Marcel.Trocado 15/08/2023
LUZIA-FORTE
Ao contrário do que sugere seu apelido, Luzia-Homem não é robusta e grosseira, mas sim de formas esbeltas e graciosas como as morenas do sertão. Ela surpreende pela força física que emprega no trabalho braçal, no qual poucos homem se equivalem.
No ano de 1878, a história inicia com a protagonista, em meio a alguns homens, trabalhando na construção do presídio do Curral do Açougue no Ceará. A destreza e força de Luzia descendem do seu passado na lida com o gado, na época que seu pai era vivo. Após o falecimento dele, a vida não será nem de longe fácil, com a mãe enferma e sem posses, Luzia é vista pelas mulheres como bruta, porém não deixa de ser notada por dois homens completamente diferentes: o honesto e trabalhador Alexandre, e o temido Crapiúna, um soldado insolente.
O cenário de fundo é de miséria, num sertão castigado pela seca histórica de 1877-78. O Ceará foi o que mais pereceu neste período, sendo dessa forma um território de constante fluxo de retirantes em busca de melhores condições de vida. Domingos Olímpio, autor deste livro, para além desse fato marcante, descreve o sofrimento de Luzia diante do amor de Alexandre, do qual não é correspondido, e as perseguições de Crapiúna.
Luzia não fora feita para amar, pois sua preferência é dedicar sua vida a mãe enferma, seu destino também era penar no trabalho e por isso é considerada máscula, estigmatizada pela sociedade da época. Sua trajetória irá concluir num fim trágico e por essa e outras características trata-se de um romance naturalista, sem a pretensão de defender ou protestar a situação vivida, apenas mostrar o Brasil nos seus mais variados aspectos.