GabrieleLuciani 15/10/2023
Concordo com meu amigo querido Luís Eduardo quando ele diz que faltou tratamento com a memória das mulheres. sei que o objetivo da autora era dar espaço a elas, era permitir que elas falassem. na verdade, como ela mesmo diz, era fazer uma história "da alma", "dos sentimentos" das pessoas comuns na guerra, sem ocultar a parte feia. aí que tá. é claro que o livro não é composto de relatos que foram despretensiosamente jogados ali de qualquer forma. a autora fez seleções, organizou, ocultou, destacou, ordenou e não deixou de fazer comentários, de falar, algumas vezes, sobre os telefonemas, as viagens e os encontros com as mulheres que relataram. ela escreveu, inclusive, sobre seus objetivos e sobre seus próprios sentimentos com relação a memória da guerra. é claro também que não é um livro de história acadêmica. no entanto, gostaria que a autora tivesse discorrido um pouco mais sobre os problemas, os limites, as possibilidades e as sensibilidades de se trabalhar com história oral e memória. gostaria de ler mais sobre o não-dito também. obviamente isso tem tudo a ver com as minhas expectativas como historiadora em formação. isso fica mais claro ainda porque me peguei pensando, várias vezes, sobre como seria interessante ler um texto historiográfico que fizesse uso desses relatos pra debater papéis de gênero na união soviética, além de, claro, abordar questões como imaginário sobre a guerra, censura etc. na verdade, acho que mil coisas podem ser estudadas a partir desses relatos. enfim, de qualquer forma, o livro é muito bom. foi uma leitura gostosa, apesar de muito triste. perdi a conta de quantas vezes chorei. senti muitas coisas contraditórias também. obrigada, sol, pelo presente.