Maris 23/10/2009
Assim como a maior parte das obras de Platão, esta fala sobre seu mestre, e o mostra perfeito, infalível, como também é de praxe. Mas ainda assim é sempre prazeroso acompanhar as impecáveis linhas de raciocínio de Sócrates em diálogos e discussões, mesmo sabendo que ele provavelmente não era tão competente assim. É mais ou menos como ler os evangelhos, que mostram um Jesus certamente distorcido pela visão idolátrica de seus apóstolos. Aproveitando a comparação, Sócrates é uma espécie de Jesus da filosofia, com sua condenação por meramente levar a verdade às pessoas, sua morte injusta porém abnegada, seus discípulos sempre por perto, sendo através dos quais que se sabe tudo o que dele se conhece, seja mentira ou verdade, pois o próprio não deixou nada escrito, sua fama e aclamação pouco após sua morte, dentre outros fatos. Entre as pequenas diferenças nas duas histórias, está o fato de Jesus alegar ser filho de Deus, e fazer milagres, de modo que, se tais coisas forem mentira, ele será reduzido a apenas um grande pensador. E é exatamente isto que ele deveria ser considerado, até que fossem comprovados seus milagres, o que parece estar cada vez mais longe de ser conseguido.