Gabi 29/12/2016Alguém gosta de você. Você é necessário. Você é amado."Acredite ou não, tenho uma família e amigos que me amam. Já beijei alguns garotos. Se nunca transei, é porque não estou pronta ainda. Não porque ninguém gosta de mim. A verdade é que, enquanto você é cheia de ódio e insignificante, eu sou encantadora. Tenho uma ótima personalidade, sou inteligente, sou forte e corro bem. Sou resiliente. Poderosa. Vou fazer alguma coisa da minha vida, porque acredito em mim mesma. Posso ainda não saber o que é essa coisa, mas só porque não existe limite para mim. Você pode dizer o mesmo?
A vida é muito curta para julgar. Não é sua função dizer aos outros o que sentem ou quem são. Por que não dedicar todo esse tempo a si mesma.
Quanto aos outros, lembrem-se: ALGUÉM GOSTA DE VOCÊ. Grande, pequeno, alto, baixo, bonito, comum, simpático, tímido. Não deixe ninguém dizer o contrário, nem você mesmo.
Principalmente você mesmo."
Após perder a mãe, Libby Strout engordou tanto que acabou presa dentro da própria casa. Levantar da cama se tornava cada vez mais difícil, até o dia em que ela precisou ser resgatada do próprio quarto. Todos sabiam quem era ela: a adolescente mais gorda dos Estados Unidos.
Depois de tratar da saúde ela decidiu voltar à escola, mas ninguém queria ser amigo da garota que precisou ser retirada de casa por um guindaste. Ninguém queria abrir a boca para falar dela se não fossem ofensas ou xingamentos. Ela engordou porque quis. Ela não emagrece porque é fraca.
Jack Masselin tem prosopagnosia. Ele não consegue reconhecer nenhum rosto, nem da própria família, nem dos amigos. Ao desgrudar os olhos de uma pessoa se esquece completamente da aparência dela, no milésimo seguinte. Para não confundir quem é quem, Jack presta atenção no comportamento, na maneira como cada um fala, anda ou gesticula. Sorri e acena para todos os tempo todo - afinal, qualquer um na multidão pode ser um conhecido seu. Além da doença, Jack tem outros problemas com os quais precisa lidar: seu pai está traindo sua mãe. Com uma das professoras dele.
"É como estar todos os dias em uma festa à fantasia onde todos esperam ser reconhecidos."
Jack é descolado e popular, convive com amigos babacas, mas não gosta de nada disso. O garoto não consegue ser ele mesmo. Ninguém enxerga o Jack que sofre pela família desmoronando. Ninguém enxerga o Jack que, diferentemente de todo mundo, torcia pela vizinha gorda que precisou ser resgatada da própria casa. Ninguém enxerga o Jack que escreveu uma carta (sem assinatura) para ela dizendo que torcia para que tudo desse certo. Ninguém enxergava o verdadeiro Jack. Até Libby conhecê-lo.
Libby e Jack são personagens fora da curva, tão bem construídos dá para imaginá-los como pessoas reais. A história também é bem montada mas não é impressionante. O que faz de Juntando os Pedaços um livro único (lindo, maravilhoso e perfeito) é Libby Strout, a garota gorda que te mostrar que você não precisa ser de aço para conseguir superar suas dificuldades. A garota que vai te ensinar que não é necessário ter vergonha de ser quem você é, seja lá muito gorda, muito magra, de cabelo enrolado, curto, longo, seja lá alta ou baixa, de qualquer etnia ou religião.
"Alguém gosta de você. Você é necessário. Você é amado."
Libby é uma das personagens mais bem empregadas que já tive o prazer de encontrar num livro. Libby é um exemplo. Libby é um orgulho!
O Jack é ok. O romance deles é ok. O desenrolar dos acontecimentos é ok. É sério. Essa menina carrega a história nas costas. Juntando os Pedaços é por inteiro Libby. (Posso até dizer que, na verdade, gostei dela e nem tanto do livro).
Porque Libby é ela mesma. Libby se aceita. Libby se ama.
"A vida é muito curta para julgar. Não é sua função dizer aos outros o que sentem ou quem são."
Nós deveríamos ser como ela, a garota gorda que não tem medo de colocar um biquíni roxo e desfilar pela escola. A garota que não tem pudor em dizer que é GORDA porque não há nada de vergonhoso nisso. Não há nada de vergonhoso em ser você mesmo.
Eu já amava incondicionalmente Jennifer Niven depois de Por Lugares Incríveis. Depois de Libby nem preciso dizer mais nada...
"Ninguém nunca mais vai me dizer que não consigo. Assim como ninguém devia dizer a você o que pode ou não fazer."