Sil 18/03/2016
UM LIVRO QUE É TRISTEZA SOMENTE…
Olá amigos,
Escrito pela neurocientista norte americana Lisa Genova, este é o terceiro livro dessa autora/médica. Sinceramente não sei como esse pessoal aguenta trabalhar nesse meio, pois Para sempre Alice é tristeza somente. A alta remuneração desses profissionais está mais do que justificada.
Alice é uma super professora da universidade de Harvard, muito inteligente, e com uma memória incrível, ela sempre lembra de tudo, praticamente nunca esquece nada, inclusive é conhecida na universidade por sua memória afiada e certeira. Certo dia, voltando de sua corrida matinal, ela esquece o caminho de casa, não somente esquece como também fica perdida, sem saber onde está, parada por uns minutos, observando qual caminho pegar, sem saber por onde ir. Isso a deixa tremendamente assustada, afinal, Alice percorre aquele mesmo caminho há anos, e isso é algo realmente estranho de acontecer não é? Ela deve estar trabalhando demais, não deve ser nada além de stress, mas por via das dúvidas ela marca uma consulta. Ao se consultar com um médico, Alice é diagnosticada com o mal de Alzheimer.
A partir desse momento, nós acompanhamos os pequenos avanços que a doença tem no dia-a-dia de Alice, as coisas mais banais que ela começa á esquecer (a receita infalível do pudim de pão no Natal), as coisas que ela troca de lugar (celular dentro do congelador), a tática para lembrar de algumas coisas vitais (perguntas como: qual o nome dos seus filhos?), você tem dó da personagem, você quer logo que as coisas acabem ou melhorem, mas você sabe que elas não vão melhorar, então você acompanha até acabar.
Pessoalmente Alice preferiria ter câncer: pessoas com câncer são vistas como vencedoras e batalhadoras. Pessoas com Alzheimer são vistas como um peso, como coitados, como perdedores, pois não adianta batalhar, a batalha já está perdida no instante em que começa. Todos sabem que essas pessoas vão se tornar senis, não vão reconhecer seus próprios familiares, serão incapazes de se vestirem sozinhas (pois vão esquecer como se faz), não vão se lembrar de ir ao banheiro, praticamente voltam a ser crianças de colo… a pessoa simplesmente perde sua identidade, seus sonhos e suas vontades. Passeios noturnos sem destino nem sentido, repetição de perguntas sem assimilar respostas, falha dos órgãos, só tristeza. Mas mais triste ainda, é ver como as pessoas ao seu redor reagem, e começam a te esquecer, deixar de lado: você não pode mais trabalhar (você sabe chegar ao seu escritório?), não pode fazer um chá (pois pode esquecer o gás aceso), sua opinião não conta mais, não participa das conversas (não lembra nem qual era o assunto), sua opinião não conta (você não tem mais capacidade de decidir com coerência), você é um peso que só está esperando a morte chegar.
Quando terminei este livro, me senti um trapo, péssima, sem esperança na vida… e cheguei novamente á conclusão de que nós muitas vezes reclamamos demais da vida e nos esquecemos de agradecer pelo que temos e pelo que somos, por isso todos deveriam ler esse livro. Ele é um lembrete do que pode acontecer á qualquer um, e nada se pode fazer á respeito. É como se você estivesse na beira da praia e uma onda gigante invadisse: você não tem controle, é algo que não está em suas mãos.
Abraços.
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