Gustavo666x 11/03/2024
Crepúsculo dos ídolos
Essa obra, bem definida pelo próprio Nietzsche em seu prólogo, é abertamente uma "grande declaração de guerra". E seu título, que não só ironiza a peça de seu ex-amigo Wagner, também é uma introdução e definição excelente do que está por vir.
Crepúsculo é o momento entre o pôr do sol e a noite, o momento onde a claridade está de saída para a entrada da escuridão. Assimilando essa ideia ao título, é saber que se um dia esses ídolos nos iluminaram, os mesmos já não estariam mais nos iluminando. Seria a chegada do fim dos tempos onde eles já não nos servem mais.
É ainda melhor compreendido com seu subtítulo: "como se filosofa com o martelo". O martelo é usado aqui não só como um instrumento de destruição, mas antes disso é usado como um diapasão, é ao efetuar um simples toque a uma escultura que você consegue analisar se há realmente alguma consistência por dentro ou se é apenas oca, se for, merece ser destruída.
E é fantástico como Nietzsche consegue destruir e desmembrar cada ídolo aqui com sua forma de escrita apaixonante! Traz aquele ar de rebeldia ao questionar e cutuca aqueles que até então eram endeusados. Conversa com o leitor e o mantém conectado em torno de todo o raciocínio que é criado, transmitindo uma raiva intensa juntamente com ataques ferozes muito bem formulados, que não só trazem os problemas à tona, mas também entregam as possíveis soluções para resolvê-los. Tudo isso atrelado a um sarcasmo e a falas esnobes que arrancam boas risadas, ao mesmo tempo em que faz com que você reflita bastante sobre si mesmo e o mundo ao redor.
No mais, uma bela obra que com certeza irei ler novamente.