Camille.Pezzino 29/05/2020
RESENHA #130: O FUTURO PESSIMISTA
O homem é capaz de mudar o futuro ao saber das catástrofes que o esperam por lá? Essa é uma questão que permeia parte da literatura dedicada a viajar no espaço-tempo e, não por menos, da própria ficção científica.
Ao contrário da maioria dos autores anteriores, com exceção de um, para dizer a verdade, Wells não trouxe magia ou fantasia ao navegar pela quarta dimensão – ou seja, pelo tempo –, mas pura ciência. Essa cientifização de sua obra, não só por ter referências literárias como Mary Shelley, também se explica a partir de seu período histórico, em que o progresso científico tinha ganhado camadas e mais camadas com figuras, como, por exemplo, Darwin e Huxley.
Assim, teorias darwinistas, críticas políticas e referências a literatura greco-latina vão permear o decorrer das páginas desse curto e complexo romance, embora, a sua complexidade possa se perder pela escrita simples e os fatos narrados no ponto de vista de um viajante do tempo decepcionado.
Em toda boa ficção científica, nós encontramos críticas às sociedades dos seus escritores. Com Wells, não ocorre diferente. O escritor de obras como A guerra dos mundos era idealista e socialista, sendo um crítico ferrenho ao modelo capitalista e, para demonstrar sua insatisfação, utilizou-se de armas como a literatura, mais especificamente, com o seu antigo conto reformulado em romance.
Em A Máquina do Tempo, é possível encontrar duas criaturas que teriam se originado dos seres humanos: os Elói e os Morlocks. Os primeiros, belos e sem intelecto, fazem parte de um mundo destinado à perda dos valores humanos; em contrapartida, há também os feios, serviçais e viscerais, que continuam a seguir um padrão de caça e sobrevivência acima de tudo. Nesses dois polos, encontramos a luta de classes entre uma elite – agora, não pensante – e o proletário, muito mais devastado do que no tempo do Viajante.
Dessa maneira, é interessante notar como Wells formula o seu futuro e a sua crítica ao presente. Misturando história, sociologia e biologia, o autor se aproveita da teoria da evolução e da luta de classes para chamar atenção dos seus contemporâneos para um futuro cada vez mais degradado por essa segregação que, por vezes, soa maniqueísta.
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