Gisele @abducaoliteraria 30/07/2017"Nunca trema. Nunca tema. E nunca, jamais, se esqueça."Não há nada melhor do que pegar um livro com as expectativas lá nas alturas, e mesmo assim ele conseguir em muito superá-las. Eu fiquei encantada. E muito surpresa.
Aos dez anos, Mia Corvere viu sua vida desmoronar diante da execução do pai, por motivos de traição. Foi separada da mãe e do irmão, e em meio ao choque, conseguiu evitar um fim trágico e obrigou-se a prosseguir, motivada a dar àqueles lhe tiraram tudo, o que mereciam.
"Quando tudo é sangue, sangue é tudo".
O mundo que Jay Kristoff criou é completo, consistente, obscuro ao mesmo tempo brilhante. A cultura, mitologia e criaturas mágicas me deixaram maravilhada. Sabe quando você quer mais? As seiscentas páginas do livro não foram o suficiente para mim.
"Quanto mais brilhante a luz, mais profunda a sombra".
Mia tinha todos os motivos para se tornar uma garota fria e arrogante, mas ela possui uma sensibilidade comovente e se importa com as pessoas ao seu redor, mesmo quando não é recíproco. Os demais personagens receberam uma carga importante para a história e tornaram-se sólidos, com suas próprias histórias para contar. Adorei Tric, Naev, Mercurio e Ashlinn. Sobretudo o cronista Aelius e Sr. Simpático. O não-gato me conquistou e agora tudo o que eu mais quero é um gato feito de sombras como melhor amigo.
Os mistérios da trama esmagaram meu peito. Passei a desconfiar de todo mundo, até mesmo da própria sombra de Mia (literalmente). Me apeguei aos personagens e imaginar quem poderia estar por trás de acontecimentos terríveis ou ser a próxima vítima me despedaçou. Aliás, me senti despedaçada em diversos momentos da trama, com aquele nozinho apertado na garganta.
"- Receio que jamais saberá o meu nome - ela disse. Eu ando pelas sombras. Sou um murmúrio. Um suspiro. O pensamento que faz os bastardos deste mundo acordarem suando na veratreva".
Acho que o diferencial da história é possuir tantos diferenciais.
A escrita, deliciosa e precisa, com um humor dos bons, sarcástico e comedido. Jay Kristoff escreve e descreve com exímio, tanto as cenas de ação quanto as situações de maior carga emocional. Quanto à algumas (na verdade muitas) notas do autor no final das páginas, agregaram bastante para a construção do mundo. O autor possui uma maneira descontraída de conduzir as informações, um tanto dramático (propositalmente) e com um humor de arrancar gargalhadas. Achei essas notas (mais um) diferencial para o livro.
A esta altura, vocês perceberam que só foram elogios para essa obra. Eu fique com os olhos brilhando de admiração em meio a tanta coisa boa, a genialidade do autor para criar o mundo, personagens e o enredo. Trata-se de uma fantasia épica e a história faz jus ao gênero.
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