Uma morte muito suave

Uma morte muito suave Simone de Beauvoir




Resenhas - Uma Morte Muito Suave


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Carla Maria 12/11/2020

Leitura Comovente
Eu sempre ouvi no meio literário o nome de Simone de Beauvoir. E por várias vezes sentia vontade de adentrar a escrita da autora, mas nunca chegava ao fato. Até me deparar com "Uma Morte Muito Suave".

Simone de Beauvoir vai nos contar como foram os últimos dias de vida de sua mãe, após ser diagnosticada com câncer terminal. Uma descoberta feita por acaso, após uma fratura no fêmur. Serão 30 dias hospitalizada, sem que sua mãe saiba a real causa de sua internação.

Um livro muito bonito. Em nenhum momento nem a Simone e nem a sua irmã abandonaram a mãe. Estiveram com ela até o último suspiro.

Leitura comovente... Super Indico!
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Mary 13/01/2022

Uma surpresa favorita
Primeiro contato e já bastou. Um livro denso e de um tema doloroso. É uma dor que se arrasta, porque é a morte de uma mãe definhando por uma doença cruel como um câncer, mas contada da perspectiva de uma filha. Não uma filha qualquer, mas uma filósofa e uma escritora: Simone de Beauvoir. É interessante que eu sentia, lendo, como se a escrita forte dela fosse o modo em que ela encontrou de lidar com a dor, por isso alguns detalhes sórdidos são narrados com um afinco impressionante e eles são permeados de questionamentos e alguns aforismos. Uma contraposição de ideais, personalidades, papéis sociais, crenças (limitantes ou não, dependendo da perspectiva). É um livro imperdível.
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Cris SP 12/03/2023

12.03.2023
Simone de Beauvoir precisa lidar com a morte de sua mãe, após descoberta de um câncer. Vem à mente recordações do relacionamento entre as duas, desde a sua infância até os dias atuais. Narra os últimos dias em que precisa revesar com sua irmã a permanência na clínica para que a sua mãe não fique sozinha. Acompanha os lamentos de sua mãe de não querer deixar a vida terrena e fala sobre o luto.
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Sergio Carmach 29/09/2015

Reflexões não muito suaves:
Não temo a morte. Ela pode vir hoje, amanhã ou daqui a anos. Tanto faz. O que assusta não é a morte, mas seus métodos, muitas vezes lentos e cruéis. Se o martírio físico e psicológico for grande, faz sentido a vítima desejar partir antes do suspiro final, sem apego a esta terra penosa.

Concordem ou não com o juízo acima, ele é lógico, ao contrário da forma de pensar cultuada pela maioria das pessoas, sempre desejosas por mais tempo no planeta, custe o que custar. Vejamos... 95% dos seres humanos acreditam em um deus; e a maior parte deles concebe um mundo extramaterial de maravilhas: após a morte do corpo, a alma seria levada a um lugar paradisíaco, reencontraria pessoas queridas e seria feliz para sempre. Mas se a vida celestial é infinitamente melhor que a mais dadivosa das vidas terrenas, por que o desejo de permanecer na Terra mesmo quando a existência tornou-se um fardo insuportável? Pois é... Se não faz sentido o apego à vida material quando tudo vai bem, muito menos sentido faz quando tudo vai mal. Como o apego existe, conclui-se: ou as pessoas não acreditam nas maravilhas do além-túmulo, ou elas são incoerentes.

O que falo é de desejo, de querer ficar aqui por puro apego à matéria. Isso exclui as pessoas que entendem sua permanência na Terra como uma missão a ser cumprida. Uma coisa é sentir urgência de continuar no planeta porque isso seria necessário ao aprendizado e ao desenvolvimento do espírito; outra coisa é desejar o adiamento da partida para o paraíso celeste apenas para curtir – mesmo cheio de dores e aflições – mais um pouco os prazeres menores daqui: viagens, festas... Se o “Céu” é tão melhor, qual a razão desse apego, ainda mais em uma situação de dor?

É importante notar: o discurso aqui não versa sobre a pertinência do suicídio (ou qualquer outra conduta afim, como a eutanásia ou a ortonásia), mas sobre a impertinência de uma torcida irrefreável por mais tempo na Terra, especialmente quando a existência corpórea torna-se medíocre. Em resumo, a questão não é se devemos “fazer ou deixar de fazer algo”, mas se devemos “desejar ou deixar de desejar algo”.

O texto de Simone de Beauvoir, companheira de Sartre e filha ateia de uma católica tradicional, permite essas reflexões, não cabendo aqui uma análise do que a própria autora achava sobre o assunto. Que cada leitor também aproveite a narrativa de Uma Morte Muito Suave para fazer suas próprias ponderações sobre vida, morte, sofrimento, apego, incoerência do comportamento humano etc.

Trechos do livro:

"Mamãe acreditava no Céu; mas, apesar de sua idade, de seus achaques, de suas indisposições, estava obstinadamente agarrada à terra e tinha da morte um horror animal, instintivo." p.14-15

"Repousava e sonhava, a uma distância infinita de sua carne em putrefação (...) e toda ela mobilizada numa esperança apaixonada: curar-se." p.76

"Era o que a prendia ao mundo, tal como suas unhas estavam aferradas ao lençol, a fim de não soçobrar. 'Viver! Viver!'" p.77

"Trabalho duro o de morrer, quando se ama tanto a vida." p.79

"Esses instantes de tortura inútil, nada no mundo poderia justificá-los. (...) de um modo geral, em casos análogos ao de mamãe, o doente morre em meio a tormentos abomináveis. (...) Arranjar um revólver, matar mamãe com um tiro; estrangulá-la. Românticas e fúteis visões. Mas também me era impossível imaginar-me ouvindo mamãe, durante horas, soltando uivos lancinantes." p.81

"(...) mamãe não temia a Deus nem o diabo: somente deixar a terra." p.91

site: http://sergiocarmach.blogspot.com.br/2015/09/uma-morte-muito-suave.html
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Súh 25/07/2022

Que livro maravilhoso!
Um tema triste, lógico mas carregado de sincera emoção. Eu marquei muitos trechos para reler sempre. Lindo demais!
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juddy1 20/03/2023

"Trabalho duro o de morrer, quando se ama tanto a vida."
Meu primeiro contato com as obras da Simone e confesso que já me ganhou. A maneira como ela fala da morte da mãe, uma pessoa que foi tão imponente com ela na adolescência mas que ao curso do câncer se torna alguém tão frágil e vulnerável.. me fez entrar em muitas reflexões.

"Quer a imaginemos celeste ou terrena, a imortalidade, quando se ama a vida, não encontra consolo na morte."
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LetAcia620 20/10/2024

De suave não tem nada
Me senti lendo o diário da simone durante toda a trajetória da morte de sua mãe. li para a aula de tanatologia, fazendo reflexões sobre a distanásia e kalotanasia. gostei, mas acho que não é todo mundo que vai gostar.
jonatas206 20/10/2024minha estante
Parece ser bommm




robsonlourenco 18/03/2023

"Quer a imaginemos celeste ou terrena, a imortalidade, quando se ama a vida, não encontra consolo na morte."
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Raquel Lima 31/03/2010

Um bom livro pelo momento de vida que passo...
Chorei muito em várias partes. Simone conseguiu com suas "anotações" na cabeceira da cama de sua mãe, analisar um relacionamento complicado que é o mãe e filha...e confesso, pelo momento que vivo, uma mãe velha, com os problemas naturais da idade, me identifiquei em muito...Sua análise do relacionamento é maravilhoso. A dificuldade da filha que se torna mulher, que compete com a mãe, os defeitos aparentes, a vida que se passa,a angústia da morte certa, mas nunca desejada.
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Carla Valle 21/02/2010

Um livro emocionante, um relato da vida e da morte!! "não há morte natural: nada do que acontece ao homem jamais é natural, pois sua presença questiona o mundo. Todos os homens são mortais: mas para cada homem sua morte é um acidente e, mesmo que ele a conheça e consinta, uma violência indevida."
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CultEcléticos 13/10/2015

Esse é um livro visceral no qual Beauvoir faz relatos sobre os últimos dias de vida de sua mãe. Françoise de Beauvoir é internada com uma fratura no fêmur, mas os médicos descobrem que ela tem um câncer.

Simone e sua irmã Poupette desdobram-se para cuidar e amenizar o sofrimento da mãe, que nada sabe da terrível doença que a acomete, ela pensa ter uma peritonite.
Após uma operação, Françoise ganha um mês de vida. Durante este mês, Simone tem momentos significativos com a mãe.

São revelados sentimentos, remorsos, ressentimentos, lembranças. Simone nos mostra traços da personalidade de sua mãe, histórias de seu passado. De certo modo, analisa certos aspectos da vida de Françoise, como a submissão ao marido e a supressão de seus desejos, mas de modo algum esta análise é fria e distante.

É um livro que exala sentimento em cada página, o leitor conecta-se com a narradora e sente a sua dor, seus medos.

Além da enfermidade da mãe, o modo como isso a afetou, seus pensamentos, o livro ainda trata do tema velhice. Nos faz refletir sobre o processo de envelhecimento. Vemos a deterioração do corpo de Françoise pela ação do tempo e pela doença. Esta obra também traz reflexões sobre a morte, sobre o deixar de existir.

Apesar da morbidez da temática morte, o livro não é um relato mórbido. Escrever foi a forma que Simone encontrou para superar a sua dor.

“Nos períodos difíceis de minha vida, rascunhar frases – mesmo que não sejam lidas por ninguém – me reconforta tanto quanto a prece ao crente: pela linguagem supero meu caso particular, comungo com toda a humanidade. É, na minha opinião, uma das tarefas essenciais da literatura, e que a torna insubstituível: superar essa solidão que nos é comum a todos e que apesar disso nos torna estranhos uns aos olhos dos outros.” – Simone de Beauvoir

(Camila Kaihatsu)
Resenha publicada no site CultEcléticos:

site: http://www.cultecleticos.com.br/resenha-literaria-uma-morte-muito-suave/
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Cleany 28/10/2023

"Não há morte natural: nada do que acontece ao homem jamais é natural, pois sua presença questiona o mundo. Todos os homens são mortais: mas para cada homem sua morte é um acidente e, mesmo que ele a conheça e a consinta, uma violência indevida."

que livro! um retrato brutal em sua simplicidade da morte de uma mãe. "uma morte muito suave" é o que eu esperava de "todos os homens são mortais".
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Joyce 15/12/2020

Suavidades, privilégios e a natureza da existência
Percebida através da ótica do outro, a morte aqui é apresentada como um processo angustiante e involuntário de abandono da existência. Desde o princípio é notado que a recusa à ideia de morte se dá por sua aparência mórbida e misteriosa, que é novamente personificada pela moribunda como a figura que a persegue, desafiando-a a ir de encontro com seu destino inevitável. Este processo é estendido baseado na ilusão técnica de que diferentes e dolorosas intervenções médicas irão proporcionar um breve conforto e a própria percepção da doente como um experimento, empurrando seu corpo até o limite. Diversas vezes os médicos aclamam-se por reanimá-la e ela mesma comemora os dias roubados enquanto entre sonhos febris declara “Hoje não vivi” ou “Estou perdendo os dias”. Seu corpo desfalecia aos poucos, se recusando a funcionar, a curar as feridas abertas ou até mesmo a digerir a comida ingerida, transformando-a em uma telespectadora da vida. Isto me fez indagar porque concebemos morte como o oposto de vida, sendo que pessoalmente considero morte como a impossibilidade de existência, sobreviver e viver são mais opostos do que vida e morte.
Beauvoir bem reflete as questões de gênero que cercam a vida de sua mãe, ao relacionar os diversos processos estruturais que marcaram a vida de Françoise, já que em toda sua existência era literalmente necessário chamar atenção dos outros para que percebam que ela estava ali e que suas vontades também eram importantes, apesar de ela mesma sufocá-las. A vida e as condições de Françoise refletem bem o que era ser uma mulher de seu tempo em suas posições, padrão o suficiente para não ser abandonada à própria sorte, mas ainda sim preterida por conta de seus desejos e ambições.
As questões de classe se marcam sutilmente, já que uma breve noção histórica já nos oferece um parâmetro de que os mimos e cuidados que recebe não são baratos nem acessíveis a todos, Beauvoir cita a morte da mãe como suave, em comparação aos demais moribundos de outras classes, mas dificilmente consideraria a angústia e o prolongamento do processo de morte como algo suave, apenas alguém que já experimentou tal sentimento sabe que a negação e a extensão doem tanto quanto a eminência. Outro ponto que se destaca é a concepção da autora da inexistência de uma “morte natural”:
“Não há morte natural: nada do que acontece ao homem jamais é natural, pois sua presença questiona o mundo. Todos os homens são mortais: mas para cada homem sua morte é um acidente e, mesmo que ela a conheça e consinta, uma violência indevida”
Entretanto, o que é, de fato, algo “natural”? Por parte do sujeito, não há nenhum controle ou manipulação no ato de existir, simplesmente nascemos sem qualquer vontade própria nisso e, fora a morte autoinfligida, também não há uma espécie de controle sobre o processo e/ou acontecimento de morte. Todos morreremos, conhecer e consentir o fato ao menos diminui a angústia. A repulsa à ideia de morte apenas corrobora com a perspectiva de existir mas não viver. O que então é natural, a qualquer sujeito, se não a morte?
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Karin 29/04/2023

Simone lida magistralmente com a morte de sua mãe, mostrando os sentimentos conflituosos que tiveram ao longo da vida e que o que sempre predomina é o amor.
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Nath613 28/08/2022

?Sim. Assistíamos ao ensaio geral do nosso próprio enterro. O triste é que essa aventura comum a todos, cada um a vive só.?

Livro de leitura densa e, ao mesmo tempo, fluida: não consegui parar de ler enquanto não cheguei à última página. É uma narrativa belíssima dos últimos dias de vida de Françoise de Beauvoir. Simone de Beauvoir narra os acontecimentos desses dias e faz reflexões acerca da morte e de como nossa sociedade lida com ela e com os moribundos. Livro belíssimo.
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