Meir 03/02/2022Uma história sem começo e que nunca terá um fim? - Olhe para ele! Olhe para ele! Ele começou uma história sem começo e que nunca terá um fim. Olhe para ele!
No dia após seu vigésimo primeiro aniversário, Anodos encontra o caminho para o Reino das Fadas, embarcando em uma viagem que muito se assemelha à de Alice no país embaixo da terra. Na verdade, trata-se de uma excelente comparação. Phantastes nos revela como um conto de fadas nonsense, tal como a obra de Lewis Carrol, mas, para adultos.
Repleto de expectativas, o jovem de 21 anos adentra um reino cheio de mistérios e perigos, nos mostrando uma Faeria que fica longe do que a Disney implantou no nosso imaginário. O Reino das Fadas é, na verdade, inesperado e a floresta, indomável. Ao mesmo tempo, há coisas em comum com nosso mundo, como um certo cavaleiro diz a Anodos:
" - De certa maneira ou de outra, apesar da beleza do país das fadas em que nos encontramos, há muita coisa errada com ele. (...)
- Porém nem sempre há um final feliz - arrisquei-me a comentar.
- Talvez não - concordou o cavaleiro -, analisando o ato individual, mas o resultado em sua vida vai satisfazê-lo."
O livro todo é repleto de tais diálogos reflexivos e até mesmo cenas bastante enigmáticas (como a da mulher velha com olhos jovens, a história de Cosme e a moça do espelho, a mocinha com o globo mágico), que faz o leitor querer ler mais de uma vez, até escavar seus possíveis significados.
A história não nos deixa sem tais respostas. Basta olhar bem, e é possível encontrar aqueles segredos das fadas que George McDonald queria que nós encontrássemos.
Ademais, a importância do livro está além de sua beleza estética como história (e, de fato, é um livro belíssimo). Trata-se de, possivelmente, a mãe de todas as histórias de fantasias modernas que temos hoje. É possível que não falássemos de O Senhor dos Aneis, ou As Crônicas de Nárnia se Phantastes não tivesse sido escrito. Como o próprio Lewis comenta, George McDonald "batizou" a sua imaginação. E, agora, anos depois, ele batizou a minha.
"O grande Sol, incivilizado,
Do céu pode despencar;
Porém o amor, uma vez elevado,
Para sempre irá perdurar."