Lys Coimbra 10/06/2015Você só consegue afetar quem tem consciência."Você só consegue afetar quem tem consciência. Só pode punir quem tem esperanças a serem frustradas ou laços a serem cortados; quem se preocupa com a opinião dos outros. Você, na verdade, só consegue punir quem já é um pouquinho bom."
Há muito "Precisamos falar sobre o Kevin" estava na minha lista de leitura e, embora soubesse que o livro fala sobre distúrbios psíquicos e uma grande tragédia, não imaginava que fosse tão forte.
O início da leitura pode parecer desestimulante, já que todo o livro é contado através das cartas que Eva, mãe de Kevin, escreve ao marido.
Essa 'narrativa' envolve todo o seu relacionamento com Franklin, mesmo o período anterior ao nascimento de Kevin, e o que pode parecer inicialmente desinteressante torna o enredo mais completo, mais fascinante.
O livro consegue ser extremamente pesado, lúgubre e tenso, mas também rico e fantástico.
A autora conseguiu contar uma estória incrível, de maneira extremamente verossímil e intensa. Foi capaz de despertar empatia (ora por Kevin, ora por Eva) e profundas reflexões acerca da maternidade, das relações familiares e de muitos outros elementos formadores de uma tragédia anunciada.
Esse quadro talvez seja mais comum do que possamos perceber, já que (graças a Deus!), nem todas as mães desajustadas dão à luz um psicopata e nem todos os psicopatas promovem matanças na escola.
A maneira como se desenvolve o enredo, a escolha da forma da narrativa conseguiu desnudar as personagens e expor cada angústia, cada incerteza, cada sentimento.
Enfim, ao mesmo tempo em que há muito a dizer, isso parece reduzir a grandeza da obra, que é forte, pesada, intensa, mas é um grande livro!