É isto um homem?

É isto um homem? Primo Levi




Resenhas - É Isto um Homem?


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Tacio.Corbacho 20/01/2022

Simplesmente, a luta pela vida !
É de longe o mais profundo que se pode chegar daquele momento terrível da humanidade, Primo detalha com ricos detalhes sua luta pela sobrevivência (até quando não tinha mais vontade alguma de lutar), ele tira tudo de ti nesse livros, lágrimas, sorriso, espanto, medo, entre outros. Um dos livros que de certeza lerei outras vezes, obrigado por essa obra Primo ! Você venceu !!
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Alê | @alexandrejjr 19/01/2022

O homem é o prisioneiro do homem

Alguém já disse alguma vez e eu repito: a memória é um conjunto infinito de labirintos. É por isso que “É isto um homem?”, exemplar máximo da literatura de testemunho, é essencial. Afinal, como recordar em palavras um dos períodos mais violentos da história humana?

O químico Primo Levi, judeu italiano sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, mostra neste relato impressionante a pequenez humana. Mostra como a liberdade, o bem maior que todos almejamos, pode ser usurpada diante de nossos olhos sem a menor possibilidade de reação. Ao narrar com tremendo esforço e invejável compromisso ético seus dias no inferno nazista, Levi oferece aos leitores, sem juízo de valor algum, uma reflexão sobre a humanidade. O que é o progresso, a ética, a justiça e a política em meio à desumanização? Em meio a um contexto de caos e extrema violência, em que o homem livre é inexistente, Levi consegue nos mostrar que esses conceitos não passam de palavras ou signos em desuso.

Para além de relatar o cotidiano em Auschwitz, em analisar o declínio da humanidade perante seus próprios olhos, Levi deixa como legado em “É isto um homem?” a necessidade de preservar a memória. O testemunho de Levi é, portanto, a preservação do coletivo. O coletivo que sofreu, morreu e constantemente é alvo de uma tentativa de esquecimento, de apagamento. Porque a pergunta que dá título ao livro é um questionamento sem conclusão simples: o homem é o mesmo que matou milhares de judeus, mas também é o mesmo que sofreu com a perda da identidade nos campos de concentração nazistas. Portanto, o homem é uma incógnita.

Após a leitura de “É isto um homem?”, me atrevo a pensar que a clássica frase de Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”, merece uma ressignificação: o homem é o prisioneiro do homem. Porque Primo Levi foi - e ainda é - a voz de quem foi silenciado e a nós, meros leitores, basta escutá-lo.
Katielly 20/01/2022minha estante
Sempre bom ler suas resenhas, Alê!  Tenho muita vontade de ler este livro.


Kivia Raquel 20/01/2022minha estante
Já irei incluir este em minhas próximas leituras. Obrigada por compartilhar.


Craotchky 20/01/2022minha estante
Breve e excelente texto.


Alê | @alexandrejjr 20/01/2022minha estante
Katielly, obrigado por acompanhar e comentar sempre que possível!

Kivia, agradeço a leitura! É um livro muito importante mesmo, e de uma beleza - apesar do tema - singular.

Agradeço o elogio, Filipe!


Luciana 21/01/2022minha estante
Sou doida pra ler esse livro! Valeu por compartilhar a resenha!


Alê | @alexandrejjr 21/01/2022minha estante
Eu que agradeço a leitura, Lu! Obrigado!


Tamires Durães 25/01/2022minha estante
Resenha impecável, conseguiu descrever com exatidão as impressões que também tive ao lê-lo! A leitura de É isto um homem? é extremamente impactante e necessária, me interesso muito por leituras com pano de fundo o holocausto, este sem dúvida é o melhor que li.


Alê | @alexandrejjr 26/01/2022minha estante
Agradeço a leitura, Tamires!




Pandora 18/01/2022

Eu não costumo ler livros sobre a Segunda Guerra. Acho um assunto explorado, muitas vezes, de maneira indevida, desrespeitosa e romantizada. Porém, além deste elogiado livro ser o escolhido num grupo de leitura do qual participo, é o livro de memórias de um sobrevivente dos campos de concentração nazistas.

Eu gostei muito da forma como o livro foi escrito, sobre fatos cotidianos do campo e suas lutas diárias internas - que iam muito além do domínio nazista -, mas também com reflexões sobre a humanidade, sobre o que fazemos sob condições adversas, sobre quem podemos ser na luta pela sobrevivência.

Todas as mortes são lamentáveis, mas o que dizer dos que pereceram momentos antes da libertação ou logo após a chegada dos libertadores?

Eu tive sentimentos e reflexões similares aos que senti durante a leitura de Ensaio sobre a cegueira, do Saramago. Quando toda a nossa dignidade nos é destituída… o que sobra? É isto um homem?

“Assim como a nossa fome não é apenas a sensação de quem deixou de almoçar, nossa maneira de termos frio mereceria uma denominação específica. Dizemos “fome“, dizemos “cansaço“, “medo“ e “dor“, dizemos “inverno“, mas trata-se de outras coisas. Aquelas são palavras livres, criadas, usadas por homens livres que viviam, entre alegrias e tristezas, em suas casas. Se os Campos de Extermínio tivessem durado mais tempo, teria nascido uma nova, áspera linguagem, e ela nos faz falta agora para explicar o que significa labutar o dia inteiro no vento, abaixo de zero, vestindo apenas camisa, cuecas, casaco e calça de brim e tendo dentro de si fraqueza, fome e a consciência da morte que chega.” - pág. 182
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Bruno.Flister 17/01/2022

É isto um homem
Retrato sincerro de uma vítima de Auschwitz, desde sua ingressão no campo até a esperançosa saída. Primo Levi retrata o infeliz horror do homem causado pelo homem.
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Marconi Moura 08/01/2022

9,5
Memórias do químico italiano judeu, preso em Auswitz entre 1944 e 1945. Apesar do conteúdo pesado, o autor tem estilo agradável, a leitura é prazerosa. Aborda o tema sob um perspectiva humanista maior, compreendendo muitas vezes o agressor como mais uma vítima. Destaque para o personagem Lorenzo Perrone, sem cuja ajuda o autor não teria sobrevivido; mas Lorenzo não pôde salvar-se de si mesmo.
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sadbroccolitree 05/01/2022

Visceral!
Demorei para finalizar o livro, pois houve um momento que todo o peso da história (e o saber de que se tratava de algo real) se tornou muito pesado. É um livro visceral, mas necessário. Não podemos esquecer as monstruosidades das quais o ser humano é capaz e a memória disso tudo precisa se manter viva para que isso não se repita. Fico imaginando pessoas que passaram por campos de concentração, ou perderam familiares naquele lugar horrendo, vendo, hoje em dia, negacionistas tentando espalhar que nada disso aconteceu. Enfim, uma leitura que é um tapa na sua cara, mas muito necessária!
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Maria.Luiza 02/01/2022

O livro é sobre o campo de concentração de Auschwitz, o autor descreve algumas situações passadas no campo, des da chegada até a saída.
Eu achei o livro pesadíssimo em algumas partes, mas em geral gostei muito.
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Fabiana 01/01/2022

Necessário
É um livro de testemunho que relata os dias de Primo Levi no campo de concentração nazista. Um livro que descreve os horrores da guerra, mas que acima de tudo nos faz refletir sobre quem somos e sobre quem queremos ser.
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CamilaWestphal 22/12/2021

Sempre quis ler algo do autor e esse livro foi o meu primeiro contato com a história e escrita do mesmo, esse sem dúvidas é um livro que todas as pessoas deveriam ler em algum momento da vida. A história é muito dolorosa principalmente por se tratar de uma história real, o que torna todos os acontecimentos ainda mais pesados de serem lidos. Recomendo demais!
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Mariinaisabel 19/12/2021

A dor de sobreviver.
De todos os livros que já li sobre a segunda guerra mundial, este é de longe o mais triste. É um manual de funcionamento dos campos de concentração e de como sobreviver a eles. De como era ser olhado, mas não visto. Ser diminuído a menos que uma bactéria, a escória da sociedade.
Sempre pensei nos que morreram próximos à libertação, mas conhecer a história das pessoas que morreram na madrugada que antecede a chegada dos russos me atingiu como um soco no estômago. É saber que a liberdade estava a um passo de ser conquistada, mas ela se apagou lentamente se transformando em escuridão perpétua.
A morte aqui é tratada de forma diferente. A luta pela sobrevivência é cirúrgica e não há espaço para a romantização dessa sobrevivência, porquê sobreviver é um crime perante o tribunal nazista.
De todos, o mais cru dos relatos.
Por isso é sempre bom lembrar que "aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo" George Santayana.
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Luiz Pereira Júnior 18/12/2021

O que somos e o que poderíamos ser...
Li em algum lugar que, depois de Auschwitz, a poesia não é mais possível (salvo engano, de Adorno)...

Mas eis que descubro Primo Levi, que nos conta seus dias no campo de concentração ao mesmo tempo em que pensa no que é ser humano, se é possível um ser humano fazer com que outros percam a sua condição humana, se basta pensar para se tornar humano...

Por meio desse livro curto (não chega a duzentas páginas), Primo Levi me fez o que mais gosto em autor: me fazer pensar no que sou, no que fui, no que me tornarei e, talvez o mais importante, no que me tornaria.

Não me alongarei nesta resenha, pois muito (e melhor) já se escreveu sobre essa obra-prima (sem trocadilhos) de Primo Levi. Apenas direi que é muito fácil escrever para entreter e como exemplo temos milhares de livros que se tornaram sucesso e foram rapidamente esquecidos; também é muito fácil escrever para ganhar a simpatia, a compaixão, a piedade do leitor e muitas (auto)biografias parecem ter sido feitas com essa intenção; também me parece fácil escrever para conquistar o leitor para uma causa que é cara ao seu autor e isso se torna cada vez mais modismo, propaganda ou o nome que se queira dar a essa cooptação, por vezes forçada e superficial.

Sim, é possível escrever a história de uma vida (ou da própria vida) para entreter, impactar, seduzir, cooptar, panfletar ou seja lá o que for, mas o que Primo Levi me fez foi algo que poucos autores me fizeram: perguntar a mim mesmo se algum dia eu me tornaria um nada ou, pior ainda, se algum dia eu me transformaria em um demônio de olhos azuis e cabelos loiros se as condições assim o impusessem (e, pior, será que eu me tornaria esse demônio por minha própria e exclusiva vontade?)...
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Poliana 01/12/2021

Definitivo.
Terminei esse livro sem saber o que comentar pois ao ler tudo me paira a sensação de que nada pode ser acrescentado sobre o tema. É uma obra definitiva. Que a lembrança dessa tamanha obscuridade nos acompanhe para que jamais venhamos a repetir.
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Thaísa 08/11/2021

Escrita pungente e real
Apesar de serem escritos produzidos a partir de uma experiência horrenda, o livro não é cruel. Fica sempre um incômodo, uma certa dor e aquela sensação de que o ser humano é capaz de coisas impensáveis (para o bem e para o mal). Um relato realista que impressiona por sua riqueza e por um toque de esperança, apesar dos pesares. Que aprendamos com a História para nunca mais repeti-la.
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Diego 30/10/2021

Antes de tudo, digo que tive a oportunidade de visitar o complexo dos campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau no inverno, lembro que fazia -12°C e sentia frio, mesmo agasalhado. E, por ter conhecido as condições de algumas das instalações e de como viviam ali os prisioneiros, o relato de Primo Levi, judeu italiano preso neste mesmo complexo de extermínio, me mexeu muito.

Ele nos conduz a memórias amargas, sem juiz ou júri, somente carrascos. Sua luta não só pela sobrevivência em si, mas também seu esforço para compreender o intrincado sistema próprio que regia a vida no campo, há um capítulo inteiro dedicado a explicar a delicada economia paralela que existia.

Levi descreve o campo como uma verdadeira torre de Babel, diversos grupo com as mais diferentes etnias, línguas, cultura e costumes que chocam-se entre si e com a austeridade alemã. Sobre isso, há uma passagem que ele tenta ensinar italiano a um de seus colegas prisioneiros citando A Divina Comédia, de Dante, percebendo, então, como a vida que tinha, era similar ao Inferno dantesco.

Pelo menos em "É isto um homem?", de fato, não há um julgamento dele feito diretamente aos alemães, embora em algumas passagens mencione seus olhos sem vida e piedade, em que só havia desprezo pelos judeus. Por sua vez, relata como, às vezes, a brutalidade vinha dos próprios prisioneiros, àqueles que obtinham certos privilégios e para não perdê-los, eram capazes de se virar contra seu próprio grupo.

O livro todo é importante, há diversos trechos que deixei de comentar, minha única recomendação é que o leiam, é devastador e nos desperta uma compaixão e empatia por aqueles nestas condições pavorosas.
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Diego Rodrigues 23/10/2021

"Não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa ante os olhos de outro homem."
Nascido em 1919, na comuna italiana de Turim, Primo Levi foi um químico e escritor de origem judaica. Deportado para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em 1944, foi um dos raros sobreviventes do Holocausto. Após retornar à Itália, em 1945, retomou sua carreira de químico, mas, tentando expurgar suas feridas, se é que isso era possível, começou a escrever lembranças de Auschwitz. Desses escritos nasceram livros de ficção, relatos, ensaios e poesias. Publicado pela primeira vez em 1947, "É isto um homem?" é tido como um dos mais importantes testemunhos dos horrores protagonizados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Aqui Levi relata toda sua trajetória, desde sua prisão, em 1943, quando fazia parte de um grupo de resistência na Itália, até sua libertação, após a chegada dos russos, em 1945.

Se visto em grande escala o Holocausto já foi doloroso, quando visto mais de perto, da perspectiva de um ser humano que vivenciou tudo aquilo, os números se tornam nomes, os mortos ganham rostos, e a coisa fica ainda mais doída. É fato que antes de exterminar os judeus, os alemães faziam de tudo para desumaniza-los (de alguma forma e em algum grau, parece que isso tornava a nefasta tarefa mais fácil), então, mais do que sobreviver, Levi e seus companheiros tiveram que travar uma batalha diária para simplesmente permanecerem humanos. Não bastasse a fome, a sede, o frio, o trabalho exaustivo e as doenças a que estavam expostos, os prisioneiros ainda tinham que lidar com o sadismo dos guardas, com a humilhação constante e com a concorrência entre os próprios judeus, seja ela por cama, comida ou para escapar das temidas "seleções". Um estado contínuo de medo e de aflição que não os abandonou nem mesmo com a proximidade dos soviéticos, afinal, quem poderia garantir que o exército vermelho faria distinção entre nazistas e prisioneiros? E quem poderia garantir que os alemães ao fugir não mandariam o campo para os ares na tentativa de apagar os vestígios das atrocidades cometidas ali? Fardo pesado demais para carregar e por isso muitos vieram a sucumbir antes mesmo de ir para as câmaras de gás.

Importante ressaltar que este é um livro focado nos dramas de um sobrevivente e não um relato histórico. Você não vai encontrar aqui, por exemplo, fotografias, mapas, dados estatísticos e coisas do tipo (se quer uma leitura mais abrangente e menos pessoal sobre o assunto, sugiro ir atrás de outros títulos). Apesar de dar alguns detalhes do funcionamento do campo, Levi dá mais ênfase ao lado humano e psicológico em seus relatos. Alguns capítulos são inteiramente dedicados a lembranças de companheiros que estiveram ao seu lado no campo e que ele nunca mais viu. A leitura é pesada, mas não desprovida de sensibilidade. Ao longo da narrativa vamos perceber que muitas vezes os prisioneiros se apegavam ao que há de mais trivial numa tentativa desesperada de preservar sua identidade e sua humanidade: a lembrança de uma canção, os versos de um poema, a conservação de um simples ato como, por exemplo, tentar manter a higiene, qualquer coisa que viesse à mente e que servisse para lembra-los de que eles ainda eram gente.

Por mais que sejam conhecidos, os horrores do Holocausto nunca deixam de chocar. Sempre que um sobrevivente conta a sua história devemos parar pra ouvir/ler com atenção. A lembrança desse sombrio episódio da história da humanidade deve ser preservada, e constantemente revisitada, para que cenas como essas não venham a se repetir. Relatos como o de Levi são mais do que necessários, eles humanizam a catástrofe, transformam as estatísticas em gente e nos fazem pensar que poderia ser você e eu ali, bastava ter nascido no lugar e tempo "errados", ou deixar que se tornem errados o tempo e o lugar em que estamos hoje.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 23/10/2021minha estante
Maravilhosa essa resenha. Adorei! Parabéns ?




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