Luiza - @oluniverso 26/06/2015Resenha originalmente publicada no blog Choque Literário.Galera, hoje trouxe para vocês a resenha de um livro mais pesadinho, sobre uma parte muito importante da história do Brasil. Para quem não sabe, em 1968 ocorria aqui a Ditadura Militar (1964-1985). Apesar de ela ter durado vinte e um anos, o livro é exclusivamente sobre o ano de 1968. É importante destacar que para aproveitar o livro e entendê-lo bem, você terá que ter o mínimo de conhecimento sobre o período.
Talvez, a sacada mais legal da obra seja a importância que o autor deu para os movimentos estudantis que ocorriam.
"A conta nunca foi feita, mas é provável que os estudantes inscritos nas escolas e faculdades brasileiras de 66 a 68 tenham passado mais tempo na rua do que nas salas de aula. Somado o tempo gasto nas assembleias com as horas despendidas nas passeatas, os estudantes daquela época devem ter tido pouca disponibilidade para estudar."
Inclusive, o assassinato de um estudante foi o que fez a população abrir os olhos para o que estava realmente acontecendo (e a própria missa de sétimo dia dele).
"Aquele sol tremendo e as pessoas chegando sem parar, com flores, rosários: crianças de escolas primárias, freiras, madres, padres, alunos de colégios, professoras levando turmas, pessoas inclusive de direita. Crianças de 7, 8 anos, ao lado de mães, velhos, donas-de-casa se exprimindo politicamente pela primeira vez. Parecia que havia uma grande articulação e não era nada disso. Uma coisa contraditória esse enterro: uma manifestação impotente, cheia de vida. Foi comovente."
Automaticamente, o leitor fica sabendo o quanto os estudantes sofreram, seja por meio da prisão, tortura, pancada e repressão, por não ficarem quietos.
Também são narrados ao longo do livro eventos cruciais do ano, como a Passeata dos 100 Mil, uma reunião dos estudantes em Ibiúna e depois relatos do que aconteceu com eles e com o casal que cedeu o espaço para ela (havia muita gente infiltrada no meio dos estudantes, inclusive da CIA). O autor ainda dedica um capitulo (e mais um pouco) para contar sobre a repressão que os atores de teatro e artistas de música sofriam.
Dentre outros acontecimentos importantes, o último deles é o decreto do AI-5 (ato considerado um golpe dentro do Golpe) e ainda um pouco do que houve por trás da aprovação dele, que instaurava e formalizava a censura.
"As precauções de Beltrão não levavam em consideração que o AI-5 estava sendo editado não para proteger inocentes, mas para transformá-los em suspeitos ou culpados."
Confesso que demorei um pouco para pegar o ritmo da leitura, mas isso ocorreu porque no início o autor apresentou fatos e informações que eu não dominava tanto, então tinha que refletir muito a respeito. Já do meio para o final foi mais fácil. O Zuenir não é imparcial e muitas vezes usa a ironia para mostrar sua indignação; mesmo assim, nos mostra os dois lados da história.
"A história do ano acaba aqui. Na verdade, era apenas o começo. 1968 entrava para a História, senão como exemplo, pelo menos como lição."
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