Nathalia 24/10/2016
O outro lado da memória - Beatriz Cortes
A história é narrada em primeira pessoa pela personagem principal Luíza Bedim, uma adolescente ainda na fase escolar, que mora com a mãe Leyla, irmão mais novo Eduardo e cachorro Fred. Isso faz com que boa parte da trama se passe nesse cenário familiar/estudantil. Os personagens secundários mesmo não tendo muito desenvolvimento, são amigos leais e companheiros que sempre estão ao lado da garota (amigas Carol e Júlia, amigos Pedro e Luan).
Após uma grande decepção amorosa (com o ex-Lucas) Luíza vive com medo da vida, desconfia de tudo e de todos. Sua intenção a partir disso passa a ser terminar os estudos sem chegar nem perto de ter outro romance.
“Não sei o significado da palavra amor. Nem quero saber por enquanto”.
Quando seus amigos apresentam o novo aluno e capitão do time de basquete, Arthur Campos, ela é bem hostil com ele, julgando o menino baseado em estereótipos do seu passado. Assim que eles viram as costas, ela fala mal do garoto novato para suas amigas. Mas o que ela não imaginava é que ele tinha voltado e estava ouvindo tudo o que ela estava dizendo desde o começo.
Arthur que não se conforma com a garota tratar ele assim, sem nem conhecê-lo, a puxa para ter uma conversa dentro do almoxarifado do zelador. O zelador acaba vendo os dois lá dentro e não acredita quando eles dizem que só estavam conversando e os leva para a diretoria. Luíza que não queria ficar perto de Arthur nem um minuto, se vê obrigada a passar uma hora por dia, três vezes por semana em sua companhia.
“O amor é complexo. Mas ele realmente existe. Porém, difícil mesmo é encontrar quem o faça vivê-lo em sua complexidade”.
Arthur que não entende a aversão de Luíza por sua pessoa, ainda propõe uma aposta a ela. Até o fim da detenção ela não vai mais odiá-lo. Se isso acontecer, ela será obrigada a assistir os treinos de basquete com suas amigas. E se ela ganhar, se ela estiver certa sobre ele, ele nunca mais se aproxima dela. Luíza acaba aceitando com o intuito de só se livrar dele. O personagem terá que passar em provas e mais provas de confiança, para que a conquiste. Ele e os amigos da garota ainda terão a missão de ajudá-la com seu passado.
“Amar é encontrar uma coragem dentro de si que nem sabia que existia”.
Mas o problema da protagonista não é somente passar as detenções ao lado de Arthur, seu ex, Lucas, está de volta ao colégio e insiste permanentemente em se aproximar dela.
“Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido.”
A relação dos dois no começo é bem conturbada, mas com a convivência, fica mais estabilizada e aos poucos Luíza percebe que Arthur pode ser um grande companheiro. No começo da trama não sabemos o motivo de Luiza ser uma pessoa avessa ao amor. Achei-a muito irritante e não entendia o porquê dela tratar o Arthur daquela maneira (afinal o garoto é um príncipe!). Mas, depois de descobrir o que realmente aconteceu, comecei entende-la um pouco (apesar de que acho que a chatice dela superava até mesmo os fatos). A protagonista sofre uma mudança no final da trama que apreciei bastante.
Encontrei pequenos erros de revisão que não atrapalhou em nada a leitura. A capa é bonita e gostei da fonte usada. Achei a escrita de Beatriz bem objetiva e fluÍda. Senti falta de detalhes mais ricos, como características dos personagens, descrição dos ambientes e mais informações devido aos saltos dados no tempo, pois ficaram muitas questões no ar, e às vezes achei que essa falta comprometeu um pouco o entendimento de algumas situações da trama.
Tive uma impressão do livro diferente da que eu esperava somente lendo a sinopse, digamos que eu esperava um pouco mais. Mas, tirando esses detalhes, posso dizer que gostei da história. Parabenizo a editora e a autora pela obra delicada. Recomendo a leitura para todos que gostam de um bom romance e até mesmo para aqueles que não gostam tanto do gênero, O outro lado da memória é uma boa escolha, uma história de amor bonita e pura.
“Passamos por coisas na vida em que achamos que tudo está perdido e que nada mais nos fará feliz, nada mais nos fará bem. Mas, com o tempo, percebemos que todo problema tem uma solução, e que a nossa força de vontade também conta muito. Querer sair do lugar de acomodação e procurar a felicidade novamente é uma das melhores formas para encontrá-la.”
site: http://www.escrevarte.com.br/2016/10/resenha-o-outro-lado-da-memoria-de-beatriz-cortes-novo-seculo.html