spoiler visualizarMitchy 14/03/2022
Intrigante: a curiosidade supera a complexidade
Como diria Bertrand Russell sobre H. G. Wells, ele foi “um importante libertador do pensamento e da ação”. Esse foi um cara que soube explorar o desconhecido em uma época onde suas ideias poderiam ser consideradas escandalosas, mas ainda eram ricas e muito inteligentes, quase visionárias.
Quando passei por esse livro, não tinha planos para lê-lo, pelo menos não tão rápido quanto acabei fazendo. Contudo, pensei que seria interessante ver a história original na qual basearam o filme “A Máquina do Tempo” (2002), o qual gosto tanto.
Wells parece ser o próprio protagonista do livro, pela imersão da narrativa e pela riqueza da descrição, tanto sobre os lugares quanto pelo emocional (e também por não apresentarem nenhum nome para o Viajante do Tempo).
O narrador em si não é o protagonista e também não tem seu nome revelado (algo que me incomodou um pouco). Contudo, o fascínio com que ele descreve sua curiosidade sobre o avanço da história acaba sendo contagiante.
Algo que me perturbou foi a curiosidade do Viajante e sua ânsia por ir muito além no tempo, sem se contentar em algumas centenas ou milhares de anos. Ele vai para o ano 802.701 e espera encontrar algum sinal de semelhança no planeta em comparação ao que conhece no seu presente. Todas suas expectativas caem por terra e ele passa por pesadas desventuras para conseguir retomar sua máquina do tempo (que é tirada dele pouco depois de sua chegada ao futuro).
O mais absurdo para mim foi que, depois de tudo isso, em vez de ele voltar para casa e para o alento da realidade sobre a qual tem mais familiaridade e conforto, ele vai mais além! Para milhões de anos além! Por que, H.G.? O cara está sofrendo, ferido, sozinho, quase não respira, está com frio, está atordoado e não volta no instante seguinte?
O final, apesar de ser diferente do filme, me trouxe uma sensação parecida de expectativa e um adeus. Me senti como o narrador, esperando pelo Viajante mais uma vez.