spoiler visualizarThalia58 05/03/2023
História sobre amizade, coragem, desenvolvimento pessoal. Bilbo sem dúvida é meu hobbit favorito.
Essa é uma das minhas histórias favoritas. O hobbit não é apenas uma história de aventura e fantasia, mas principalmente uma história de amizade, coragem e desenvolvimento pessoal. O personagem principal é Bilbo, um hobbit caseiro e sossegado que se vê diante de uma jornada aventureira com anões, orcs, elfos, os humanos, um dragão e muitas presepadas.
Das muitas coisas que chamam a atenção no livro, está a linguagem que o autor utiliza. É como se você estivesse sentado numa roda de fogueira escutando um avô contando a história. Em vários momentos, o narrador envolve e inclui o leitor na história fazendo perguntas ou comentários como esse:
“Foi bem nesse momento que Bilbo de repente descobriu o ponto fraco de seu plano. É muito provável que vocês já tenham percebido há algum tempo, e estejam rindo dele, mas não acho que teriam feito nem a metade em seu lugar. [...].”
Apesar de ter vários momentos pesados na história, com mortes e outras coisas, o livro tem a todo momento um alívio cômico, então a leitura fica divertida. Gosto também das tiradinhas e das alfinetadas que tem ao longo do livro por parte de praticamente todos os personagens.
É bem incomum em uma história de aventura que os personagens sejam pessoas mais velhas e acho isso bem legal. Bilbo tem cerca de 50 anos na história e isso mostra que dá pra escrever para todas as idades mesmo que os personagens sejam mais velhos.
Outra coisa interessante é que os personagens não são totalmente bons ou totalmente maus (exceto os orcs), o que torna a história mais real. Eles se irritam, ficam com raiva, com medo, se divertem, reclamam, enfim. Até mesmo Gandalf, um mago, tem suas limitações. E em relação ao desenvolvimento pessoal, Bilbo é o meu hobbit favorito porque apesar de todo o medo e vontade de voltar para casa, ele nunca abandonou os amigos. Mesmo depois de ter encontrado o anel, ele poderia ter ido embora diversas vezes, mas nunca fez isso. Ele se arrisca para conseguir a paz no final e evitar uma guerra, apesar de a paz ter chegado de outra maneira, não se torna avarento e inclusive recusa o ouro que seria sua parte por ter cumprido seu papel na empreitada. Ele é um hobbit extremamente sagaz, engenhoso e muito sortudo.
Quando ele volta para sua casa, quase todos os outros hobbits não o consideram mais como respeitável, e sim como excêntrico e estranho. E apesar disso, ele vive sua vida sem se importar com esse tipo de comentário e com a exclusão em parte da sociedade em que vive. Talvez se ele não tivesse ido na aventura, ele teria continuado como ‘respeitável’, mas não aprenderia muitas coisas e com certeza viveria arrependido. Podemos aprender muito com Bilbo. Dá pra fazer uma comparação com cidades pequenas e de interior que tem esse medo do que é de fora ou do que é diferente.
Gosto da estratégia de Gandalf para conseguir a ajuda de Beorn, o homem-urso, me pareceu a mesma estratégia utilizada por Sherazade em Mil e uma noites.
A história mostra também o que o poder e o dinheiro fazem com as pessoas, no caso do Senhor da Cidade do Lago e com Thorin. Achei fofo que no final Thorin percebe como estava errado e inclusive se desculpa com Bilbo para que eles não se despedissem como inimigos.
E uma das minhas falas favoritas é a última conversa do livro entre Gandalf e Bilbo, em que Gandalf fala “Você é uma ótima pessoa, Sr. Bolseiro, e gosto muito de você; mas, afinal de contas, você é apenas uma pessoazinha neste mundo enorme!” e ele responde “Ainda bem!”. Mostra que nós somos apenas parte de um todo e que eles têm consciência disso.
Este é um livro que vale a pena ler e se você quiser entrar no universo do Senhor dos Anéis, recomendo O hobbit como porta de entrada.