Larissagris 24/06/2020
🔎 "Outras mulheres haviam ganhado a aposta com a natureza, com a procriação, com a genética. Eu, não. Eu, que sempre fora tão eficiente, com tantas realizações, tão bem-sucedida. Descobri que o sofrimento não era tão diferente assim da derrota." (Pág. 31)
🔎 "Então descobri que eu não podia me dar ao luxo de continuar morando na minha casa, mas eu ia me mudar dali, de qualquer maneira. Eu até poderia me livrar do berço e do papel de parede infantil, mas aquela sempre seria a casa onde Isabel não estava." (Pág. 32)
🔎 "Nunca se desculpe por alguém que você ama [...] Isso faz você parecer um idiota." (Pág. 47)
🔎 "Ela foi assassinada. O médico-legista deixou o laudo em aberto, mas todo mundo, até mesmo a polícia, sabia que ela tinha sido assassinada. Primeiro, ele envenenou a mente dela, depois a matou." (Pág. 63)
🔎 "Carrego o peso de um bebê morto nas costas [...] A morte de uma estranha, ocorrida vários anos atrás, dificilmente me incomodaria." (Pág. 84)
🔎 "As relações humanas, assim como as vidas humanas, costumam acumular coisas desnecessárias. Cartões de Dia dos Namorados, gestos românticos, datas especiais, carinhos sem sentido... Mas e se nos desapegarmos de tudo isso? Há certa pureza em um relacionamento desimpedido, uma sensação de simplicidade e liberdade." (Pág. 102)
🔎 "Ou talvez a vida seja curta demais para vivermos de forma menos que perfeita." (Pág. 105)
🔎 "Ninguém que mora nessa casa deve esperar privacidade. Você assinou um contrato, lembra?" (Pág. 133)
🔎 "Apesar do que ele disse, continuo curiosa. Porque tenho certeza de que, se eu souber mais sobre as mulheres que ele amou, vou entendê-lo melhor. Vou escavar um túnel sob as muralhas que ele ergueu ao seu redor, o estranho labirinto invisível que me mantém afastada." (Pág. 135)
🔎 "Olhe, tem uma circunstância específica que nos permite quebrar o sigilo profissional. [...] Quando não pode causar nenhum mal ao paciente, mas pode evitar que alguém seja vítima de um mal provocado por outra pessoa." (Pág. 143)
🔎 "[...] Freud chama isso de compulsão à repetição, um padrão em que alguém encena diversas vezes os mesmo papéis imutáveis. Em um nível subconsciente, ou até mesmo consciente, a pessoa tem esperança de modificar o resultado, aperfeiçoar o que deu errado. Mas, de forma inevitável, o relacionamento é destruído pelas mesmas falhas e imperfeições que alguém assim traz, exatamente da mesma maneira." (Pág. 146)
🔎 "Nem todo abuso é físico [...] A necessidade de controle absoluto é outro tipo de maltrato." (Pág. 147)
🔎 "No curto espaço de tempo desde que Edward se mudou, tenho notado uma diferença. Não tanto no relacionamento com ele, mas em minha relação com a casa. Aquela sensação que eu tinha de estar representando para uma plateia invisível foi substituída pela consciência, pelo onipresença do olhar perspicaz de Edward, e a sensação de que a casa e eu somos parte de uma indivisível 'mise-en-scène'. Como sei que ele está prestando atenção, sinto minha vida mais ponderada, mais bela. Contudo, pelo mesmo motivo, fica cada vez mais difícil me envolver com o mundo fora destas paredes, o mundo onde reinam o caos e a feiura." (Pág. 164)
🔎 "É uma boa prática jogar fora coisas de que você gosta, mas das quais não necessariamente precisa." (Pág. 169)
🔎 "No curso de história da arte na faculdade, tivemos um módulo sobre palimpsestos, que são folhas de pergaminho medievais tão caras que, quando o texto já não era necessário, as folhas eram raspadas e reutilizadas, deixando as palavras fracamente visíveis por trás do novo. [...] Às vezes tenho a sensação de que a casa - nosso relacionamento nela, com ela, um com o outro - é como um palimpsesto [...]. Por mais que a gente tente pintar por cima de Emma Matthews, ela continua voltando discretamente: uma imagem fraca, um sorriso enigmático, abrindo caminho pelo canto." (Pág. 171)
🔎 "Porém, aos poucos percebo que tem algo me incomodando. Assim como Edward não ignora uma colher de chá esquecida ou uma pilha de livros que não esteja perfeitamente alinhada, minha mente organizada e meticulosa se recusa a deixar de lado o mistério da morte de Emma Matthews." (Pág. 181)
🔎 "Minhas obsessões nunca são saudáveis..." (Pág. 184)
🔎 "Você sabia que existe uma espécie de tubarão tão feroz que seus embriões devoram uns aos outros no útero? Assim que os primeiros dentes nascem, eles se voltam uns contra os outros até sobrar o maior, e esse nasce. Edward é assim. Não consegue se controlar. Desafiá-lo é ser destruído por ele." (Pág. 188)
🔎 "A frase 'eu queria que o chão me engolisse' nem chega perto de descrever o que acontece quando seu mundo implode, quando de repente você ouve todas as mentiras que contou." (Pág. 210)
🔎 "Dizem que há um momento em que os alcoólatras finalmente atingem o fundo do poço. Ninguém pode lhes dizer quando é a hora de parar, ninguém pode persuadi-los. A pessoa precisa chegar por conta própria a esse ponto, reconhecê-lo e somente então terá a chance de mudar as coisas." (Pág. 227)
🔎 "Porque foi isso que eu percebi morando na Folgate Street, nº 1. Você pode tornar o ambiente em que vive tão refinado e vazio quanto quiser. Mas isso não importa se você ainda estiver bagunçado por dentro. E, na verdade, todos nós estamos buscando isso, não é mesmo? Alguém que cuide da bagunça que há dentro da nossa cabeça." (Pág. 319)