Jessica 18/08/2024"E, quando a tempestade passar, na certa lhe será difícil entender como conseguiu atravessá-la e ainda sobreviver. Aliás, nem saberá com certeza se ela realmente passou. Uma coisa porém é certa: ao emergir do outro lado da tempestade, você já não será o mesmo de quando nela entrou. Exatamente, esse é o sentido da tempestade de areia."
Este livro é como a tempestade de areia.
Embarcamos na jornada de Kafka, um jovem de 15 anos que resolve fugir não só de casa mas também do seu destino, marcado por uma profecia nos moldes de Édipo e também na jornada de Nakata, que quando criança passou por uma experiência inexplicável e que, desde então, embora desprovido de conhecimento, possui uma sabedoria tocante (além da capacidade de conversar com gatos).
Toda a história é marcada pelo realismo fantástico característico de Murakami e que por vezes mergulha no surrealismo, sendo permeado por metáforas, pensamentos filosóficos e referências que vão da cultura grega à modernidade, bem como de temáticas por vezes bem pesadas e tratadas de forma única.
Mergulhei na árdua e desconhecida jornada dos personagens e me frustrei pela completa falta de resposta a todos os questionamentos que a história nos apresenta. Me senti abandonada pelo Autor que me fisgou e me deixou abandonada às minhas próprias teorias. Mesmo assim, não sai da leitura vazia, o que não torna este livro ruim.
"Numa cadeira à beira-mar, Kafka
Pensa no pêndulo que move o mundo.
O ciclo espiritual se completa,
E da esfinge que não vai a lugar algum
A sombra em faca se transforma
E trespassa seus sonhos."