spoiler visualizarRafael 15/03/2013
Apologia de Sócrates
Esta obra escrita por Platão trata da defesa realizada por Sócrates, em seu próprio julgamento diante de um júri de Atenas, ao ser acusado de corromper a juventude, e de pregar a crença em outros deuses, que não eram reconhecidos pelo Estado. A obra é dividida em três partes: Sua defesa diante das acusações, e diálogo com Meleto; a opinião de Sócrates a respeito da pena que merece; e sua despedida do tribunal.
Sócrates inicia sua defesa ressaltando que não possui experiência em tribunais, e se considera um estranho no modo de falar deste ambiente. Contudo, apoia sua defesa exclusivamente na expressão da verdade, afirmando que seus acusadores não teriam tal compromisso, e que se utilizariam da retórica para persuadir o júri em prol de interesses próprios. Sócrates lembra que existem acusações antigas e recentes em relação a si, e que vai procurar inicialmente se defender das primeiras, consideradas por ele próprio as mais temíveis, pois que estas calúnias perduraram através dos tempos até os idos de seu julgamento. Assim prossegue informando a primeira acusação: "Sócrates comete crime e perde a sua obra, investigando as coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais débil, e ensinando isso aos outros". O filósofo então explica com maestria, que é completamente sem sentido esta acusação, inquirindo aos presentes se já o testemunharam na prática do que fora acusado.
Sócrates chega a mencionar que em sua ida a Delfos, Querofonte indagou ao Oráculo se havia alguém mais sábio que o próprio Sócrates. A resposta foi não. Sócrates não se considerava um sábio, e por isso foi encontrar-se com os que ele considerava verdadeiros sábios, para que fosse comprovado ser ele mais ignorante que os demais. Porém à medida que ia interrogando-os, nenhum deles mostrava-se digno de receber a alcunha de sábio. Este comportamento, todavia, acabava por disseminar o ódio, à medida que iam sendo desmascarados. Talvez por isso gerando uma série de calúnias pelas quais agora Sócrates tem que responder.
Sócrates também se defende da acusação de corromper os jovens, explicando que se os jovens ociosos, e os de família rica gostam de segui-lo, não teria ele culpa, se por conta própria, estes jovens começassem a falar e examinar a população como ele o fez. A defesa transcorre, e inclui uma discussão acalorada entre Sócrates e Meleto. Entretanto, mesmo diante de muito boa argumentação, Sócrates é condenado pelo júri, porém por uma pequena margem de diferença apenas.
Agora o filósofo discorre sobre a contraproposta de pena que deveria fazer, para que não lhe seja aplicada a pena capital. Sócrates sugere que seja sustentado, às custas do Estado, no Pritaneu, pois acredita que sempre procurou fazer o bem. Ressalta que merece-o mais até do que aqueles que foram vencedores nos jogos Olímpicos, pois que estes não têm necessidade que cuidem de suas subsistências, e como Sócrates nunca teve como prioridade de vida o acúmulo de riqueza, este tem necessidade. Entretanto para ele não há tempo hábil, para que se possa persuadir o júri de que isto seja de fato merecido, correndo o risco de parecer inclusive arrogante. Mas não importa onde quer que vá, pois caso recuse-se a proferir seus discursos aos jovens, além de estar em desobediência com Deus, estes o expulsarão; se pelo contrário, continuar com seus sermões, os pais destes jovens é que o expulsarão sob quaisquer pretextos.
Por fim Sócrates se despede do tribunal e, durante suas considerações finais, convida as pessoas, que votaram por sua absolvição, que passem estes últimos momentos em reflexão consigo, e que desfrutem de uma última conversa, enquanto os magistrados estão ocupados, pois que nada os impede. Assim Sócrates continua com algumas reflexões sobre a vida e a morte. A obra de Platão encerra-se com uma frase emblemática do poeta: "É a hora de irmos: eu para a morte, vós para as vossas vidas; quem terá a melhor sorte? Só os Deuses sabem."