Bruno 10/04/2024
A viagem ao mundo em busca do melhor dos mundos
Há muitas características "superficiais" nesse livro que podem impedir os leitores desavisados de se aventurar em suas páginas. A começar pelo título estranho, que remete a algo filosófico, talvez confuso, e fora de alcance. Em seguida, o autor: "Voltaire" é um nome que assusta e nos induz a pensar em um filósofo de séculos passados, inacessível em suas ideias, do qual só é possível ter contato, de forma obrigatória, em aulas de ensino médio.
Não poderíamos estar mais enganados...
Voltaire consegue fazer desse livro, publicado em 1759, algo extremamente atual e, principalmente, fácil e gostoso de ler. Por meio de uma escrita cômica e uma narrativa fluida, regada por uma avalanche de acontecimentos frenéticos, o autor nos entrega uma estória sobre a inquietude e a complexidade humana frente às incertezas do mundo.
A busca desenfreada de Cândido pelo "melhor dos mundos possíveis" o torna refém de uma série de fatalidades, que o enredam em uma trama que seria "cômica se não fosse trágica". Apesar de tudo, o leitor consegue perceber claramente toda a crítica social que Voltaire deixa intrínseca ao enredo.
Ao final, após tantas andanças, aventuras e exposições de ideias que consomem a alma humana, a mensagem que se pode ter é a mais verdadeira e acalentadora possível.
De todo modo, fica a questão: é possível conquistar o melhor dos mundos possíveis?