Vitoria.Milliole 10/02/2023
Kelsier é um Nascido das Brumas. Mas, além disso, também é o Sobrevivente de Hathsin, título que o coloca quase como uma lenda no Império Final. E, bom, agora ele também é o líder de uma Revolução.
O Império Final é um cenário decadente. Desde a suspeita ascensão do Senhor Soberano, um homem poderoso e supostamente imortal que se denomina um deus, a sociedade é dividida entre a nobreza e os skaa, um povo que mataria por um pedaço de pão. Um povo que tem suas mulheres tomadas, usadas para fins sexuais e assassinadas pelos nobres para evitar o nascimento de mestiços que não seriam gerados se não fossem os próprios nobres. E, entre esse povo marginalizado, temos Vin, uma das protagonistas. Uma menina desconfiada de tudo e todos, que vive nas sombras e acha que pode ser traída ou abandonada a qualquer momento. Curiosamente, ela é uma skaa Nascida das Brumas, uma mestiça escondida pelo Império. E, ao ser descoberta por Kelsier, ela é recrutada pra sua gangue de ladrões.
O objetivo de Kelsier é derrubar o Senhor Soberano, um plano um tanto ousado pra se ter contra um deus. É tudo pensado nos mínimos detalhes, com uma trama política muito bem amarrada. Ele reúne exercícios de soldados skaa revoltados, além de infiltrar alguns dos seus ? inclusive Vin ? entre a nobreza.
O sistema de magia é muito bem definido: se chama Alomancia, baseado em dez metais onde o ato de "queimar" cada um traz um tipo de poder diferente. Diferente da maioria, Brandon Sanderson apresenta as consequências e limitações de cada poder, o que deixa tudo mais dinâmico e verossímil, já que poderes não podem ser tirados da cartola e nem usados pra qualquer arranhão.
Os personagens são muito bem desenvolvidos: Kelsier que, tão machucado pelo seu passado, consegue usar sua mágoa como combustível; Sazed, o terrisano eunuco que coleciona lendas e religiões; Elend, o nobre rebelde que tem uma queda pela filosofia; e, principalmente, Vin, uma menina traumatizada, amedrontada e desconfiada que vê na gangue, pela primeira vez, pessoas a quem pode chamar de amigos e que vai, pouco a pouco, se transformando em líder.
Os planos da gangue nem sempre saem como o planejado. Na verdade, quase nunca saem, o que também é interessante de se ver. O Kelsier é um dos melhores líderes que eu já tive o prazer de ler. Ele é completamente maluco, cego pelo ódio e dono de um carisma sem igual. Mesmo com um plano que claramente é quase um suicídio, ele consegue milhares de apoiadores. Não apenas apoiadores, mas seguidores.
Os capítulos finais são de arrepiar. É quando acontecem as melhores batalhas, os melhores diálogos, as melhores reviravoltas. Mas, ao chegar no último capítulo, fica clara uma coisa: a história só está começando. E eu não vejo a hora de ler os próximos livros da série.
"? Eu o matei uma vez ? O Senhor Soberano disse, voltando-se para Kelsier.
? Você tentou ? Kelsier respondeu, com voz alta e firme, ouvida em toda a praça. ? Mas não pode me matar, Lorde Tirano. Represento o que você nunca foi capaz de matar, não importa o quanto tente. Eu sou a esperança."