Euler 11/10/2021
Se há um título que eu queria para mim é esse do romance do Marçal Aquino, que conheci o filme primeiro - e agora lendo não tem como não imaginar @caiapitanga na beleza toda da protagonista, manda beijo pra Princesona, Pitanga. No enredo, um fotógrafo vive numa cidade do Pará, e se envolve loucamente com a mulher de um pastor local. Essa paixão que se inicia ao ver o retrato da dona - Dorian Gray total - é turbulenta, não só por ser extraconjugal - esses agatês, mopai- mas também porque a mulher tem dupla personalidade, trata-se de um duplo Lavínia- Shirley e como todo duplo, ela inquieta o amante sobre quem é a cópia e quem é a original. O livro tem uma costura muito boa, o Aquino é muito habilidoso em de um parágrafo pro outro saltar de uma cena pra outra, de um tempo pra outro, dar uma ideia de labirinto bem babado. Também é interessante como ele cria outros pontos narrativos que suspende nosso interesse no casal de amantes, que são entremeados pelo contador de histórias amorosas, o Careca, e o diálogo que o protagonista tem com um teórico fictício que escreveu um tratado amoroso. O livro também consegue nos fazer viajar pelo Brasil, já que além do Pará, há passagens da narrativa em SP e em Vitória. Um ponto que pode passar despercebido- mas não por mim, monamour - é como o brega vaza na narrativa, não é gratuito o nome do protagonista se chamar Cauby, e numa cena tensa o vizinho estar ouvindo as antigas do Reginaldo Rossi. Também é curioso pensar o espaço que as gays tem na narrativa, uma pedófila - que tem um gancho super interessante, inclusive daria um outro romance - e uma depressiva polêmica suicida. Queria alguém pra conversar sobre isso. A crítica ao rebanho da igreja e dos crimes que podem cometer e que cometem em favor do seu líder também é muito saborosa. O desfecho dos protagonistas é incrível, acho que o livro termina muito bem e de uma forma plausível num misto de esperança e de que merda é a vida. ??