Patrini 05/05/2015Resenha A Escolhida - Amanda Ághata CostaHá algum tempo eu conheci a Amanda. E, gente, que pessoa incrível! Quando ela aceitou fazer parceria com o blog eu fiquei imensamente feliz, porque estava muito curiosa com a sinopse do livro escrito por ela. Como é bem meu tipo de literatura, eu já esperava gostar. O que eu não imaginava nem nos meus sonhos é que eu ia me envolver tanto com a história e seus personagens, que eu ia começar a leitura e não iria mais conseguir me desprender desse universo!
Ari sempre soube que não era uma garota como outra qualquer. Ela foi abandonada por seus pais desde muito cedo, e ficou sozinha com toda a sua maldição. Até ser encontrada por Lina, a mulher que a tirou das ruas. Nem mesmo o bom coração da senhora, no entanto, foi capaz de mudar a sede de poder e sangue que Ari possuía desde sempre: ela sentia prazer em matar, e isso não era nenhum segredo ou vergonha para ela. Era simplesmente parte de sua natureza. Num belo dia, porém, o destino acaba por lhe pregar uma peça. Em uma de suas caçadas, a menina é abordada por dois desconhecidos, que exigem sua presença em um tipo de grupo, que eles chamam de Círculo. Sem alternativas, Ari se vê obrigada a segui-los, para poupar sua vida. Nesse lugar ela descobre feiticeiros, mentiras, crueldade, mas muito mais do que isso: lá ela consegue finalmente perceber que ela não está completamente perdida ainda. Ali, no meio de pessoas estranhas que aos poucos vão fazendo parte de um família que Ari nunca teve, ela entende que ninguém é extremamente bom ou mal, e que sempre há uma escolha.
Eu confesso que é muito difícil pra mim sentar aqui na frente do computador e colocar em palavras, que vocês possam compreender, tudo que eu senti lendo esse livro. Eu já comecei essa resenha uma dezenas de vezes, e nunca consigo terminá-la, porque sempre penso que não é o suficiente. O que eu posso dizer, sem medo de não ser entendida, é que este livro ganhou meu coração.
Amanda construiu um mundo paralelo dentro de sua história. Um mundo onde tudo que importa é o poder e a dominação; um mundo onde não existe piedade ou perdão; um mundo onde suas escolhas decidem seu destino para sempre. Mas o mais interessante, são os seres que habitam esse mundo, e que fogem completamente a essas regras. Eles prezam pela bondade, pela irmandade, e protegem-se uns aos outros como se fossem parte de uma imensa família. Independente dos erros e acertos de cada um, sempre há espaço para a compreensão. É incrível o quanto a autora nos ensina nesses páginas. Nos ensina valores que serão levados pelo resto de nossas vidas; nos dá a chance de conhecer os dois lados que sempre existem dentro de cada ser, e não julgar por precipitação. A cada página lida eu me encantava mais pela escrita da Amanda, e por tudo aquilo que ela conseguiu colocar para além das linhas em nossa frente: por aquilo que ela conseguiu despertar dentro de mim no decorrer da leitura. Uma sensação de preenchimento e aceitação, que é tão rara nos dias de hoje.
Ari é uma protagonista extremamente forte, que mexeu com todo meu equilíbrio. Contraditória, ela por vezes mostra-se dura e incapaz de sentir, e em outras ocasiões mostra seu verdadeiro lado; uma garota sensível, que acima de tudo deseja encontrar um lugar para si. Ela foi a personagem com a qual mais me identifiquei no decorrer da narrativa, e eu não consegui odiá-la em momento algum, mesmo quando ela própria pedia por isso. É quase cruel a forma como ela martiriza a si mesma, é extremamente desolador vê-la julgando a si e às suas atitudes como se não houvesse mais solução para ela. Mas também é lindo ver toda a evolução pela qual a personagem passa ao longo da trama; é impressionante notar as mudanças que ocorrem em seu coração, e, principalmente, em sua alma. É fascinante ver o modo com ela se entrega de corpo e peito abertos ao sentimento novo que ela experimenta conforme o desfecho se aproxima. E é gratificante ver o quanto ela faz bem a si mesma conforme o enredo se desenrola. No momento em que estou aqui, escrevendo para vocês, estou sorrindo, por lembrar de cada cena protagonizada por essa garota, que se culpa por sua natureza, mas que compreende que não precisa estar fadada à morte durante toda sua vida. O mais bonito na Ari é a forma como ela, com muito esforço, consegue perdoar a si mesma, e é isso que eu vou levar dela, é por isso que ela me marcou para sempre.
Luke, ah Luke, é tão complicado falar dele. O garoto me fascinou. É isso, simples assim. Logo no momento em que ele apareceu na história pela primeira vez, eu pude perceber o tanto de bondade e generosidade que emanava daquele ser, além de seu caráter inabalável, sua coragem gigante, sua humildade permanente e seu coração que de tão grande mal cabia dentro do peito. Tudo com Luke é assim: sempre existe uma alternativa. Não importa quantas vezes você foi obrigada a errar, não importa quantas vezes você se perdeu, sempre há um jeito de se encontrar novamente. Em qualquer situação, a luz no fim do túnel vai estar lá para te guiar, você só precisa querer enxergá-la. E sabem qual a coisa mais bonita no Luke: ele próprio é o porto-seguro de muita gente. Da Ari, principalmente. O modo com que ele se dedica a ela, a forma como ele acredita que ela pode ser melhor, o jeito que a olha, a toca e sorri pra ela, a maneira como a faz acreditar mais uma vez na vida e no amor, é encantadora. Todo mundo merecia um Luke em sua vida, é o que eu acho. Todo mundo aprenderia com ele, mudaria por ele, e seria uma pessoa milhões de vezes mais linda por causa dele.
É claro que, como em todas as histórias, também existem os vilões, aqueles seres desprezíveis que só se importam consigo mesmos. Nesse caso, estamos olhando para o Egran. O homem é a maldade em pessoa. Não importa quanta gente ele tenha que exterminar, não importa contra ele quem ele deva ir, não importam princípios ou valores, tudo que ele quer é o poder, e se para alcançá-lo ele precisar passar por cima de seu próprios povo, ele o fará sem pensar duas vezes. Cruel e sádico, ele emana a aura negra que existe em sua volta aonde quer que vá. É sem dúvida nenhum um homem sem escrúpulos ou compaixão, de coração gelado. Não existe lado bom no Egran, não se engane, ele usa de qualquer artifício para alcançar seus objetivos e fazer valer suas vontades. Ele manipula as pessoas como fantoches, e quando não precisa mais delas as descarta como se não fossem nada. Egran é a essência do mal.
Ninguém odeia Egran mais do que Vincy, irmã de Luke. Ele destruiu sua vida, e a propósito dela é fazer o mesmo com ele. Suas amigas, claro, estão dispostas a ajudá-la no que for preciso. Juntas, elas são fortes, e unidas sabem que podem vencer. É tão maravilhoso ver como as garotas se completam. Elas encontram alegria em qualquer ocasião, encontram força uma na outra e permanecem juntas independente do que precisarem enfrentar. É uma amizade que não morre, que é quase amor. E isso é lindo, é contagiante, é esplêndido, é um exemplo e tanto.
Cada personagem do livro, e isso é o que eu adorei em A Escolhida, tem algo a nos ensinar, mesmo aqueles como o Egran. Cada um deles salta das páginas para o nosso lado, nos pega pela mão e nos guia por caminhos inimagináveis, cheios de lições que se aplicam em nossa vida real, cheios de encantos que nos fascinam e nos fazem perceber que a vida é muito mais do que conseguimos ver. A Amanda construiu seus personagens em cima das características mais marcantes de todo ser humano, e por isso é tão fácil e inevitável nos ligarmos a eles: cada um tem um pedaço de nós. Conseguimos nos enxergar em todos eles, de uma forma ou de outra. Eu nunca havia me sentido deste modo em leitura nenhuma, por isso eu posso afirmar: Amanda não criou apenas uma história de fantasia, ela criou um manual de como ser um humano. Humano com defeitos e qualidade, com fraquezas e forças, com o bem e o mal. Ela nos mostrou que nós é quem escolhemos nossos caminhos, que nós somos nossos maiores exemplos. E que apenas quando conseguirmos compreender nossos desejos e personalidades é que poderemos nos doar aos outros e fazê-los felizes. A felicidade, eu aprendi, é uma questão de escolha. Obrigada, Amanda!
Quanto à trama, eu acho que ela não poderia ter sido melhor desenvolvida. A autora soube conduzir sua narrativa de modo que vamos conhecendo seu desenrolar aos poucos. A Amanda não nos entrega todas as informações logo de início: elas são dadas em um conta-gotas, uma a uma, até encaixarmos tudo ao final. E isso foi uma das partes mais positivas no enredo. Eu virava as páginas e queria sempre mais, porque as perguntas não paravam de surgir. Nós descobrimos tudo ao mesmo tempo que os próprios personagens, e isso nos aproxima ainda mais da história, torna tudo ainda mais envolvente. Quando for ler A Escolhida, escute meu conselho, tenha tempo sobrando, porque você não vai conseguir pensar ou fazer outra coisa antes de chegar ao final da história.
A diagramação é maravilhosa. Vocês podem notar isso logo pela capa. Cheias de detalhes, com um jogo de cores incríveis, que combinam perfeitamente com o conteúdo do livro. Não encontrei erros de revisão, o que é sempre muito positivo. Enfim, tudo no livro é perfeito, desde o design até a trama, não há pontos fracos.
Eu me despeço de vocês por aqui, e espero realmente que eu tenha conseguido colocar nessa resenha a enxurrada de sentimentos que me pegaram desprevenida ao realizar a leitura. Tenho absoluta certeza que vocês, assim como eu, também serão sugados para o universo de Ari, e ficarão lá, presos por vontade própria. É impossível concluir essa leitura, e simplesmente esquecê-la depois. Dessa vez não existem escolhas: você vai se encantar, se emocionar, chorar e rir, e, acima de tudo, vai se apaixonar!
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