O Deserto dos Tártaros

O Deserto dos Tártaros Dino Buzzati




Resenhas - O Deserto dos Tártaros


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Glauber 17/10/2020minha estante
Emblemático! Um dos meus favoritos da vida.




Gabriel 09/10/2020

Sobre a brevidade da vida
Quando eu estava no ensino fundamental, acreditava que ao chegar no ensino médio, minha vida seria muito melhor e divertiria-me mais, porém isso não aconteceu. Do ensino médio, olhava para o ensino superior e sonhava que ao atingi-lo sentiria-me completo, mas isso também não aconteceu. Agora no ensino superior, olho para o futuro, em que me vejo empregado, e acredito que somente assim que isso acontecer vou me sentir feliz e mais realizado, e novamente, estou a espera de que o bom da vida ainda vai começar. É exatamente sobre isso que o livro vai discutir: sempre olhamos para o futuro pensando que ele será melhor, que coisas gloriosas nos esperam, mas esse futura chega, e essa sensação de incompletude sempre continua. Principalmente em nossa época em que somos bombardeados com várias inovações tecnológicas, e sonhamos com um emprego maravilhoso e com novas aquisições. E achamos que vamos nos sentir satisfeitos apenas quando obtê-las. Aí vai surgindo outras e outras, e nesse ciclo, a satisfação nunca é atingida. Diante disso, não percebemos que vamos jogando o nosso presente no lixo, pois gastamos muito tempo com projeções. E o tempo vai passando, rápido demais, e a juventude vai se esvaindo entre nossas mãos.

Giovanni Drogo é o personagem principal do livro. Em um certo dia, é designado para trabalhar em um forte, chamado Bastiani. Em um primeiro momento, ele não quer continuar na fortaleza, mas permanece pois acaba nutrindo o sentimento de que ali aconteceria coisas gloriosas, no seu caso, ele sonhava com a guerra. No entanto, passam-se anos e a guerra não acontece.

“Assim, Drogo sobe mais uma vez o vale do forte e tem quinze anos a menos para viver. Infelizmente ele não se sente muito mudado, o tempo passou tão veloz que a alma não conseguiu envelhecer. E, mesmo que a angústia obscura das horas que passam se torne cada dia maior, Drogo persiste na ilusão de que o importante ainda está para começar. Giovanni aguarda, paciente, a sua hora que nunca chegou, não pensa que o futuro se reduziu terrivelmente, não é mais como antes, quando o tempo vindouro podia parecer-lhe um período imenso, uma riqueza inexaurível que ele não corria nenhum risco em esbanjar”.

A guerra era tão ansiada por ele, que acabou esquecendo de viver o presente. Deixou a família e os amigos de lado, para continuar a acreditar que ela um dia aconteceria, e que a partir disso finalmente ele viveria essa glória. Sacrificou a sua vida, em nome de uma projeção, que apenas tirou a sua juventude.

“E com mais de quarenta anos, sem ter feito nada de bom, sem filhos, realmente só no mundo, Giovanni olhava espantado à sua volta, sentindo o próprio destino declinar”

A guerra, acredito que foi uma metáfora que Dino Buzzati utilizou para representar os nossos sonhos mais desejados, porém o mais interessante, é que ela ganha uma importância tão grande para para o Giovanni: foi a forma que ele encontrara para dar sentido à vida.

“Era evidente que as esperanças de outrora, as ilusões guerreiras, a espera do inimigo do norte não passavam de um pretexto para dar um sentido à vida”

O livro também consegue tratar de questões bem profundas. As vezes, pego-me pensando, em meio a monotonia da vida, sobre quando é que a minha vida vai começar a ser interessante, e quando ela realmente valerá a pena ser vivida. E quando sinto que o tempo vai passando cada vez mais veloz, e que não vai dar tempo de ser feliz. Esse trecho representa muito essa sensação:

“Há algum tempo, de fato, uma ansiedade, que ele não conseguia entender, o perseguia sem descanso: a impressão de que não daria tempo, de que alguma coisa de importante aconteceria e o pegaria de surpresa”.

Gosto de livros que tem esse poder de desvendar as profundezas da nossa própria alma. Além disso, o livro tece lindas e poéticas considerações acerca do tempo:

“Tudo se esvai, os homens, as estações, as nuvens; e não adianta agarrar-se às pedras, resistir no topo de algum escolho, os dedos cansados se abrem, os braços se afrouxam, inertes, acaba-se arrastado pelo rio, que parece lento, mas não pára nunca”.

Nesse trecho, eu lembrei de O pequeno príncipe de Antoine de Saint-Exupéry, quando o príncipe descobre que a sua flor é efêmera, ou seja, que “está ameaçado de desaparecimento iminente”. Não somos tão diferentes da flor, somos igualmente frágeis e com a vida breve.

O livro também tem um excelente trecho, sobre a solidão:

“Justamente naquela época Drogo deu-se conta de que os homens, ainda que possam se querer bem, permanecem sempre distantes; que, se alguém sofre, a dor é totalmente sua, ninguém mais pode tomar para si uma mínima parte dela; que, se alguém sofre, os outros não vão sofrer por isso, ainda que o amor seja grande, e é isso o que causa a solidão da vida”.

Enfim, para mim, esse livro sublinha a importância de valorizarmos o nosso presente, pois é somente ele que nós temos. Ou melhor, vivê-lo intensamente. É claro que devemos ir em busca daquilo que nos faz sonhar, porém nunca devemos deixar que isso nos afaste da vida que acontece. Apenas o presente é nosso, o futuro é incerto. Assim, não é interessante achar que será feliz apenas quando tiver ou for algo, no entanto, essa felicidade deve ser buscada no hoje. A gente encontra ela a partir das coisas mais simples e ao lado das pessoas que amamos. Não é atoa que o presente se chama presente.
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Deghety 30/09/2020

O Deserto dos Tártaros
O livro conta a história do jovem Giovanni Drogo, tenente designado a um Forte militar isolado.
O protagonista é Giovanni Drogo, mas o personagem melhor construído é o Forte Bastiani, tanto na questão geográfica de seus arredores, quanto na imponência
de suas estruturas sob seus "hóspedes"
De início, o aspecto misterioso em torno do Forte é o mais interessante da leitura, no entanto, logo em seguida, pra dar uma ênfase no protagonista, a leitura fica um tanto tediosa. Mas por um breve período.
Na segunda metade da obra que se destacam as transformações dos personagens, o anseio por glórias e honras militares e pelo amanhã que nunca chega.
A metamorfose as quais passam é bem descrita, você percebe a desesperança e o ar obscuro envolver cada um no Forte.

"Tombando uma sobre a outra as páginas cinzentas dos dias, as páginas negras das noites...o afã de não ter mais tempo"

É comum as pessoas se agarrarem à esperança pra dar um sentido pra vida, no caso de Drogo e os demais soldados, ela é o que os algema no acômodo, ostracismo e melancolia por trás das muralhas do Forte e a da implacabilidade do tempo.
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Orochi Fábio 17/09/2020

Deserto...
Profunda meditação sobre a passagem do tempo... consequentemente, um amargo olhar sobre a própria existência.
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Ana Bruno 12/09/2020

Incrível
O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati.
Não é um livro óbvio. Mas é um livro incrível!! Me deixou muitas reflexões.
Aqui temos uma escrita poética e sensível sobre o tempo, expectativas e arrependimentos. O que fazemos de nossas vidas? Estamos sempre esperando o melhor que virá... e nos acomodamos nessa espera. Esse livro nos põe a pensar. E o carregamos por um tempo ao terminarmos de ler.
E tem um dos finais de livro mais lindos que já li!!!
Douglas 14/09/2020minha estante
Às vezes não chega a nós, nem o melhor, nem o pior. Essa inércia também gera muito sofrimento.




Bruna 06/09/2020

Giovanni Drogo um jovem oficial, é mandado para o deserto para ocupar um cargo de tenente em um forte, um lugar onde nada acontece, mas que Giovanni acreditava estar indo de encontro com um universo de oportunidades dentro de sua jovem carreira militar.

Uma vez no forte ele vê que a realidade não é como pensava, e tenta voltar, mas o seu superior o convence esperar alguns meses, para não prejudicar sua carreira, e Giovanni aceita.

Os meses vão passando e se transforma em anos, os anos correm a passos largos, e Giovanni continua no forte.

Suas expectativas de uma guerra, de uma invasão nas terras fronteiriças vão se esvanecendo, mas jamais o abandona.

" O tempo corria, marcando cada vez mais precipitadamente a vida com sua batida silenciosa, não se pode parar um segundo sequer, nem mesmo para olhar para trás."

A leitura é agradável e as reflexões que o personagem nos expõem são inevitáveis, as escolhas que fazemos, o que deixamos de viver, as convicções que não nos abandona, e às vezes nos deixam totalmente refém delas.

Após 30 anos Giovanni está doente, sentindo-se impotente, sendo mandado embora do forte, por um oficial mais novo, a inutilidade de uma vida, o que deixou de fazer, casar ter filho, um mar de possibilidades, que poderia ter sido e não foi, vem nesse momento assolar Giovanni.
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FernandaEvla 30/08/2020

Poderia ser um conto de 20 páginas.
Concordo com a crítica de que o livro traz uma reflexão incrível sobre zona de conforto, expectativas frustradas, etc, mas na minha humilde opinião tudo isso poderia ser tratado em poucas páginas. O livro se arrasta de forma monótona e repetitiva. Foi uma luta conseguir terminar.
Meline 30/08/2020minha estante
Perfeita descrição! É uma ótima lição, porém poderia ser mais rápida kkk




Germana 23/08/2020

Para refletir sobre escolhas e prioridades
Leitura flúida e texto tocante especialmente do meio para o fim do livro. Drogo, o protagonista vê a vida se revelar à sua frente nas atitudes de amigos e em suas próprias. As decisões que toma ao longo de sua jornada no Forte Bastiani trazem resultados diferentes dos esperados por ele quando jovem, porém previsíveis aos mais experientes. Excelente leitura reflexiva acerca da vida e seus caminhos.
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Deivi.Lucio 23/08/2020

Bom Livro
Por que deserto dos Tártaros? Talvez porque a vida seja um imenso deserto, árido sempre com a mesma paisagem monótono e para deixa-la mais atraente criamos expectativas.
Drogo jovem tenente é enviado ao forte Bastiani localizado no meio do deserto sem nada de interessante a fazer somente ver o tempo passar com a esperança de uma iminente guerra que obviamente nunca acontece. O tédio acomete a todos do forte porem poucos consegue deixa-lo, talvez por que nos acostumamos a rotina do dia a dia e não temos vontade de muda-la levando a vida e deixando ela nos levar.
Foi convencido a ficar como acontecia com todos que chegava no forte porem foi se deixando ficar pela rotina. A vida é assim pelas contas e necessidades vamos ficando e sofrendo e deixando de viver diversas oportunidades até que um dia nos perguntamos, para que?
Esperamos a vida toda por algo porem este algo não acontece se não tomarmos atitudes e o fim chega e percebemos que nada fizemos. Os Tártaros não chegaram, ou seja, essa era a esperança e motor da vida do Drogo.
A cidade não tinha mais atrativos para ele, olhava os habitantes velhos conhecidos envelhecerem o amor que deixou pra lá a família que já tinha se habituado a sua ausência e sentia que não fazia parte daquilo e que no forte ele era alguém e fora dali não passava de um intruso. (lembrei a cena do filme “Um Sonho de Liberdade” quando o velho prisioneiro deixa a prisão porem sente que fora dela sua vida não tinha sentido.)

Livro melancólico e existencialista, ou seja, não afaga nosso ego ele te põe em choque com a vida.

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Clarissa 19/08/2020

Profundo e Reflexivo
O livro nos traz a reflexão sobre a passagem da vida. Quanto tempo sentimos ter quando mais novos, quantas coisas ainda podem esperar por "termos tempo" e, em um piscar de olhos, tudo passou e o que de fato fizemos com o nosso tempo? Sim, falar do tempo parece repetitivo, mas leia e entenderá.
Se você está em um momento de decisões na vida, este livro causará um impacto.
Douglas 14/09/2020minha estante
Excelente, Clarissa ! Estou nesse momento e comecei a ler em paralelo com O mito de Sisifo, de Albert Camus. Considero complementares.




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Georgeton.Leal 06/08/2020

O que temos feito do nosso tempo?
Quantas coisas importantes deixamos para trás e só depois percebemos que já é muito tarde para recuperá-las? O tempo fugaz está sempre a nos enganar, nos fazendo pensar que amanhã (ou quem sabe, no ano que vem) poderemos reaver oportunidades perdidas e amizades que há muito deixaram de existir. Quando nos deparamos com a crua realidade, tudo já passou e não se pode mais achar nenhum alento no fim da jornada. Drogo viveu isso, e por mais que tentasse, se viu preso em uma falsa expectativa, aguardando por uma chance de mudança que nunca veio.
Esse livro me fez refletir bastante sobre o dilema do tempo e suas nuances. Sabemos que a vida é passageira, mas mesmo assim, quase não nos damos conta disso. Preferimos adiar decisões, encontros e abraços, até que tudo que nos reste seja apenas indiferença e solidão. Assim como Giovanni Drogo, muitos acabam por se apegar a um último resquício de esperança que ainda lhes dê algum sentido na vida, no entanto, tal fundamento pode se revelar inútil quando o peso dos anos anunciam que não existe mais vigor nenhum a se aproveitar e todos os anseios remanescentes já caíram no esquecimento.
Ao fim dessa leitura, lembrei-me da letra de uma música que diz: "O tempo não foi feito pra ser gasto, o tempo é pra ser desfrutado". Que bom que despertei a tempo de descobrir isto.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2022/01/o-que-temos-feito-do-nosso-tempo.html
talysmc 10/08/2020minha estante
E só me deixando com mais vontade de ler esse livro kkk


Georgeton.Leal 10/08/2020minha estante
kkkkkkkkkkkk!!! Olha, esse entrou fácil pra minha lista de favoritos. É daquele tipo de livro que mesmo sendo pequeno em quantidade de páginas é admirável no conteúdo.


talysmc 11/08/2020minha estante
É muita gente ama.




Thiago.Silva 04/08/2020

Que livro!!!
...."Mas já havia nele o torpor dos hábitos,a vaidade militar,o amor doméstico pelos muros cotidianos. Quatro meses haviam bastado para amálgama-lo ao monótono ritmo do serviço "

" Todas essas coisas já haviam se tornado suas,e abandona-las seria doloroso. Drogo porém não sabia, não suspeitava que a partida lhe daria trabalho,nem que a vida do forte engolia os dias um após o outro,todos iguais,numa velocidade vertiginosa"

Descrição perfeita do comportamento humano. O ser humano diz que gosta de novidades mas na verdade prefere a rede de segurança. Diz que está insatisfeito com o trabalho mas continua nele ano após ano. Diz que está em um relacionamento tóxico mas passam- se os dias sem tomar nenhuma atitude,apenas esperando que um dia as coisas, do nada,irão mudar, que o tempo um dia se encarregará de tudo, e quando menos espera a vida já passou.
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anoca 02/08/2020

livro divisor de águas
é difícil achar um livro com boa narrativa sobre questões existenciais e este o consegue com maestria
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