Anna. 31/03/2013
Singelo. Sincero. Atordoante. Impactante. Infinito.
Sabe quando você se vê completamente absorvida, pensativa e concentrada, de modo que toda a sua atenção é sugada para algum ponto em sua mente e todos ao seu redor não passam de uma mancha diante dos olhos? Foi assim que eu me senti ao terminar a leitura de As vantagens de ser invisível.
Depois que eu o terminei, eu só fiquei ali parada, presa em minhas próprias divagações mentais e pensando sobre o que tinha acontecido. Ainda estou pensando. E não acho que vou parar de pensar por um bom tempo.
O enredo gira em torno do cotidiano de Charlie, um adolescente que está começando a explorar a vida (em sua concepção lata do termo), enfrentando todos os seus desafios impostos às pessoas de sua idade: as dificuldades do Ensino Médio, os primeiros sentimentos amorosos, o início da sexualidade e principalmente, as suas próprias questões existenciais.
Primeiramente, devo dizer que o que me chamou a atenção foi o modo da narrativa: o livro é contado por meio de cartas escritas por Charlie e endereçadas a um amigo-leitor, por meio das quais relatam seus pensamentos, reflexões, sentimentos e ações.
Outra peculiaridade foi o próprio estilo de escrita do autor. É a primeira vez que li um livro Stephen Chbosky e fiquei encantada. A escrita é tão simples, tão sincera, tão intimista, tão reflexiva. É diferente de qualquer autor que eu já li. Por meio de Charlie, o autor expõe pensamentos e expressa sentimentos de forma completamente única.
Charlie não é como nenhum personagem que eu já conheci. Eu fiquei maravilhada com seu caráter. Ele é doce, amável, honesto, altruísta, engraçado, emocional, curioso e extremamente inteligente mas, acima de tudo, trata-se de um personagem puramente bom. Ao longo da leitura, Charlie amadurece consideravelmente, enfrenta situações inteiramente novas, faz amizade com pessoas completamente diferentes dele e passa por inúmeras experiências que marcariam sua vida para sempre. Mas o que mais gostei de Charlie foi o fato do personagem, apesar de todos os sabores e dissabores da vida, permanecer fiel a si mesmo, mesmo que ele ainda não saiba quem ele é realmente. Depois de tudo o que ele passou, ele continua sendo BOM. Ele não é santo: ele fuma, bebe, xinga. Mas apesar de tudo, ele continua o mesmo cara puro de coração e genuíno em seu caráter.
Como se já não bastasse um protagonista indescritível, tem-se também maravilhosos personagens: a excentricidade de sua família, a graça de Sam, o alto-astral de Patrick, a calma de Bob, os conselhos de Bill; todos os personagens são carismáticos e muito bem construídos, causando ao leitor um sentimento de profunda familiaridade e identidade.
Trata-se de um livro de descobertas: descoberta de novas experiências, novos relacionamentos, novos sentimentos e principalmente de auto-conhecimento.
Em sua jornada do auto-descobrimento, Charlie compreende seu passado, desfruta de seu presente e projeta sua infinitude.
Eu acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas.
Porque não há problema em sentir as coisas. E ser quem você é.
O ser humano não é um animal estático e imutável, mas livre e transtornado, confuso quanto ao seu mundo exterior, sua própria existência enquanto indivíduo e suas transformações.
Eu sempre me considerei uma incógnita para mim mesma: eu não me conheço. Provavelmente vou morrer sem obter êxito nessa tarefa, mas sinto que esse livro, de alguma forma, acendeu uma faísca sobre o meu auto-conhecimento. E isso pra mim, vale muito mais do que 5 estrelas.