Mia Fernandes 01/12/2023
Ela está livre agora
"Ele disse que tudo o que queria era me desvendar, mas que no Ano-Novo tinha se dado conta de que nenhum de nós dois está pronto para essa intimidade. Disse que eu preciso me cuidar, que ele não pode cuidar de mim. Você vai ser muito mais feliz sem mim."?
Carta de amor aos mortos foi o meu terceiro livro de luto em um mês. Aonde eu estava com a cabeça? Porém, tal como foi Oito horas perfeitas, esse Cartas, trabalhou bem o tema triste.
Laurel está numa nova escola, onde ninguém conhece o seu passado, e muito menos a sua irmã. Sua professora de inglês, sugere um trabalho, escrever uma carta para uma pessoa morta. Então, e a partir dessa atividade, que Laurel começa a falar e a expor seus sentimentos, sua dor e seu luto.
Todos os remetentes são pessoas famosas que morreram jovens. Tal como a sua irmã, May.
Vemos que Laurel sente muito a falta de May. Que ela preserva a imagem romantizada da sua irmã, antes que ela entrasse no ensino médio. As suas lembranças de infância, de quando a família ainda estava junta.
Acompanhamos tanto a mudança de comportamento de May, quando seus pais anunciam o divórcio. A rachadura ali, tendeu a crescer incontrolável.
Laurel não sabe quem ela é. Só que não é suficiente. E, num primeiro momento, ela incorpora a sua irmã, sua idola, seu modelo de felicidade e coragem.
"May era o ideal do que eu queria ser. Eu a via como livre e corajosa, pensava que o mundo pertencia a ela, mas não tenho tanta certeza de que era realmente assim."
Passamos com a protagonista por seu estágios de superação do luto, de reencontrar a sua voz, de aceitar todos os seus sentimentos internos, destravar memórias doloridas. Mesmo numa maré de tristeza, Laurel encontrou amigos verdadeiros, e em nenhum momento, ela julgou a escolha de vida deles. Ela os acolheu.
Em cartas, sofremos, vemos uma menina que perdeu o amor da sua vida (a irmã), se sente sozinha e desprotegida do mundo, sua mãe a abandonou.
"Eu ainda amo você, mas estou começando a perceber que não é por acaso. As pessoas que mais admiro, as que parecem ser capazes de usar o corpo e a voz para lutar contra o medo... Você não venceu, não de verdade, no fim. Tem sido mais difícil escrever essas cartas, e talvez esse seja o motivo."
Mas, existe uma luz no final do túnel, e ela consegue, com a força dos seus amigos, a reencontrar a sua voz.
Xoxo
Mia Fernandes