonte confortável para leitura e páginas amareladas.
Uma leitura extremamente impactante, reflexiva e emocionante. Impossível não derramar algumas lágrimas e desejar fazer alguma diferença na vida dessas pessoas.
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