Jaíne 27/04/2015
Nunca Mais
Primeiro, é importante citar que "O Corvo" que eu li, foi traduzido pela senhora Thereza Christina Rocque da Motta. Por que é importante citar isso? Porque essa não é a única tradução dessa obra existente no nosso país, outras pessoas a traduziram também, como por exemplo Fernando Pessoa e Machado de Assis. Há inclusive um livro que reúne todas as traduções em uma coletânea, caso alguém tiver interesse.
Pois bem, me interessei de imediato pela tradução de Thereza, pela seguinte frase que ela diz no prefácio do livro: "A beleza estética nunca está acima do sentido. E, da mesma forma que a beleza está no olho de quem vê, a leitura deve ser sobremaneira compreensível." Esta pequena citação me ganhou, porque penso da mesma maneira que ela, de que adianta ler um poema cheio de palavras complexas e não entender nada?
Também na introdução, antes do poema começar, é narrado um pouco da história de Edgar, o autor, mas não aquele tipo de narração básica que tem na contracapa de todos os livros, falando um pouco da vida de quem o escreveu, é uma narração que "se une" ao poema, por que?
Bem, eu não fazia ideia que a história de Edgar era tão... Triste. E que a vida dele tivesse tido um fim de uma maneira tão abrupta, e é pra isso que serve essa curta narração, para que liguemos Edgar ao personagem do poema. Talvez aquele personagem não seja algo que a imaginação um pouco perturbada dele criou e sim, ele próprio.
Claro, que isso é apenas uma suposição de acordo com os fatos, já que ele morreu antes de poder dizer a alguém se era isso ou não, mas eu particularmente acredito que sim, como dizem por aí " a vida se mistura com a arte."
O Corvo, também tem toda uma simbologia por trás - ei, lembrem-se que tudo que escrevo aqui, me baseio em minhas conclusões, claro que pode e deve com certeza haver opiniões contrárias -, mas como estava dizendo, a simbologia por trás do corvo é a solidão. Ele representa a solidão pelo qual o personagem central do poema está passando, a tristeza, o sofrimento de ter perdido a amada.
A sensação que o poema consegue passar, é um tanto misteriosa e eu até diria assustadora.
Por que assustadora? Ah, aquele "nunca mais" ao fim de cada estrofe é meio sinistro.
E fiquei surpreendida pelo fato de um poema, que sequer é muito longo, ter conseguido me passar essas sensações.
O que me faz acreditar mais ainda que isso retrata o próprio Edgar, porque uma obra que fosse totalmente ficciosa e que não envolvesse pessoas reais, não conseguiria me passar esses sentimentos.
De qualquer maneira, o Edgar merece os parabéns por "O corvo" e você precisa lê-lo imediatamente.
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