Breno.Franco 19/09/2023
Releitura decepcionante
Nietzsche esperava que o Crepúsculo dos Ídolos pudesse ser uma boa introdução à sua obra. Ele explica que esse livrinho é uma "síntese" de suas "heterodoxias filosóficas mais essenciais" e que por isso poderia "iniciar o leitor e abrir-lhe o apetite" (p. 114). E de fato, quando o li pela primeira vez, Crepúsculo dos Ídolos foi minha introdução não só à obra de Nietzsche, mas também à filosofia de modo mais geral. Foi um dos livros que me trouxe para a filosofia.
Relendo-o agora depois de onze anos, porém, minha opinião é outra. Esse é, para o meu gosto filosófico, para o que eu busco num texto filosófico, um dos livros menos interessantes de Nietzsche. É demasiado conciso, obscuro, disperso e fragmentário para fornecer um panorama inteligível da sua filosofia.
Para o meu gosto, os três capítulos finais do livro, "O que falta aos alemães", "Incursões de um extemporâneo" e "O que devo aos antigos", são praticamente um tédio sem fim, com alguns poucos e espaçados aforismos de algum interesse filosófico, que são como um oásis em meio ao deserto. Já os capítulos iniciais são bem mais interessantes e filosoficamente ricos (o V, "Moral como antinatureza" e o VI, "Os quatro grandes erros", são meus favoritos).