Memórias de um sargento de milícias

Memórias de um sargento de milícias Manuel Antônio de Almeida




Resenhas - Memórias de um sargento de milícias


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Marina Sampaio 11/12/2017

Um doido de bom coração
Posso dizer que minha história como leitora começou com paradidáticos, o que é um pouco raro, visto que essas são leituras comumente odiadas. Eu, como não tinha muitas opções na época, acabava por me contentar com os livros da escola. Não que eu esteja reclamando, cresci mais ou menos acostumada com leituras um pouco mais difíceis e isso guiou completamente meu gosto literário. Por isso, recentemente decidi por reler (ou ler) vários dos livros brasileiros, em sua maioria paradidáticos, que eu vinha acumulando na minha estante, começando por Manuel Antônio de Almeida.

Memórias de um Sargento de Milícias, apesar de tudo que acabei de falar, era um livro que eu considerava intragável. Nunca tinha sequer passado dos beliscões e pisadelas do primeiro capítulo e tinha criado um grande bloqueio em relação ao livro. Por conta disso, quando decidi que iria ler o dito cujo até o final, resolvi que iria lê-lo como quem está começando a ler em outra língua, ou seja, sem tropeçar a cada palavra ou expressão desconhecida (vale salientar que existem muitas nesse livro). O resultado foi que em pouco tempo me acostumei com a escrita e fui gostando cada vez mais da leitura.

O livro foi inicialmente lançado como folhetim, ou seja, em capítulos publicados no jornal e, um ano depois, lançado como livro revisado pelo autor. Essa versão da Editora Globo é tal qual a história foi lançada inicialmente, pois se trata dos folhetins reunidos com notas de rodapé descrevendo os cortes e acréscimos sofridos pelo livro. Tais mudanças foram principalmente relacionadas à revisão ortográfica e autocensura, pois os folhetins, por sua efemeridade, possuíam muitas críticas que Manuel A. de Almeida achou impróprias para o caráter imortal do livro.

A história trata da vida de Leonardo desde o momento que seus pais se conheceram, com os já citados beliscões e pisadelas, até sua maturidade. Ainda menino, por conta de suas diabruras e brincadeiras, já tinha conseguido vários inimigos, mas não faltavam a ele amigos e defensores. Sua trajetória é contada de forma objetiva, quase como um documentário crítico da época, indo contra os costumes literários vigentes sentimentalistas.

Foi impossível para mim não acabar torcendo pelo bem do menino, criar simpatia pelo seu padrinho e madrinha e antipatia por todos aqueles que desejavam mal a ele, mesmo sabendo que a raiva deles era muitas vezes justificada. Isso muito tem a ver com a forma do autor de mostrar o homem como ele é, sem traçar uma linha muito clara entre o bem e o mal. Dessa forma, Leonardo não poderia ser visto como uma pessoa ruim, era um doido de bom coração.

Mesmo sendo necessário um tempo para que nossa leitura se acostume com sua escrita, é um ótimo livro e indispensável àqueles que tem interesse pela literatura nacional.
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Daniel 10/12/2017

A biografia de um malandro
O enredo conta a história do malandro Leonardo, filho de Leonardo-Pataca e Maria-das -Hortaliças, e sua vida de espertezas e travessuras até chegar ao posto de sargento de milícias.
Cronologicamente situado no Romantismo, a obra destoa da estética dominante no período ao inserir tons de sátira e crítica social, características típicas do romance picaresco e da futura Escola Realista.
É uma narrativa envolvente, bem amarrada, com fortes tons de comicidade, e que traça um retrato detalhado da sociedade carioca do início do século XIX, com suas confusões, intrigas e superstições típicas de uma realidade dividida entre o sagrado e o profano, entre a moral e o prazer.
O protagonista Leonardo, conforme definido pelo crítico Antônio Cândido em sua obra Dialética da Malandragem, foi o primeiro malandro da novelistica nacional, um anti-heroi esperto e ousado, que difere completamente do ideal do herói romântico em voga naquela época. Essa singular figura daria início a toda uma tradição de malandragem na literatura brasileira, entre os quais se incluem Macunaima, João Grilo, Pedro Malasartes e muitos outros.
Embora ainda contenha certos exageros típicos do Romantismo, como o final feliz e o amor como redenção, Memórias de um Sargento de Milícias é uma obra inovadora para seu tempo e, sem dúvida, um dos melhores romances de nossa literatura.
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Sara Muniz 08/12/2017

Resenha - Memórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milícias, foi escritor por Manuel Antônio de Almeida e publicado inicialmente entre 1852 e 1853 em formato de folhetins para o jornal Correio Mercantil. Primeiramente, a história era assinada por um "autor desconhecido", após a publicação do livro, o autor se chamava "Um brasileiro". De forma divertida e bastante "novelesca", o autor narra a história de Leonardo, um exemplo clássico de malandro brasileiro.

Leonardo é muito cedo abandonado pelos pais, acaba sendo adotado pelo seu padrinho, o compadre barbeiro. Também recebe cuidados de sua madrinha, a comadre. Desde sempre, Leonardo foi uma criança "endiabrada" que não conseguia passar muito tempo sem colocar suas diabruras em prática. Seu padrinho queria que ele se tornasse padre, mas a comadre não apoia a ideia nem um pouco (mesmo sendo bastante religiosa).

O garoto vai à escola, arranja o primeiro amor, vai preso e, apronta todas as coisas que pode. Se safa de muitas situações também, o que o torna um grandessíssimo malandro. Talvez Leonardo tenha sido o primeiro malandro da literatura brasileira.

Muitos são os personagens que constituem essa narrativa tornando-a tão engraçada. Ao retratar a baixa sociedade do Rio de Janeiro, o autor destoa do romantismo convencional, podendo até ser considerado uma obra de transição entre o romantismo e o realismo. Muitos estudiosos até consideram a possibilidade de a obra ser o marco do início do realismo brasileiro, que é na verdade ocupado por Machado de Assis.

Leonardo é uma espécie de anti-herói romântico, pois acaba sendo bastante humanizado pelos seus defeitos. Há pouca ou nenhuma idealização romântica na obra. Muitas características românticas não são apresentadas e podem ser passadas despercebidas. O enredo com final feliz é o elemento do romantismo mais marcante na obra.

Particularmente, eu consideraria a obra como realista, porque em comparação com o romantismo e com as obras românticas, basicamente não se tem tais características como o subjetivismo, a idealização romântica, o escapismo... Todos esses aspectos parecem ser ignorados pelo autor. A transição é realmente muito clara, como se a mão do realismo puxasse com mais força do que a mão enfraquecida do romantismo.

Em primeira instância, a obra não me agradou. Comecei em PDF e não prossegui. Pedi emprestada a versão física de uma amiga da faculdade e a leitura foi totalmente diferente, consegui ficar totalmente imersa na história e senti como se estivesse lendo uma novela. É divertido e os personagens são únicos, sendo que cada um deles são componentes fundamentais na construção dessa crônica cômica.

site: https://interesses-sutis.blogspot.com.br/2017/09/resenha-memorias-de-um-sargento-de.html
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Selma Cristina 22/11/2017

Acho o livro muito cansativo para ler.
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Livros, câmera e pipoca 20/11/2017

Um anti herói fanfarrão
Escrito por Manuel Antônio de Almeida, foi publicado inicialmente em formato de folhetim no jornal Correio Mercantil do Rio de Janeiro entre 1852 a 1853. Manuel não assumiu sua autoria de início, pois apesar de ser um romance, a história trazia assuntos políticos mesclados com crítica e humor, que conquistou o público da época e deu muito que pensar aos leitores. O livro promoveu uma contraversão do Romantismo, deixando que o humor fosse o condutor das aventuras de Leonardo.

site: https://livroscamera.wixsite.com/meusite/single-post/2017/11/20/Memorias-de-um-Sargento-de-Milicias
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isa.dantas 05/05/2017

Uma história que mostra a sociedade carioca da época de forma divertida com as travessuras e trapalhadas de Leonardo.
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jota 08/03/2017

Milícias e malícias...
Manuel Antonio de Almeida (1831-1861) viveu pouco (morreu num naufrágio nas costas do RJ), escreveu apenas duas obras de fôlego, este livro e mais o drama lírico Dois Amores, mas pelas qualidades de Memórias de Um Sargento de Milícias entrou com brilho para a história da literatura brasileira. MAM tinha apenas 21 anos quando deu vida a Leonardo, pai e filho, major Vidigal (este realmente existiu), D. Maria, Luisinha e outros personagens deste romance. Que, por vezes se lê como se estivéssemos lendo uma obra de Machado de Assis (1839-1908), seu contemporâneo mas alguns anos mais jovem.

Assim como Machado faria também, MAM lê e expõe os pensamentos dos personagens, dialoga com o leitor, coloca-o no meio de sua história recheada de observações sobre a vida fluminense durante o primeiro reinado ("Era no tempo do rei.", é a famosa frase de início), conta sobre os usos e costumes desse tempo, sobretudo entre os membros das classes média e baixa, faz uso do humor (que há de sobra aqui) e da ironia, enfim revela-se um autor bastante moderno para a época. Cabe perguntar: teria MAM lido A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne, publicado quase cem anos antes? Sabemos que Machado leu e foi influenciado pelo autor inglês.

Não acontece grande coisa em Memórias de Um Sargento de Milícias (publicado em 1854-1855), ninguém é totalmente bom ou ruim, os personagens não passam por transformações, não temos um herói para salvar donzelas em perigo, não temos uma mocinha virtuosa etc., diferentemente do que acontecia na literatura romântica. Então, embora tenhamos um final feliz, tudo termine bem para todos, não é possível dizer que MAM seja um autor romântico. Ele é um precursor do realismo brasileiro, inaugurado justamente por Machado de Assis e seu magistral Memórias Póstumas de Brás Cubas (publicado em 1880-1881).

Sendo o livro de MAM em grande parte uma saborosa crônica de costumes, então sua leitura é muito prazerosa o tempo todo. É uma pena que o autor tenha morrido tão jovem e deixado apenas esta obra para reconhecimento de seu inegável talento de romancista. Também é lamentável que pareça não haver grande empenho em nossas escolas públicas para apresentar devidamente a obra de MAM (ou a de MA e de outros autores do passado) aos jovens leitores e estudantes.

Lido entre 02 e 07/03/2017.
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Brunov 03/03/2017

ZzZzZz...
Memórias de Um Sargento de Milícias: novelão! Comentou um, muito chato disseram outros. Pensando nisso e, pelo teor das suas piadas, imaginei uma novela das 6. Só que forçando um pouco, pois na verdade não tem novela que narre os acontecimentos da vida de alguém nesse ritmo mais progressivo de modo a permitir conhecer os diferentes ângulos dos protagonistas, bem como mapear de forma mais consistente a sociedade na qual tudo se ambienta.

Quem sabe uma novela das 11\minissérie mais séria que permita dimensionar o drama até dos serelepes que depredavam a igreja? Acho que o povo merece se acostumar a sentir alguma textura de cada personagem sem esperar que 98% delas sejam unidimensionais ou tenham seus dramas, tão nossos, reduzidos à pachola - que faz parte.

Recomenda praquela sua tia.
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Gabriel 02/03/2017

A envolvente brasilidade que conquista o leitor
Memórias de um Sargento de Milícias é um romance delicioso de se ler. O autor soube impor ao livro uma dinâmica envolvente, com "micro-enredos" que se fecham em cada capítulo, sempre deixando aquela sede por saber o que vai acontecer em seguida com os personagens.

A história é simples. Talvez até medíocre (em relação ao seu conteúdo, tão ordinário). No entanto, para mim, é justamente aí que recai o valor da obra. Ao ler esse retrato de uma sociedade brasileira de muitos anos atrás me vi em um misto de fascínio, uma estranha nostalgia e ao mesmo tempo uma identificação inevitável. Como não reconhecer nos atos desses personagens tão típicos traços que vemos diariamente em nossos próprios vizinhos, comadres e compadres?

O livro escancara uma característica muito importante do brasileiro. A extrema fidelidade familiar e afetiva que as pessoas tem entre si. Comadre, D. Maria, Compadre, todos personagens que fazem de tudo para ver o bem de Leonardo, mesmo que esse não mereça. Tudo isso devido a um forte sentimento familiar que parece tornar-se cada vez mais rarefeito hoje em dia. Óbvio que o amor familiar não é regra, como o próprio livro mostra nas atitudes egoístas dos pais de Leonardo. Ironicamente, mesmo sendo mostrado como um grande azarado, o protagonista nunca está completamente órfão e encontra famílias e aliados em todas as situações.

A narração é marcada também por diálogos breves entre o narrador e o leitor que aumenta ainda mais o envolvimento com a história. Isso ao longo do livro mostra um certo cuidado, como se o narrador quisesse ter certeza de que tudo que ele conta está sendo absorvido, além de ser indispensável ao humor fino e à ironia empregada ao longo de toda a história.

O romance transpira brasilidade em todos os aspectos: personagens, narração, humor, malandragem, ironias. Com o ritmo envolvente empregado por Manuel Antônio de Almeida, mesmo uma história medíocre de um típico vadio se torna interessante. É definitivamente um livro que surpreende pela narrativa (seu ponto mais forte com certeza), colorindo mesmo um final tipicamente clichê com fina ironia.
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R...... 08/02/2017

Série Bom Livro (Ed. dos anos 80)
A leitura recente foi na edição da Martim Claret, mas deixo em registro esse exemplar da Série Bom Livro por ter sido meu primeiro contato com o romance. Li nos anos 80, duas vezes, antes de passar em frente a pouco tempo. Com certeza os volumes da Bom Livro estão entre meus preferidos. Além de ter letra maior, tinham também texto dissertativo no início que ajudava na compreensão da obra (sem ser muito acadêmico e chato), além de notas de rodapé que poderiam trazer explicações interessantes e também encarte que trazia resumo da obra em forma de quadrinhos (me amarrava nisso). Esses aspectos não se apresentaram na releitura que agora fiz numa coleção diferente.
Adquiri o livro na minha adolescência, instigado pelas propagandas na Coleção Vaga-lume (que devorava), economizando algumas passagens de ônibus para a compra. Ia andando para a escola, economizando assim para o livro. Talvez por isso a primeira leitura tenha sido a melhor que fiz, quando tive muita curiosidade e avidez, me divertindo bastante.
Poxa! A exemplo do que fiz com outros livros que tinha da série, deveria ter guardado e não trocado. Me arrependo, pois os que passei adiante tinham uma história com apego especial e peculiar.

Deixando pelo menos alguma coisa de útil nessa resenha, o que espero, ressalto que o romance talvez tenha tido inspiração na decadência moral de membros do império e na sátira às histórias românticas. O Brasil malandro e de histórias malfadadas ante a valorização do idealismo europeu.
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R...... 07/02/2017

Ed. Martim Claret (2008)
Não entendi a motivação da capa dessa edição, que parece bastante equivocada mostrando uma figura sisuda. Oras! Em livro que valoriza um malandro do século 19 a expressão deveria estar mais para meme Yao Ming. A caracterização da obra é essa, satirizando os "áureos tempos da nobreza no Brasil" e o idealismo romântico em vigência. O autor destoou do contexto de fantasias e melodramas para contar história em moldes mais aproximados com a realidade, onde imperavam trapaças, cobiças, imposições arbitrárias, mau-caratismo, entre outras coisas. Seu protagonista é um malandro e o romance, fugindo do idealismo, coloca as coisas numa vivência em que se revelam falhas na natureza humana, com ilusões e desilusões.
Gosto só da primeira parte, pois da metade em diante a história parece desandar dividindo a atenção entre algumas personagens, que vão se realizando ou não à duras penas. Vejo a obra assim. É a vida tocada como dá, onde praticamente nada é construído dentro de um projeto, apenas, vão vivendo e assim se encontrando e se desencontrando. Ei! Talvez seja a inspiração da capa, o sargento mergulhado nas lembranças, quem sabe refletindo sobre elas, no que e como viveu. Seja como for, não gostei da capa.
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R...... 05/02/2017

Adaptação em HQ da Editora Àtica (Ed. 2010)
A dupla Rodrigo Rosa & Ivan Jaf (respectivamente, arte e roteiro) já se afinou em outras adaptações, como "O Cortiço", evidenciando o humor e ironia do livro, que faz um deboche com o contexto de época no plano social e literário. Vemos que o tempo do império não era tão glamouroso e as histórias românticas (como se estabeleciam nos livros) na realidade retratada pelo autor eram cheias de safadeza, com encontros e desencontros nada nobres.

A arte é caricata e satírica, com uma percepção tosca que combina com a forma como a história é contada. Há em cada quadro uma intensidade em aproveitamento de situações engraçadas. Particularidade que faz com que o narrador seja dispensado várias vezes, deixando que a imagem fale por si. Legal, mas a meu ver deixou algumas coisas mal entendidas para quem não leu o romance, havendo também liberdades artísticas. Tirando isso, a leitura fluiu de maneira divertida. Gostei!

Uma curiosidade banal: Ivan Jaf (roteirista) deve ter gostado bastante do livro, pois usou uma das personagens em outro: O Vampiro e o Zumbi dos Palmares. Trata-se do major Vidigal, personagem que também tem uma inspiração real.
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wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

O malandro sempre teve um lugar cativo entre as figuras representativas na cultura brasileira. Seja na música, no teatro, no cinema. Na literatura, Manuel Antônio de Almeida foi o responsável por introduzir esta personagem tão marcante, uma livre variante dos protagonistas dos romances pícaros espanhóis. Com Memórias de Um Sargento de Mílícias, o escritor retrata o Brasil dos “tempos do rei” (período em que a família Real Portuguesa estava no Brasil) e expõe uma galeria de personagens típicos que não faziam parte da elite da época: imigrantes portugueses, meirinhos, soldados, as beatas, vadios, vizinhas fofoqueiras. A periferia está ali, sob certo aspecto, representada em suas histórias. “Memórias de um Sargento” é um romance atípico, um corpo estranho numa época em que o nacionalismo, os retratos urbanos, os sentimentos exacerbados, a burguesia, eram retratados pelos autores e poetas do Romantismo. Primeiramente pela narrativa episódica, que usa a linguagem coloquial da época e a jocosidade para contar a trajetória de Leonardo, “filho de uma pisadela e uma beliscão” entre seus pais Leonardo Pataca e Maria, que o traia e o abandonou. Leonardo acabou sendo criado pelo seu Padrinho que encobria as suas más criações e tinha esperanças de torná-lo um padre ou um médico, enquanto a Comadre insistia que a melhor carreira deste era a militar. O romance acompanha a infância de Leonardo, um garoto peralta que aprontava diversas traquinagens, e sua vida adulta, marcada pelo amor que sente por Luisinha. Acima deles paira a figura imponente do major Vidigal, que tenta estabelecer a ordem no Rio de Janeiro e, obviamente será um obstáculo tanto para o Leonardo pai quanto para Leonardo filho, este último afeito a vagabundagem e à errância. Os quiprocós, o humor, o narrador que interrompe a história para fazer suas observações e interage com o leitor, quebrando a homogeneidade e a caretice dos livros de sua época, um romance de costumes que antecipa alguma das características do Realismo-Naturalismo. A influência de Memórias de um Sargento de Milícias somente cresceu em toda a literatura brasileira, inspiração para outros trabalhos marcantes (como o Macunaíma, de Mário de Andrade), um livro em que é apresentado, segundo as palavras de Antonio Cândido em seu famoso ensaio, "Dialética da malandragem", "o primeiro grande malandro que entra na novelística brasileira, vindo de uma tradição quase folclórica e correspondendo, mais do que se costuma dizer, a certa atmosfera cômica e popularesca de seu tempo, no Brasil".


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2013/05/na-estante-6-memorias-de-um-sargento-de.html
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