Leticia Zampier 08/08/2013O livro começa com Esther em NYC, trabalhando em um estágio de um mês para uma revista de moda muito famosa. Apesar de feliz com a oportunidade é possível perceber que ela não sente que seu lugar é ali. Durante a narrativa é possível perceber como ela está perdida quanto ao que ela quer, quanto ao que ela é, quanto ao seu futuro e seu papel no mundo.
Num primeiro momento, enquanto ela está em NYC, vão se mesclando acontecimentos do presente e lembranças do passado, o que nos permite conhecer um pouco mais sobre Esther, sobre o seu relacionamento consigo e com os outros, principalmente com a família.
Até que chega o momento de ela voltar para casa. Chegando lá uma notícia desencadeia uma reação lenta e inesperada: Esther não consegue mais escrever (sim, ela gostaria de ser uma poeta), aos poucos vai perdendo a vontade de comer, começa a ficar demais na cama, fica dias sem lavar o cabelo... Ou seja, ela perde a vontade de viver. Não por causa da notícia que ela recebeu ou de alguns acontecimentos que precederam sua partida de NY, mas uma junção de inúmeros fatores que foram tomando conta dela, tão lentamente, que quando ela percebeu, já não conseguia mais dormir.
O livro não é leve. Mas ao mesmo tempo, ele não trata a doença com emoção. É como se houvesse um certo distanciamento clinico entre a narrativa e os acontecimentos, mesmo sendo em primeira pessoa. Isso só contribui para a descrição de Esther de o que seria o estado em que ela se encontra:
"If Mrs. Guinea had given me a ticket to Europe, or a round-the-world cruise, it wouldn't have made one scrap of difference to me, because wherever I sat - on the deck of a ship or at a street café in Paris or Bangkok - I would be siting under the same glass bell jar, stewing in my own sour air."
Ou seja, não importa as circunstâncias externas, o mundo não tem mais importância. É como se um jarro de vidro tivesse decido sobre ela e ela não pudesse sentir mais o mundo do mesmo jeito das outras pessoas. Ela só pode sentir a si mesma e, no momento, é a última pessoa com quem ela quer estar.
Depois de alguns acontecimentos Esther vai parar em uma série de hospitais e é muito interessante ver essa dinâmica dela com os médicos e com os outros pacientes.
É um livro extremamente psicológico, indicado para quem tem estomago, paciência e interesse. Só perdeu meia estrelinha porque eu achei que existem muitas histórias e personagens desnecessários, mas como é um livro "autobiográfico" eu relevei, por isso não perdeu uma estrelinha inteira.
site:
http://escolhendoseulivro.blogspot.com.br/2013/08/resenha-bell-jar.html