Li 25/08/2011DESAFIO LITERÁRIO 2011 - AGOSTO - CLÁSSICOS DA LITERATURA NACIONAL *LIVRO EXTRA*Sinopse: Luzia-Homem é um exemplo do naturalismo regionalista. Passado no interior do Ceará, nos fins de 1878, durante uma grande seca, vai contando a história da retirante Luzia, mulher arredia, de grande força física (o apelido Luzia-Homem provém desta força que lhe permitia trabalhar melhor que homens fortes). Marcado pela fala característica dos personagens, Luzia-Homem mantém duas características clássicas do naturalismo por toda obra: o cientificismo na linguagem do narrador; e o determinismo, teoria de que o homem é definido pelo meio.
Estava procurando um livro interessante entre os de uma coleção de minha avó e me interessei por este... Nem imaginei ser uma obra naturalista, mas gostei de ter escolhido pelo título, gosto muito dos livros desta vertente!
Bom, o livro não é dos melhores do naturalismo, achei a forma muito parecida com os do romantismo, mas mesmo assim é interessante de ler. O drama dos mais necessitados está presente no livro inteiro, mas para se ver mais especificamente os da seca, só mais para o final mesmo, nos primeiros capítulos tudo é muito genérico, pelo menos eu achei.
De qualquer forma, a história até que é interessante e os personagens são bem palpáveis, alguns carregam no enredo uns fatos dignoS de novela, mas mesmo isso não são acontecimentos impossíveis.
A personagem Luzia, que dá título ao livro, é que foi quase romanesca mesmo. O autor tentou quebrar isso dando força bruta a ela, mas em muitas vezes quase vi a Iracema de José de Alencar. Explico. Iracema corria como a ema selvagem, assim como Luzia era capaz de carregar 50 blocos de tijolo na cabeça... Apesar de não ser uma graciosidade, é uma idealização, não?! Rs.
O trecho que escolhi é exatamente sobre ela, e um momento bem naturalistas mesmo... e machista! Bom, tenho que lembrar que era século XIX...
"Sentia-se incapaz de amar; carecia-lhe a fraqueza sublime, essa languidez atributiva da função da mulher no amor, a passividade pudica, ou aviltante de fêmea submissa ao macho, forte e dominador, irresistível (...). Dera-lhe Deus músculos possantes para resistir, fechara-lhe o coração para dominar, amando como os animais fortes: procurar o amor e conquistá-lo; saciar-se sem implorar, como onça faminta caindo sobre a presa, estrangulando-a, devorando-a. (...) Não, não fora feita para amar. Seu destino era penar no trabalho; por isso fora marcada com estigma varonil; por isso, a voz do povo, que é o eco da de Deus, lhe chamava Luzia-homem."
Depois disso, Luzia só vai ficando mais “mulherzinha” e o fim é tão tipicamente... romântico! Enfim.
Acho que o melhor exemplo do naturalismo é mesmo O cortiço, de Aluísio Azevedo, e do drama da seca, O quinze, de Rachel de Queiroz... Mas mesmo assim, se você tiver paciência de ler textos pouco diretos, porque Olímpio acaba dando mil voltas antes de relatar o fato em si (o que acho típico dos autores românticos), vale a pena ler!
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