Flávia Menezes 12/12/2022
???? EU FICO COM A PUREZA DA RESPOSTA DAS CRIANÇAS...
?As Aventuras de Huckleberry Finn?, é um livro que foi planejado por um período de sete anos, e foi considerado como ?O Maior Romance Americano?, escrito pelo escritor, humorista estadunidense crítico do racismo Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido pelo seu pseudônimo Mark Twain, tendo sido publicado em 1885.
Foi ao experimentar uma carreira no jornalismo, e após escrever o conto humorístico ?The Celebrated Jumping Frog of Calaveras? que Mark Twain alcançou sua popularidade, atraindo para si a atenção nacional, e através dos seus diários de viagem, que também foram lançados posteriormente com grande sucesso, o escritor encontrou sua aptidão.
Mark Twain ainda teve muito êxito como palestrante, e com seu raciocínio perspicaz e suas sátiras taxativas, foi enaltecido pelos críticos, e laureado como o ?maior humorista americano de sua época?.
Um dos seus críticos foi o grande escritor Ernest Hemingway, que acreditava que ?toda a literatura americana moderna se origina de um livro escrito por Mark Twain, chamado Huckleberry Finn (...). Não havia nada antes. Não houve nada tão bom desde então?. Ele ainda foi considerado como o ?pai da literatura americana? pelo aclamado escritor William Faulkner. E quando lemos esse livro, entendemos bem o porquê de todo esse sucesso e enaltecimento.
Muito embora esse seja um livro infanto-juvenil, seu enredo é tão cheio de aventuras, e seu protagonista é tão cativante, que é impossível não se entusiasmar com a leitura, mesmo que já tenhamos passado uns bons anos da idade indicada. Afinal, não existe nenhuma restrição de idade máxima para se divertir, não é mesmo?
O que mais me encanta ao ler Mark Twain, é ver como ele tem essa narrativa que descreve com tamanha exatidão a pureza da alma infantil. E combinada com esse tempo em que não existiam celulares, ou mesmo televisores para tomar a atenção das crianças, a quantidade de aventuras que o Huckleberry vive é algo impressionante, e ficamos naquela expectativa para o que vai acontecer a seguir, que chega a ser impossível não querer devorar essa história.
Huckleberry Finn foi um personagem criado para ser o companheiro de aventuras de Tom Sawyer, mas acabou ganhando um livro somente para si, tamanho o seu carisma. E como é tocante a forma como o autor traz a figura do seu primeiro grande protagonista (Tom Sawyer), concedendo a ele esse lugar de destaque que lhe é devido. É como se a figura de Tom tivesse essa autoridade sobre qualquer outro protagonista já criado por Mark Twain. E a forma como Huckleberry se porta com tanto respeito diante dele é algo tão bonito, e que facilmente nos fascina e nos faz estabelecer um vínculo com os dois na mesma medida.
Huckleberry é um menino simples, que quando é apresentado até nos faz lembrar do personagem do seriado mexicano ?Chaves?, de Roberto Gómez Bolaños, porque ambos costumavam dormir em um barril. Aliás, essa é uma analogia perfeita a se fazer, porque ambos possuem essa alma tão pura das crianças. Sem contar que, muito embora suas histórias de vida sejam marcadas pelo abandono, pela rejeição e maus tratos, esses meninos (Huck e Chaves) nunca se deixam amargurar pelos infortúnios da vida, nos contagiando com toda a sua empatia e alegria, nos fazendo rir com essa sua inteligência travessa de quem sabe muito bem como se livrar das maiores enrascadas.
Não estou dizendo aqui que seja algo ao estilo ?Poliana de ser?. Não é como se ele (Huckleberry) tentasse tirar algo bom das coisas ruins, porque de fato não é o que ele faz. Mas quando olho para seu jeito de ver a vida, vejo um menino que não tem expectativas. Ele só deixa a vida acontecer, e vai se divertindo com o que a vida lhe presenteia. Não é algo bonito de ver? Tão desprendido, tão puro, e até evoluído?
Afinal, não é isso o que dizem? Que são as nossas expectativas que tornam a nossa vida mais difícil, porque não conseguimos ser felizes no presente, e tudo por estarmos sempre desejando algo que ainda não aconteceu? Ou querendo voltar para um tempo que nunca mais voltará? É exatamente isso o que o Huckleberry não faz. Nem ele e nem Tom Sawyer. Eles estão sempre buscando por aventuras no presente, e se divertindo com o que de bom a vida lhes dá.
E isso é tão gostoso de ler, pois torna a leitura tão mais leve, que você nem sequer percebe o tempo passar. E não é isso o que muitas vezes precisamos? Mergulhar em aventuras que tirem um pouco a nossa cabeça dos momentos difíceis que aparecem na vida? Ainda mais com essa energia infantil que não tem maldade, e é só amor e oferta de carinho, sem nada pedir em troca. Seria tão bom se guardássemos isso para a vida toda, não é mesmo?
Para mim, Mark Twain é mesmo esse mestre do gênero infanto-juvenil, e suas histórias, embora falem de um tempo tão distante dos nossos tempos modernos, nos faz perceber que para sermos verdadeiramente felizes, não precisamos de luxo nem de riquezas. De fato, precisamos mesmo é de muito pouco.