Edson Camara 19/05/2018
Memórias de um sargento de milícias é diversão garantida
Estava procurando uma leitura leve, mas de boa qualidade, ficção, de preferencia divertida, vi uma jornalista da Globo News falando sobre este livro e decidi ler.
O livro é excelente, li em três dias, mais ou menos umas 4 horas de leitura, a história foi escrita por Manuel Antonio Almeida, medico e jornalista carioca, e publicada em forma de folhetim diário no jornal Correio Mercantil, onde este trabalhava, no seculo 19 entre 1852 e 1853.
O formato folhetim é bom porque empresta a cada capitulo uma certa independência e uma puxada para os acontecimentos futuros. Os capítulos, 52 ao todo, são rápidos, curtos e dinâmicos.
Existem dezenas de edições deste livro disponíveis no mercado, uma curiosidade, é a quantidade de paginas que varia entre 206 e 278. Esta versão que li em e-book conta com 233 páginas.
O enredo gira em torno da vida de Leonardo e inicia antes de seu nascimento quando seu pai, conhecido como Leonardo-Pataca, para diferencia-los assim informa o autor, conhece sua mãe em um navio que vinha de Poprtugal para o Brasil.
Leonardo é um anti-herói, um personagem, puramente brasileiro, e acontece de tudo em sua vida, ele também apronta muito, mas é querido por todos, principalmente pelo seu padrinho que o cria quando este é abandonado pelos pais.
O livro é cheio de passagens hilarias e não há como não torcer por Leonardo e suas aventuras.
Só tomamos conhecimento do nome do Leonardo no capitulo 4 em diante, até lá ele é conhecido como "o menino" e a explicação para o titulo do livro só chega no penúltimo capitulo.
Vale a pena investir neste romance e passar boas horas na companhia de Leonardo e seus parceiros de aventura.
O texto abaixo mostra um pouquinho do estilo de escrita da época, que neste livro, não é difícil de ler e entender. Só precisei consultar o dicionario umas três vezes.
"Os vapores que do estômago lhe tinham subido à cabeça foram-se pouco a pouco condensando, e em meio do caminho pesavam-lhe sobre o cérebro vinte arrobas; a cabeça, não se podendo manter, abandonou-se ao tronco, que, achando o peso excessivo, quis apelar para as pernas; estas porém não eram mais fortes, e, curvando-se trêmulas e bambas, deram com o valentão de ainda há pouco estirado na calçada. Os soldados não o puderam levantar, porque era, como dissemos a princípio, de uma corpulência colossal".
Memórias de um sargento de milícias é diversão garantida