Mariana Dal Chico 21/05/2020As Benevolentes de Jonathan Littell foi ganhador do Prêmio Goncourt de 2006. Apesar de ser uma obra de ficção, o autor fez uma pesquisa extensa em documentos sobre a II Guerra Mundial.
O autor coloca o leitor dentro da ação, é possível sentir os cheiros, o frio, a fome, o medo; As descrições vívidas e detalhadas dos horrores da guerra geram desconforto extremo durante a leitura. Precisei de MUITAS pausas para respirar entre os capítulos e mais de 900 páginas.
É preciso ter muito cuidado com o protagonista, Max é um intelectual culto que tenta convencer o leitor, a todo custo, de que teria agido da mesma forma que ele se estivesse na mesma situação. O momento em que percebi isso, foi realmente assustador, por que em alguns momentos, Max é charmoso o suficiente para fazer com que o leitor cogite sentir simpatia/pena por ele. Lembrando que a narrativa é feita em primeira pessoa.
Max é complexo, muito humano em suas contradições, psicologicamente perturbado, narcisista e tem uma ideia doentia sobre o amor e relacionamentos sexuais. Um personagem muito bem construído, embasado e inesquecível.
Há uma discussão muito boa ( perto da pg 574) sobre o surgimento do sadismo nos oficiais da SS que eram diretamente responsáveis pela eliminação dos judeus e, mais para frente, vemos os desdobramentos desse debate e a “solução” encontrada.
Alguns sonhos do Max são detalhados ao extremo e foram um pouco enfadonhos para mim, mas tenho certeza que para os estudiosos da mente humana, é um prato cheio!
Leitura mais que indicada, mas é preciso escolher o momento certo porque é um livro que vai te marcar para sempre.
Ah! É interessante procurar a origem do título, que está ligada à mitologia grega e foi perfeitamente escolhido pelo autor.
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