A guerra do fim do mundo

A guerra do fim do mundo Mario Vargas Llosa




Resenhas - A Guerra do Fim do Mundo


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Filipe 03/02/2013

Os Sertões de Vargas Llosa
Após ler Os Sertões de Euclides da Cunha, o grande escritor peruano Mário Vargas Llosa ficou de tal maneira impressionado, que acabou por embrenhar-se, ele mesmo, pelas veredas do sertão brasileiro. Fruto das infinitas horas de pesquisa em bibliotecas e, inclusive, de viagens ao Brasil para ver Canudos de perto, eis que nasce A Guerra do Fim do Mundo.

Mal pude acreditar ao descobrir que uma obra que se impõe com tamanha audácia pudesse contar trinta anos. Sua relevância é absoluta e serve apenas para atestar a maestria da mão que a trouxe à luz.

Dialogando constantemente com a obra canônica de Euclides da Cunha, A Guerra do Fim do Mundo aborda o mais sangrento conflito político da história do Brasil a partir de uma perspectiva literária. E o resultado não poderia ser outro: o livro nos desnuda o caos, a violência, a miséria e, acima de tudo, a ignorância - dos sertanejos, dos militares, dos políticos, dos intelectuais, de todos os brasileiros em entender o que foi Canudos. 

Finda a leitura, não sei o que me impressiona mais: se o realismo das batalhas, que se desenrolam numa sofreguidão e dinamismo cinematográficos; se a vivacidade e cor com que Llosa delinea seus personagens, tão memoráveis e assustadoramente brasileiros; se a narrativa multifacetada, sinuosa, que ora nos conduz pela senda política, ora nos abandona no sertão, em companhia dos obstinados e inescrutáveis sertanejos, para em seguida resgatar-nos e levar-nos de volta ao ponto de partida e destino final: à terra santa, mística, espartana de Antônio Conselheiro e seus apóstolos. 

Talvez o que de fato mais me impressiou tenha sido a sagacidade do autor ao apresentar-nos um Euclides míope, frágil, excêntrico. O jornalista aspirante que se lançou a Canudos com o nobre intuito de oferecer um relato apurado acerca do fenômeno que tanto atemorizava todo o país é incapaz de compreender o que viu. Apesar de ter estado lá, na guerra, na poeira, no sangue, o Euclides de Llosa é incapaz de explicar Canudos. Quebraram-se-lhe os óculos a meio caminho e, cego, ele passa a tatear na escuridão o desenrolar da guerra, tentando tão-somente sobreviver, a fim de poder contar não o que viu, mas o que ouviu, sentiu, sofreu. Pois ao ler A Guerra do Fim do Mundo, pude eu também sentir no rosto o calor das chamas que engolfaram o sertão baiano e clamaram tantas vidas. E tal qual o jornalista míope, ao fim da jornada, também eu não tenho palavras para contar o que vi. A guerra em Canudos retém, ainda hoje, aquele ar dúbio de mito - foi absurda demais para ser verdade, e por demais absurda para não o ser.
fsamanta (@sam_leitora) 02/02/2013minha estante
uau, ótima resenha! fiquei com vontade de ler.


Luiza 24/03/2014minha estante
Parabéns pela ótima resenha! Foi ótimo ler seus comentários sobre o livro - eu já estava interessada nesta obra quando estava lendo o início de OS SERTÕES, mas agora vou correndo me debruçar na história escrita por Vargas Llosa, pois esta deve ser muitíssimo mais envolvente! :-)


Ale 22/01/2017minha estante
Meus parabéns pela resenha.


Camis 20/04/2018minha estante
Engraçado que eu nunca quis ler Os Sertões porque sinto por esta obra um grande desprezo por ser ela, para mim, uma afronta ao povo sertanejo e à memória de Antônio Conselheiro. Agradeço-lhe pela excelente resenha e aproveito para indicar-lhe a leitura dos 2 volumes de Antônio Conselheiro por ele mesmo, os quais encontro-me a ler. Após terminá-los pretendo ler A guerra do fim do mundo.


Lilly 11/01/2021minha estante
Grandioso, surpreendente, trágico!! Eu ignorava que na história brasileira pessoas já tivessem se batido com tanta coragem para defender um ponto de vista, um modo de vida.


Leonardo.Moura 16/04/2021minha estante
Kepler, parabéns pela resenha!! Só gostaria de acrescentar que estamos falando de um Prêmio Nobel de literatura e de um jornalista, em nenhum momento estou desmerecendo Euclides da Cunha, pelo contrário, fez uma magnífica obra. No entanto, na orquestra da ?pena?, Vargas Llosa, consegue calibrar melhor toda composição literária (em função de toda sua bagagem). Dito isto, acredito que devemos analisar ambas com estes filtros. Belíssimas obras ????


Khadija.Slemen 20/01/2024minha estante
Obrigada pela sua resenha, esclarecedora e permitindo que a gente possa ter contato com o conteúdo do livro. Começo a ler hoje




Luis 02/11/2013

Quando um grande narrador encontra uma história imortal.
Ao fim das quase 800 páginas de “A Guerra do Fim do Mundo”, a sensação que me invade, embora para muitos soe como um sacrilégio, é a de que o grande mérito de “Os Sertões” foi ter inspirado Mário Vargas Llosa a recriar a magistral saga de Canudos.
Um comentário de poucas e pobres linhas como esse, é literalmente incapaz de dar conta, ainda que resumidamente, da grande realização do genial autor peruano, seguramente, o maior ficcionista vivo do planeta.
Partindo do impacto profundo que lhe provocou a leitura de Euclides da Cunha, em 1972, Vargas Llosa decide pesquisar a fundo o episódio e dar a sua versão da aventura de Antônio Conselheiro e seus seguidores em uma narrativa tão rica quanto fluente, dando asas à sua vocação quase sobrenatural de contador de histórias.
Chama a atenção não só a reconstrução dos chamados “personagens reais” no qual se destacam o próprio Conselheiro e um dramático Coronel Moreira César, como o elenco de figuras criadas pelo autor que conduzem o romance sobre vários pontos de vistas diferentes : Os jagunços que tocados pela mensagem do divino, desviam sua trajetória em 180° para defender Canudos a todo custo, Pajeú, João Abade (ex- João Satâ), o ex escravo João Grande. As figuras excêntricas ou renegadas que foram adotadas pelo Conselheiro, o Beatinho, o disforme Leão de Natuba, a filicida Maria, que em Canudos vira a “mãe dos homens” e em especial do Leão, e até um padre que, ignorando a posição da Igreja oficial, substitui a autoridade papal pela palavra que emana do líder dos sertões baianos.
Llosa dá vida também a Galileo Gall, um escocês errante e idealista que vê em Canudos a possibilidade real da revolução sonhada , ainda que inconsciente, dos oprimidos sobre os opressores. A fragorosa batalha entre carne e espírito (vencida pela primeira) que atormenta o forasteiro, sozinha já daria um grande romance. Candidato fortíssimo a personagem maior da narrativa.
Há espaço ainda para a inserção de figuras líricas como os membros do Circo do Cigano, personificação das atrações mambembes que rodam o Brasil desde tempos imemoriais. Composto por uma mulher barbada, por um alienado que faz às vezes de homem elástico e por um anão contador de causos, além do próprio Cigano, o desmonte progressivo e a decadência do Circo fazem um paralelo à derrocada de Canudos, palco final da atração.
Mas Mário Vargas Llosa não se contenta só em nos enviar notícias do front, as querelas e implicações políticas entre Monarquistas e Republicanos, que tentam fazer de Canudos uma bandeira pró ou contra seus interesses de bastidores, nos legam alguns dos melhores momentos de “A Guerra do Fim do Mundo”. O universo do jornalismo servindo de fantoche à esfera política, ilustrados pelas figuras aparentemente antagônicas de Epaminondas Gonçalves e do Barão de Canabrava, dá a dimensão exata da extensão e compreensão do tema por parte do ganhador do Nobel de 2010.
Desse núcleo sai ainda o personagem alter ego do autor. O jornalista míope, tímido, desajeitado, anônimo, vivendo de colocar seu intelecto e sua pena a serviço de causas que não são as suas, de repente, de mero espectador distanciado dos acontecimentos, se descobre parte integrante da poeira do sertão, compartilhando das mesmas misérias que afligem aquela gente, através da qual terá a sua ansiada redenção, redenção da carne (a mesma que derrotou Galileo Gal) e da alma.
Os grandes romances são assim : nós levam à impressões múltiplas que podem ser subvertidas a cada releitura. O fato é que se aventurar pelas páginas de “A Guerra do Fim do Mundo” não deixará o leitor imune, mesmo aqueles habituados aos mares revoltos que, um dia, foram sertões.

Renata CCS 05/11/2013minha estante
Depois desta resenha apaixonante, como não ler esta obra?


Luis 02/01/2014minha estante
Obrigado Renata. Um abraço.


VICKY 22/01/2014minha estante
Excelente resenha! Deu até vontade de reler esta obra.


Ren@t@ 23/01/2014minha estante
Eu tb adorei este livro. Maravilhoso!


Luis 15/02/2014minha estante
Obrigado pelos comentários. R&n@t@ e Vicky. Abraços.


Luiza 24/03/2014minha estante
Foi ótimo ler sua resenha - eu já estava interessada neste livro, quando estava lendo o início de OS SERTÕES, mas agora vou correndo me debruçar na obra de Vargas Llosa, pois esta deve ser muitíssimo mais envolvente!




Pedro Nabuco 01/07/2020

A poesia absurda da guerra
Terminei há algum tempo a leitura dessa estória maravilhosa, mas só agora calhou-me escrever uma resenha. Llosa conta a história da guerra de canudos recriando um sertão que: se por um lado é romantizado, por outro é lido social e politicamente de forma bastante perspicaz.
Em sua tese de doutorado em história, Durval Muniz, faz uma genealogia da criação do Nordeste, não só enquanto espaço geográfico, mas principalmente como entidade discursiva. A região do atraso, dos humilhados, dos brutos, dos avessos a modernidade é uma invenção. Um discurso que se sobrepõe, ou é sobreposto por forças políticas e econômicas, a outros tantos possíveis e quiçá mais verdadeiros.
Ou como canta Belchior, em 'Conheço Meu Lugar': "nordeste é uma ficção, nordeste nunca houve".
E é este Nordeste que o peruano nos conta, o inventado e sonhado. O pano de fundo de sua narrativa, e grande protagonista do livro, é um evento real. O maior conflito armado do nascimento da República brasileira.
Toda obra é marcada por um confronto latente entre a realidade e a ficção. Dois dos principais personagens, bem o exemplificam:
Um escocês idealista que vê em Canudos o florescer da revolução humana contra seus grandes opressores. Assim, acredita que ele, como revolucionário que é, tem como missão ajudar os sertanejos na guerra contra o exército republicano a todo custo. Mesmo mal conseguindo entender e ser entendido ao conversar com os sertanejos, Galileo Gall acredita firmemente que o religioso povo do Conselheiro é o gérmen da realização de todos os projetos progressistas, os quais passou boa parte da vida lendo e depois a escrever.
Doutra parte há uma outra espécie de idealista, um coronel do exército. Condecorado por bravura ao esmagar de modo implacável outras revoltas contra a República. Coronel Moreira César vai a Canudos firme de que destruirá a resistência dos monarquistas brasileiros, em conluio com os ingleses, aos avanços gloriosos que a República trazia. Ao chegar numa das regiões mais áridas do país e se deparar com a sorte a que estão lançados muitos brasileiros o coronel se consterna e verdadeiramente sofre pelo seu povo. Aqueles miseráveis e esquecidos estariam realmente sendo financiados pela coroa britânica para se revoltar contra a República? As coisas se tornam menos simples do que pareciam, todavia, para famigerado Corta Cabeças não há hesitações em cumprir seu propósito republicano e jacobino.
Dois personagens contraditórios e apaixonados, que Llosa usa para demonstrar como as certezas cultivadas pelos homens são incapazes de dar conta da realidade.
Pelo fato de o Conselheiro ser contra a separação entre Igreja e Estado, acreditava que a República era o anticristo, assim, instituiu em Canudos o casamento civil e não aceitava utilizar o dinheiro republicano, Gall enxergava ali uma comunidade que se libertava das amarras do Estado para se guiar por seus próprios desígnios. E ele não estava de todo errado, porém passava longe de acertar.
Também Moreira César, que acreditava estar contendo a maior das investidas dos monarquistas contra a recém fundada República, acreditando inclusive na participação de Gall como um agente infiltrado da coroa britânica, sem perceber que a narrativa que ele comprara como uma rebelião organizada fora inventada por políticos baianos do partido republicano que, com a vinda do exército ao estado buscava enfraquecer os políticos monarquistas da Bahia.
Há outros personagens, como o Barão de Canabrava, político monarquista e grande dono de terras, que em vez de buscarem em Canudos a projeção de seus ideais, se interrogam diante de seu absurdo. Como milhares de pessoas abandonaram suas casas para seguir um louco que anda a pregar pelos sertões? Tolice cogitar que se trate de um santo, mas que poderes terá para manter esse povo unido após o ataque de duas expedições do exército? Difícil compreender.
Que significou a guerra de Canudos, então? Llosa não responde, pois a explicação, ao fim das contas, é impossível. O nobel de literatura então pinta em palavras um grande quadro do absurdo da guerra, e como Camus nos ensina, a tragédia do absurdo não está somente na dor, na doença e na morte, mas sobretudo, que nesse mundo condenado também sobreviva a beleza, a honra, a glória, a comunhão entre os que lutam juntos.

"Esse bichinho do campo, esse ser rústico que só podia ter trocado para pior desde que saiu dos aposentos de Estela, tinha estado misturado, também, ao destino do homem que tinha à frente. Porque o jornalista havia dito, literalmente, essas inconcebíveis palavras: “Mas, justamente, quando começou a desfazer o mundo e foi o apogeu do horror, eu, embora lhe pareça mentira, comecei a ser feliz”. Outra vez se apoderou do Barão essa sensação de irrealidade, de sonho, de ficção, em que estava acostumado a precipitá-lo Canudos. Essas casualidades, coincidências e associações o punham sobre brasas. Sabia o jornalista que Galileo Gall tinha violado a Jurema? Não o perguntou, ficou perplexo pensando nas estranhas geografias do azar, nessa ordem clandestina, nessa inescrutável lei da história dos povos e dos indivíduos que aproximava, afastava, inimizava e aliava caprichosamente a uns e a outros." (pág. 625)
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Debora 22/02/2022

Uma abordagem ficcional, porém com um fundo histórico, da Guerra de Canudos
Mais de um século depois ainda é difícil entender o que foi Canudos. Contudo, seja o que tenha sido, o que não podemos deixar de lado é a violência do Estado brasileiro para exterminar esta população pobre e sempre tão marginalizada que se reuniu numa região erma do Nordeste.
Segundo levantamento do próprio exército, mais de 30.000 pessoas viviam ali, tendo na figura de Antonio Conselheiro uma representação de Deus na terra, um alento para suas vidas.
Vargas Llosa, neste livro, reconstrói -e também inventa - a história de algumas figuras reais que rumaram para Canudos, por motivos diversos, e inventa totalmente personagens para dar sentido à história. Na 1a parte do livro vamos nos aproximando de cada um.
Uma leitura rica, em que eu nunca soube muito bem o que era real e fictício, mas tudo bem, porque eu não estava estudando para uma tese e, sim, junto com o autor, tentando entender o que aconteceu ali.
Uma coisa que fica clara pra mim - e já tinha ficado quando li Os Sertões - é que, seja lá o que aconteceu, nada, NADA, justifica a violência do estado contra aquela população, que foi exterminada enquanto núcleo.
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Leo Farias 11/02/2023

Inspirado por Sertões de Euclides da Cunha, Vargas Llosa decidiu escrever esse livro, esse relato, na intenção de exemplificar através desse evento a própria América Latina.
A história de uma gente pobre que decidiu viver em uma comunidade baseada na fé e amor ao próximo e que foi arrasada por se negar a pagar pelo que não recebia, sendo que muitos eram ex-escravos ou filhos de escravos.
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GilbertoOrtegaJr 03/11/2012

A Guerra do Fim do Mundo – Mario Vargas Llosa

Em uma entrevista ao programa umas palavras Mario disse que o livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, lhe impressionou muito, pois falava de dois temas muito presente na história da América Latina o fanatismo e a violência, daí surgiu sua idéia de escrever um romance sobre a guerra de Canudos.
Não é difícil constatar que as duas coisas (fanatismo e violência) estão realmente ligadas à história da América Latina, como exemplo de violência pode se lembrar das violentas guerras civis que estiveram presentes em grande parte dos paises do continente ou mesmo a sua colonização que foi de forma violenta. Já sobre o fanatismo um exemplo disto é a devoção exagerada do qual é alvo os líderes da América latina tal como foi Evita Perón ou Che Guevara.
A escrita do livro A Guerra do Fim do Mundo foi iniciada em 1977, cinco anos após Mario ter lido o livro Os Sertões, ele pesquisou em vários lugares, e somente concluiu o livro em 1980 e publicou em 1982, na época a crítica ficou chocada com o livro, de forma positiva, pois nos livros anteriores (Pantaleão e as Visitadoras, e Tia Julia e o escrevinhador) Mario só tinha usado como base suas Vivências e pessoas que ele conhecia para inspirar seus personagens, mas em A Guerra do Fim do Mundo ele não somente fez uma pesquisa exaustiva como também baseou em Euclides da Cunha para criar um dos principais personagens do livro. Em determinado momento da história seus óculos se quebram e nada mais é percebido de forma nítida pelo personagem e passamos a ver a história como uma lente embaçada, o que exige que um exercício o maior de percepção por parte do leitor.
Entre os outros personagens se destacam Galileu Gall (uma espécie de anarquista), Jurema, que ao ser estuprado por Gall decide segui-lo, e o jornalista que apesar de sem nome é apontado como sendo Euclides da Cunha, devido a suas semelhanças.
Posteriormente ao retornar para sua casa, e não encontrar sua mulher.
O marido de Jurema também passará a seguir em busca de Gall.
Juntamente com Antônio Conselheiro se reúne outros personagens que tinham no sertão uma fama de místicos ou alguns rejeitados da sociedade, como o Leão de Natuba, que nasceu deformado e só consegue andar com uma quadrúpede que ao lado de Conselheiro ganham uma acolhida de sem nenhum preconceito.
A guerra do fim do mundo ganha forma como uma epopéia e cria em torno da história de Conselheiro uma narrativa sólida e totalmente aproveitada, o que realmente aconteceu em Canudos ganha traço nítidos sem com isso fazer perder o encanto e fascínio.
Eu que não gostava muito de livros de guerras peguei este com certo receio, mas em poucos momentos realmente se fala da guerra só na parte em que isso se faz indispensável e ela não é mostrada como alguma coisa exótica mas sim de forma simples e clara .
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@ALeituradeHoje 27/07/2020

História do Brasil
Muito bom ler a história do Brasil pelo olhar de um escritor estrangeiro. Nossa história é rica e infelizmente sinto que pouco valorizada. Canudos foi a esperança despedaçada pela cobiça e ganancia da velha politica. Aquela que o tempo passa e ela acaba. Aquela que a gente vê ainda hoje. Aquele política que não muda. Nunca.
Triste demais.
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marilia p. 18/01/2024minha estante
ótima resenha!


aline203 18/01/2024minha estante
Obrigada!




Valéria Ribeiro 08/11/2024

Excepcional!
“A Guerra do Fim do Mundo”, um épico latino-americano, é considerado um dos livros mais importantes do escritor peruano Mário Vargas Llosa, publicado em 1981. Esta edição da Alfaguara possui 608 páginas.

Admirado com a leitura de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, o autor se embrenhou em arquivos históricos no Rio de Janeiro e em Salvador, viajou pelo sertão da Bahia e de Sergipe e criou essa obra excepcional que nos envolve desde o primeiro capítulo.

Com uma narrativa não linear, reverberando a voz de diversas personagens, o livro é dividido em quatro partes, contendo, cada uma, entre três e sete capítulos. Dessa forma, Vargas Llosa reconta de forma magistral o conflito ocorrido no sertão da Bahia que envolveu o exército brasileiro e a comunidade de Belo Monte, conhecido na história como a Guerra de Canudos, ocorrida no final do século XIX durante a presidência de Prudente de Morais.

O cenário natural é a caatinga com toda a sua beleza inóspita e com a toda a sua aridez.
Percorremos caminhos pontudos com cactos, pedras, poeira, sol inclemente que por vezes é inundado por chuvas torrenciais. O cenário político é o da recém proclamada República e da também recente abolição da escravatura. Fatos que pouco ou nada alteraram a situação de pobreza e abandono da população do interior baiano.

É nesse panorama que o autor nos leva a conhecer as principais personagens dessa narrativa. Antônio Conselheiro, religioso, místico e carismático, percorre os sertões com o objetivo de pregar a fé católica e restaurar igrejas e cemitérios abandonados. Nessas andanças vão se juntando à sua comitiva aqueles que virão a ser seus principais líderes: Beatinho, Maria Quadrado, João Abade, João Grande, Leão de Natuba, Pajeú, Antônio e Honório Vilanova. São eles jagunços, fratricidas, filicidas, comerciantes, mártires, artistas circenses, toda uma gama de seres marginalizados que se deparam com o Conselheiro e passam a viver com ele em Canudos.

Além deles, somos apresentados à elite baiana formada por políticos monarquistas e republicanos, chefes políticos, destacando-se o monarquista Barão de Canabrava e o republicano Epaminondas Gonçalves, bem como ao revolucionário escocês Galileo Gall e ao indiscreto e míope jornalista que não tem seu nome revelado. Todos eles são importantes para a narrativa.

Assim, mesclando personagens reais e fictícias, Llosa tece o enredo dessa história na qual vemos o desenrolar da guerra e de como uma comunidade formada por desvalidos tornou-se uma questão nacional, exigindo a intervenção do exército e protagonizando um dos maiores massacres de nossa história.

Somos levados para o centro do conflito, para a resistência obstinada dos jagunços, para os ataques sempre mais violentos. Entendemos o que move cada um dos lados dessa guerra que, no limite podemos chamar de fanatismo mesmo que esteja fantasiado de fé, de patriotismo, de ideias revolucionárias, bem como observamos o desmoronar de estilos de vida, de esperanças.

“A Guerra do Fim do Mundo” tornou-se um dos melhores livros que li (não apenas neste ano) em decorrência da força de seu texto, da precisão histórica, da riqueza da construção dos eventos, da complexidade das personagens e do impacto que sua leitura me causou.

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, (Arequipa, 28 de março de 1936) é escritor, político, jornalista, ensaísta e professor universitário peruano. Vargas Llosa é um dos romancistas e ensaístas mais importantes da América Latina e um dos principais escritores de sua geração, tendo sido agraciado pelo Nobel de Literatura em 2010. Alguns críticos consideram que ele teve um impacto internacional e uma audiência mundial maior do que qualquer outro escritor do boom latino-americano.
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Vitoria 21/05/2022

Desejosa de conhecer a história de Canudos, desviei da leitura de Os Sertões e embarquei na Guerra do Fim do Mundo, na esperança de que a narrativa fosse mais interessante. Claramente não me enganei.

Vargas Llosa foi brilhante, intercalando narradores para que a leitura mostrasse diversas nuances dessa aventura tão insólita que parece ficção. As disputas entre o governo baiano e a república, a fé inabalável e a bravura dos seguidores do Conselheiro, os revezes das tantas expedições militares: tudo isso é narrado numa riqueza de detalhes como se lá ele estivesse, numa mescla de ficção e realidade.

Galileu Gall é um personagem intrigante, que parece incorporar as próprias questões do autor sobre os movimentos revolucionários. Igualmente fascinam as trajetórias de Maria Quadrado, Pajeú, João Grande, João Abade, Leão de Natuba e tantos outros, dos quais me senti íntima ao final da leitura.

Destaque especial para o jornalista míope, representação não nomeada de Euclides da Cunha - a quem Llosa dedica o livro - retratado de forma tão caricata, mas a quem o autor reconhece o mérito de ser a pessoa que se ocupou de não deixar que a história de Belo Monte caísse no esquecimento.

Uma aula de história com a maestria de um autor que arrebatou o Nobel de Literatura, e que se debruçou com ardor na história desses recantos esquecidos no interior da Bahia.
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Marco 22/12/2021

Canudos
Aconteceram coisas extraordinárias no Brasil do século XIX.
Merece sem dúvida a leitura. A história brasileira é riquíssima.
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Lucikelly.Oliveira 20/03/2022

Guerra de Canudos como pano de fundo.
 "Pus-me a comparar aquelas coisas a máquinas humanas e a me perguntar, pela primeira vez, o que um animal de inteligência inferior pensaria de um encouraçado ou de uma máquina a vapor."
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cliffoliveira 01/07/2012

Uma grande aventura
A Guerra do Fim do mundo é uma grande aventura, só que no lugar de Hobbits, cavaleiros ou elfos, temos jagunços, soldados, gente pobre e feia.
A história de Canudos é pintada com cores fortes de personagens diversos e desafiadores, mas ao mesmo tempo reais.
Os jogos políticos, o fanatismo religioso e a desesperança de uma gente que não tem como viver é o cenário dessa trama.
Acaba-se o livro sabendo-se um pouco mais do Brasil e da alma humana, quando exposta a todo tipo de dificuldade.
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