Flávia Menezes 16/11/2022
TOLKIEN... QUE SUA BARBA NUNCA FIQUE RALA!
?O Hobbit?, do filólogo, professor e escritor J.R.R. Tolkien, começou a ser escrito no início dos anos 1930, quando o autor ainda buscava por uma carreira acadêmica na Universidade de Oxford, mas a sua finalização apenas se deu dois anos depois.
Muito antes de ser publicado, essa história infanto-juvenil tão cheia de personagens fantásticos, ainda foi emprestada e lida por alguns dos melhores amigos do autor, incluindo o grande escritor C.S. Lewis, para ganhar sua publicação apenas em 1937, conquistando o seu primeiro fã, Rayner, um menino de 10 anos e filho de um dos donos da editora que publicou a obra, e aquele que bateu o martelo para abrir as portas para o grande mestre da fantasia, Tolkien.
E não é à toa que J.R.R. Tolkien inspirou tantos outros escritores, como foi o caso de J.K. Rowling. Suas histórias são cheias de fantasia, porém, também repletas de sentimentos humanos, dessa eterna luta do bem contra o mal, que faz com que seus leitores se identifiquem com muita facilidade.
Quando falamos em um escritor grandioso como Tolkien, sempre nos vem à mente suas obras mais famosas, tais como ?O Hobbit? e a trilogia de ?O Senhor dos Anéis?, mas mais do que pensar nele como o pai da literatura fantástica, sua herança para todas as gerações futuras é de ser um escritor que se debruçou tão apaixonadamente sobre a sua obra, que não criou apenas histórias, criou todo um mundo!
Confesso que ler ?O Hobbit? me fez sentir como se eu tivesse perdido alguma coisa, porque são tantas informações, tantas histórias que parecem ter vindo antes, tantos reinos, que me senti com vontade de recorrer a algum outro livro do autor que pudesse me orientar e instruir sobre esse universo novo no qual eu fazia a minha estreia.
A única obra que eu tinha lido de Tolkien, foi ?Cartas para o Papai Noel?, que foram as reuniões de cartas que ele escrevia para os filhos todos os natais. E essa é uma obra infanto-juvenil que eu realmente me apaixonei. Mas além dela, eu só havia tido experiência com a obra dele, vendo os filmes da trilogia de ?O Senhor dos Anéis?, e por ter lido a sua biografia.
Sendo assim, confesso que me senti entrando em um mundo novo, onde eu não conhecia muito sobre os personagens, muito menos das suas histórias, e nem sequer fazia ideia de para onde tudo aquilo iria me levar. Então, tentei esquecer um pouco do que eu já tinha visto nos filmes (algumas coisas foram quase impossíveis de deixar para lá, por exemplo, ficar esperando que o fato do Bilbo usar o anel o colocaria em risco), e mergulhar nessa aventura (de grego!) sem pensar muito, apenas me deixando ser conduzida.
Primeiramente, eu tenho que confessar que não esperava que ?O Hobbit? fosse uma história tão infantil assim. Mas isso não é algo que me incomode em nada. Eu gosto de me aventurar em livros que sejam mais leves, e repletos de imaginação. Mas, mesmo assim, preciso dizer que não foi uma história que eu tive muita facilidade para me entregar.
Não que exista algo de errado com a história, porque obviamente não há. Mas não houve uma conexão fácil, e por diversas vezes, durante a leitura, eu me dispersava a ponto de ter que ler várias vezes o mesmo parágrafo, porque eu não conseguia (mesmo!) me fixar no que estava acontecendo.
Mas isso é algo muito pessoal, e que não me faz perder nenhum pouco a vontade de me aventurar em outras obras escritas por ele. Mas que me faz pensar que preciso me preparar mais para poder me entregar de corpo e alma à leitura dos seus livros.
A única coisa que me deixou impressionada com a história, porque não imaginava que seria assim, é que alguns dos grandes conflitos tinham sua definição muito rápida. Por exemplo, os anões e o Bilbo passaram um tempão pensando em como derrotar o dragão, daí vem um arqueiro chamado Bard, e resolve o problema. Fácil assim!
Assim como no final, quando uma grande batalha acontecia, e uma pedra cai na cabeça do Bilbo, e quando ele acorda, tudo já está resolvido! Claro que essa parte, sobre esse momento de tanta aflição da batalha, quando Bilbo perde a consciência, é algo que me deixou bastante pensativa. Afinal, como seria bom se, na vida real, as coisas também fossem assim, não é mesmo? Você está passando por um grande problema, o qual não sabe como vai resolver, daí algo cai na sua cabeça, você desmaia, e quando acorda, tudo está resolvido! Não seria ótimo? Eu acho que isso seria perfeito! (rsrs)
Um dos meus personagens preferidos nessa história foi o Beorn! Ele tinha uma energia tão gostosa, divertida, e ao mesmo tempo tão intensa, que me afeiçoei a ele, muito embora ele nem tenha aparecido tanto assim. Mas como eu amei esse personagem!
Minha nota 4,5 não foi pelo livro em si, porque ele vale muito mais do que 5 estrelas, especialmente porque Tolkien é um mestre, e o que ele construiu foi algo tão grandioso, que não tem como ler algo assim sem ver tamanha genialidade e cuidado com uma obra.
Mas, o que me faz dar essa nota, é apenas para lembrar que nem sempre nós estamos na mesma sintonia que a história. E às vezes, isso pode sim nos fazer sentir desconectados. Comigo foi assim, mas, por sorte, não me fez perder nada da grandiosidade de uma história tão completa, e tão cheia de amizade, lealdade, e de bons corações.
É, Tolkien. Como diziam os danadinhos daqueles anões, que suas barbas nunca fiquem ralas!