Gabi 12/11/2021
José De Alencar de um modo não tão diferente.
Não considero Aurélia feminista porque seria um anacronismo mas, também não a considero um pariu justo para outras cardeais personagens da literatura, como Capitu e Anna Karienina, por exemplo, as quais se destacaram por seus feitos e surpresas.
Aurélia surpreende, entretanto, no meu ponto de vista, pelos motivos errados. O que Aurélia faz é viver, pelo menos até a parte narrada no livro, em função de uma vingança para com um homem que, claramente, não a merecia. O que Aurélia faz é um plano mirabolante para tentar provar algo que, claramente, ele não precisaria provar. O que Aurélia faz é deixar de procurar alguém que a valorizasse para gastar suas forças e seu dinheiro por um alguém que outrora a desprezou, engendrando um cenário desconfortável; o qual ela, seguramente, não precisava passar.
E, tudo isso, para que? Para, ao final, humilhar-se por ele.
Mas o que esperar de um autor, que em vida, fora contra o abolicionismo, posicionamentos conservadores e antifeminista? O sol continua a se por no mesmo lugar de sempre, nada de novo.
Não obstante, a resenha não é de todo negativa, é um dos melhores livros do José que li, tanto pela escrita quanto pela criatividade.