belaffig 25/09/2018"Nenhum verão é infinito."- RESENHA 2ª LEITURA
Revisitando o que eu considerava o meu livro favorito do Stephen King - afinal, já é fato concebido que eu sempre fui caidinha por histórias de coming of age - me deparei com um reencontro menos encantador. Tudo bem, são ossos do ofício. A gente cresce, as ideias se transformam, e afinal é sempre legal retornar às coisas que amamos para ver se o carinho continua lá.
Então sim, meu carinho por "Joyland" se perdeu um pouco, mas muito dele ainda continua aqui. Stephen King teve um jeito muito peculiar de trazer essa história à tona que ainda me fascinou: com a escrita meio confusa e reminiscente de um homem já velho retornando a um canto da memória terno e emotivo sobre seu tempo de jovem, a história vive em uma linha tênue entre beleza e brutalidade. Através do microcosmo do parque de diversão, muito vemos do mundo: um lugar tão bonito que, nas entrelinhas, ainda guarda violências do passado que ressoam até hoje. Devin, mesmo que com algumas falas de revirar os olhos às vezes, nos mostra seu "ano perdido" e sua experiência de ter "21 anos e ainda ser um novato”, e aqui reside o charme do livro: é entre essa melancolia de se viver entre angústias e essa riqueza de perceber que se encontrou momentos e pessoas que você vai guardar para a vida que se perceber o quanto a vida em si é preciosa. Então apesar de todas as minhas novas ressalvas - sobre o protagonista em si, o retrato do assassino, o desenrolar um pouco falho da história e por querer ver muito mais de Mike - "Joyland" continua arrebatando meu coração. E afinal, da primeira vez o livro demorou a conquistar seu lugar de favorito também. Então, quem sabe? Por enquanto, o novo pódio fica para "Outsider"... mas será que ele sobrevive a uma releitura também? (rs)
- RESENHA 1ª LEITURA
Um conto de ternura e nostalgia que não esperava sair tão docemente da cabeça (tão conhecidamente perversa) de Stephen King. Contada através de memórias que não sobrecarregam a narrativa, o protagonista se torna tão amável e querido que é impossível desgrudar dele quando a última página chega. King sempre consegue criar um universo fantástico e mergulhar-nos inteiramente nele; com Joyland não é diferente. Você passa a conhecer o parque, suas peculiaridades, seus caminhos secretos, e é quase impossível não ouvir o som das ondas quando Devin chega em seu quarto de frente para o mar à noite, sentir o calor em um dia no parque ou a luz do sol nos olhos enquanto se olha o céu onde há uma pipa.
Meu único problema era que demorou a engatar. Mas depois que percebi, depois que acabei, que essa não era uma história extraordinária sobre um verão agitado, mas simplesmente um ano entre muitos que seriam perdidos e eternamente lembrados pelo protagonista que a viveu, com saudade, saudação e carinho, eu entendi. E me apeguei à simplicidade dessa aventura e das conexões feitas naquele verão muito mais.
Devin provavelmente se tornou um dos meus personagens mais queridos. No mais, Stephen King acerta de novo ao criar um ano de amadurecimento, descobertas e com aquele toque especial de sobrenatural que só ele consegue dar.