@highclary 07/12/2020
contém spoiler
O George Maguire é muito perdido, esse livro é recheado de momentos sem pé nem cabeça. Tem partes na história que você precisa ler duas, três vezes pra entender, e algumas nem assim você consegue. O pior é que não são pedaços inúteis em que isso acontece, são passagens de tempo, mortes de personagem que você fica sem saber se morreu ou não até três capítulos depois. E como morreu?? esquece, o livro não vai te contar. Outros momentos a escrita parece embaralhada, como se aquela cena não devesse tá ali naquele momento e sim outra, ou a cena devia ter aparecido antes. E pra um livro de 494 páginas, fica a sensação que muitas partes foram cortadas.
O livros é meio dividido em quatro atos com passagens de tempo bem grandes, e um ato dificilmente faz ligação com outro, e o leitor fica perdido. Confusão é a palavra que mais define tudo, ainda mais porque a tal grande profecia não é explicada. Os papéis da Elphaba, Glinda e Nessarose só pairam sem real propósito. A Nessa talvez tenha sido a personagem que mais impactou a história, não no sentido de aparição, mas no cenário de Oz. A Glinda é só uma dondoca da alta sociedade que não faz nada, e quando fez foi dar os sapatos a Dorothy pra ajudar o Mágico. E a Elphaba? Não tem sentido ela ser tão caçada. A mulher viveu a maior parte da vida isolada e escondida. Não fez NADA, ela recusou o título de governante da Munchkinlândia e nem ligava pro povo.
Ela só foi atrás do mágico por causa dos sapatos e ele já conhecia e odiava ela? Porque? Ele nem lembrava que um dia viu a Elphaba na época de Shiz, porque queria ela morta há tanto tempo, a ponto de ter mandado soldados pra vigiar ela na fortaleza? Elphaba viveu sumida por sete anos antes de ir pra Kiamo Ko, e lá nunca chegou a fazer feitiços em público. Ela literalmente só ganhou o título de Bruxa Má do Oeste porquê a Nessarose tinha ganhado antes o de Bruxa Má do Leste. A história basicamente só acontece por causa da Nessa. A Elphaba foi uma consequência. É ridículo. Fora todo aquele bla blá blá chato dela ter ido até Kiamo Ko pra pedir perdão pelo Fyero (ela nem sabia como ele tinha morrido, a família dele nem sabia da existência dela, pra que mexer no que tá quieto?) e passou OITO ANOS LÁ e não falou nada porque a Sarima não queira ouvir. E pior a Elphaba ficou se culpando depois. Tipo?
E esses foram os problemas básicos da história, a escrita não é muito boa, ela é meio sem emoção, e o livro carrega uma sexualidade infeliz que incomoda DEMAIS durante a leitura. Em momentos nada a ver com nada é narrado sobre algum órgão genital, alguma insinuação de abuso, pedofilia, tudo fora de hora, porque na hora que acontece uma cena de sexo ela é narrada por cima. Os piores é quando o Liir quase morre afogado e esfregam banha de porco nele pra tentar salvar, o menino devia ter uns onze anos e passou três dias num poço de água, mas o autor sentiu a necessidade de narrar que enquanto esfregavam a banha ele ficou excitado pela primeira vez. E outra quando a Nor fica muito próxima dos guardas e NINGUÉM fala pra ela se afastar, numa casa com dez mulheres, e durante uma cena que ela leva comida um deles manda ela sentar no colo. E cara a Nor tinha uns 10/11 anos. É só desnecessário e nojento.
O livro tem seus momentos, ele é dividido em 4 "atos" e os dois primeiros são incríveis, mas daí pra frente é só pra trás. O autor perdeu muitas oportunidades e criou uma história perdida e fraca em vez de uma coisa memorável. Parabéns a equipe do musical que usando essa base fez um enredo bem mais coeso e certeiro. E pra quem quer ler o livro por causa do musical, até o segundo "ato" eles tem bastante similaridade, mas a partir daí o livro toma um caminho totalmente diferente. Fica a critério. Mas mesmo com todos esses problemas, foi um livro que eu até gostei, me entreteu, me fez até refletir um pouco, então não me arrependo de ter comprado.