É isto um homem?

É isto um homem? Primo Levi




Resenhas - É Isto um Homem?


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Brito 26/04/2023

Se Isto é um homem – Primo Levi
Este livro descreve o conjunto de normas perfeitamente irreais, absurdas e ilógicas que fizeram parte da vida quotidiana dos presos em Auschwitz, no Lager. Estas regras e todos os procedimentos que os prisioneiros realizam com o objectivo de sobreviver são verdadeiramente animalescas. E, no entanto, todos procedem como se tudo aquilo fosse normal.
O livro é tanto mais desolador e acabrunhante quanto é contido, não há nenhuma lamentação excessiva, apenas descrição e reflexão sobre o trabalho abjecto, as condições onde dormem, comem, e o que aquilo os torna, enfim, o que é o homem?
A descrição asfixiante da estupidez em forma de vida de todos os dias.
Como foi que nos transformamos nisto, e porquê?
Livro seco, directo, escrito olhos nos olhos. Sem ódio.
Só isso.
E não é pouco.
Após lermos um livro com este impacto emocional, é comum repetirmos que é preciso contar para não voltar a acontecer.
Não creio que contar por si só chegue para alguma coisa. O importante era verificarmos até que ponto não existe algo semelhante, num grau muito menor, claro, mas com a mesma lógica, em algumas realidades quotidianas. Isto é, regras arbitrárias, relações sem empatia, desprezo e/ou indiferença pelo outro. Mais, a possibilidade que damos aos outros de ditarem regras completamente absurdas e arbitrárias. Estas lógicas de dominação do outro podem criar uma aceitação do inaceitável que um dia pode calhar-nos mal.
Não chega contar. Não chega ouvir. É preciso exigir um quotidiano onde as sementes de dominação se vejam impedidas de germinar.
Este é um livro sucinto e, no entanto, diz o que desse mundo urge dizer.
Para ler e tomar em devida conta na sua passagem para um real quotidiano cada vez mais bovinamente racionalizado.


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rogerbeier 23/04/2023

Triste e necessário
O livro traz as memórias e o testemunho de Primo Levi, judeu italiano preso pelos nazistas em 1944 e levado para o campo de extermínio de Auschwitz. Lá ele sofreu o inferno por quase um ano até que o campo foi libertado pelos russos no começo de 1945.

Levi descreve o processo de desumanização promovido pelos alemães aos prisioneiros dos campos de extermínio, detalhando todo o horror sofrido por ele na própria carne enquanto foi mantido prisioneiro na Polônia. Ao nos questionar no título do livro se podemos considerar humanos os prisioneiros dos campos de extermínio, ele mesmo nos responde dramaticamente com o seu depoimento, fazendo-nos lembrar o quão fundo no poço podemos chegar.

Um livro triste e profundamente necessário, sobretudo nesses últimos tempos em que temos visto a ascensão de políticos e governos simpáticos ao nazifascismo em todo o mundo, inclusive no Brasil.
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ismailde_ns 22/04/2023

Ler sobre esse período é tão doloroso, tão angustiante.
Mas ainda assim é necessário conhecer a história para não repeti-la.
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Samuel Simões 20/04/2023

Excelente mas me deu uma mini ressaca literária
O livro é espetacular e disso ninguém discute. Mas acredito que li num momento errado.. porque? Eu demorei DEMAIS pra terminar. E não por isso..esse livro me ameaçou uma ressaca literária absurda. Não adianta.. esse tipo de narrativa é boa mas não me prende o suficiente pra ficar até o final. Recomendo com certeza mas pra quem gosta do gênero não ficção.
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Italo 31/03/2023

Que livro triste e bonito, tudo escrito de forma sempre direta, crua e fria, porém compreensível, o que o autor e milhares de outras pessoas passaram nessa época é devastador e inacreditável, em vários momentos tinha que me lembrar que o que eu tava lendo era um livro de memórias e não uma ficção. Também não me espanta o desfecho da vida do Primo Levi, não consigo nem imaginar como as pessoas conseguiram seguir em frente depois de tudo.

Enfim, é um livro que todo mundo deveria ler em algum ponto da vida, quanto mais cedo melhor, talvez evitaria muita coisa.
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Isabel 23/03/2023

Muito ótima!
Que leitura dolorida, porém essencial. Primo Levi nos conta sua vida no campo de concentração e os horrores que passaram.
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Felipe | @fe.ituras 20/03/2023

Impactante!
Primo Levi é um grande autor com reconhecimento mundial e uma história de vida inacreditável. Esse título é uma ótima porta de entrada para conhecer as obras dele.

Comento mais sobre esse livro em uma publicação dedicada somente para ele na minha página do instagram @fe.ituras (https://www.instagram.com/p/Cp3hBWCJe1b/?igshid=YmMyMTA2M2Y=)
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Luiza 16/03/2023

Brutal e doloroso, "É isto um homem?" é um testemunho de como um homem reduz seu similar ao vazio, ao nada. Texto fundamental para quem procura mergulhar na literatura do testemunho, mas ainda assim (e talvez por isso) duro de ler.
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Lays @la.livros 12/03/2023

Isto é um homem?? - Primo Levi

Ele começa dizendo que ele não quer trazer uma história sobre Auschwitz, mas ele traz relato do que ele viveu lá.

Uma história real, um desabafo para manter a sanidade mental, um relato que incomoda, e nos machuca com dureza que é contado. Ou melhor com a dureza do que os judeus, poloneses, homossexuais, ciganos, e qual quer um que não seguisse exatamente a ideologia deles.

Um livro maravilhoso, mas muito doloroso.
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DaniM 10/03/2023


No final da 2ª Guerra, Primo Levi, que era judeu, foi feito prisioneiro em Auschwitz. Foi um dois poucos sobreviventes deste campo de extermínio, que sozinho assassinou mais de 1 milhão de prisioneiros.
Ele sobreviveu e contou sua história neste livro assombroso. Seu relato emociona não somente porque trata da luta diária pela sobrevivência, mas porque trata da batalha para manter a sanidade e não perder a humanidade diante da marcha diária para a morte.
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anythgs 05/03/2023

Sem dúvidas é uma das coisas mais profundas q já li na vida
A gente tem uma ideia bem rasa do que foi o campo de concentração, o que foi o holocausto e como foi seu fim. Particularmente tudo que li sobre essa tragédia eram relatos extremamente pesados de coisas absurdas acontecendo. Geralmente a gente espera ler sobre ódio, revolta, vingança e no final das contas tudo que nos resta hoje em dia sobre esse caso é sentir raiva, mas esse livro muda toda essa ideia. O que o Primo nos passa era a real realidade do campo de concentração, o que eles realmente eram e o que eles pensavam: NADA!!! ABSOLUTAMENTE NADA!!!!
Tudo que a gente entende do que é um ser humano, ali, se resume a nada e isso é bem mais intenso e bate em você de uma forma muito mais pesada do que relatos detalhados de tortura ou algo do tipo. Você lê que pra eles o simples ato de pensar em alguma coisa não existia, pensar custava gastar energia e não valia de nada. Eu vou lembrar do que li nesse livro pelo resto da minha vida e não há estrelas suficiente pra simbolizar o quão gigante essa forma de relato bateu em mim.
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Renato Esteves 05/03/2023

Não podemos esquecer. É preciso repetir, reler, recomendar e divulgar obras como essa.

Depoimento pessoal de Primo Levi sobre os onze meses em que foi prisioneiro no campos de concentração de Auschwitz. Um relato importantíssimo para não nos deixar esquecer do absurdo desse período de nossa história. A história é nossa, nós fazemos parte dela!


Primo Levi, um químico italiano, que sem treinamento nenhum entrou para o movimento de resistência italiano e no final de 1943, com 24 anos, foi capturado pela Milícia fascista e enviado para o campo de concentração de Auschwitz.

Os nazistas humilham tanto os judeus que em determinado momento nem se sentem merecedores de outra coisa que não o sofrimento. O próprio autor diz que ser enviado para Auschwitz foi uma sorte, porque senão poderia ter sido morto prontamente quando descoberto.

Não escorre sangue pelas páginas, a violência nesse livro é retratada de forma mais psicológica, do comportamento social dentro de um campo de concentração e de seu processos de desumanização.
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Cardoso 02/03/2023

A perturbação das memórias de Levi em Auschwitz se dá não só pelo óbvio fato de terem se passado em Auschwitz e de retratarem os horrores nazistas dos campos de extermínio - mas, quase sempre, de faltarem palavras para tal.

Os invernos nos campos exigiam novas e ásperas palavras para fome e frio que não se nossas habituais "fome" e "frio" de quem pulou uma refeição ou esqueceu uma agasalho: precisaria-se de mais tempo para se desenvolver uma linguagem nova, áspera, que explicasse o que era trabalhar com pouquíssimas roupas, no inverno polonês, com fraqueza no corpo de quem se alimentava exclusivamente de uma sopa ridiculamente pobre nutricionalmente e com a consciência da morte se aproximando. Ao mesmo tempo, enquanto o autor tentava, numa ocasião específica, ensinar Dante para um amigo francês, também prisioneiro, seus lapsos de memória e as dificuldades de tradução o acabam enclausurando em seu próprio idioma, país e memórias - e o amigo, vendo-o tocado por retornar à língua pátria ao invés de ser ensinado, o permite que prossiga.

Mais que as próprias pancadas (que Levi, num ponto, diz cinicamente que "não matam", diferente da entrega ao trabalho servil), esse parece ser a principal arma dos nazistas contra esses seres humanos: mantê-los vivos e alienados de tal forma que suas existências pré-prisão se tornem uma lembrança dolorosa. Reunir-se com os colegas gera apenas dor porque os "encontros" tem exponencialmente menos membros com o passar do tempo; olhar para o campo vizinho, em que as mulheres e crianças foram conduzidas, não ajuda a honrar sua memória, mas rememorar que elas foram exterminadas sem que eles pudessem fazer nada; e a vida antes das grades parece tão longínqua e suas lembranças, tão inúteis.

Fortes são os homens que se mantém limpos e dignos, ou alegres e altivos, lutando contra a torturante rotina que os obriga a tornarem-se as cadavéricas figuras que conhecemos dos livros de história. A esses homens, Levi dedica sua hermenêutica, estudando-os cuidadosamente: de onde vem sua força, sua bondade, sua esperança? E ele nunca encontra resposta, ou encontra com muita dificuldade. As personagens, figuras humanas do livro, vem e vão sem grande apresentação, sem despedida, e o que sobra de seu rostos magros são suas ações vistas por seus colegas, que também estão ali para morrer e serem esquecidos.

Mas não foram. Num paralelo com a Torá, que é o registro linguístico e histórico da batalha de um povo por sua origem e por sua terra, É isto um homem? não fornece mitos fundadores que nós criam mil dúvidas em busca de Uma Certeza, mas faz mil perguntas que criam a certeza de que o nazismo tentou silenciar A Palavra sem obter sucesso. O ruir dos muros dos campos permitiu novos sonhos e esperanças aos mais desgraçados humanos na terra, que juntaram absolutamente todas suas capacidades para viver para além de Auschwitz e viveram e este, em especial, escreveu uma das mais impactantes obras q já li.
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Fabio Brust 01/03/2023

Terrivelmente belo
"É isto um homem?" me pegou logo no título, depois na contracapa, e o arrepio que ela me fez sentir me deu a certeza de que eu precisava ler esse livro. Eu sabia, claro, que não seria das leituras mais leves, mas achei que seria boa, e realmente foi.

A reflexão que o título sugere, com até uma interrogação na versão brasileira, me acompanhou ao longo de toda a leitura. São homens os judeus presos no Campo, são homens os nazistas que os aprisionaram? Com toda certeza não fui o primeiro a ficar tão abalado com ela, e não serei o último.

É interessante a maneira como Primo Levi coloca as atrocidades pelas quais passou em Auschwitz, em alguns momentos de maneira até cômica, embora sempre tudo tenha uma nuance melancólica. A narração dos momentos em que eles apanhavam, as "traquinagens" e roubos, o dia a dia no Campo são passagens curiosas, diferentes do que se esperaria para o contexto em que ele estava - é nos momentos em que ele se põe a pensar que nos quebra. Quando ele pensa a respeito de quem ele se tornou, da situação das pessoas ao seu redor e a dele mesmo, na desumanização pela qual todos passaram: é nesse momento que a realidade nos atinge brutalmente.

Também é curiosa a maneira como ele narra a presença dos nazistas, dos SS, dos grandes malfeitores, os vilões dessa história e da História. São seres sem face, uma massa de carne em forma de gente que não parece ter personalidade, pensar, refletir como o próprio Levi reflete, pensa. São uma presença constante, mas que não importa tanto quanto o cotidiano que o autor se propõe a contar. Nos filmes não vemos essa vivência dos prisioneiros em tantos detalhes, não vemos os desafios triviais que eles encararam - coisas pequenas capazes de destruir uma pessoa.

O penúltimo capítulo, "O último", me pegou de um jeito que eu não esperava. Foi terrivelmente belo, foi avassaladora a percepção do autor de que ele não era feito da mesma substância de quem se rebelava contra os nazistas, que ele se dobrara e se tornara nada. O arrepio voltou, muito mais forte.

Não há muito que eu possa dizer sobre essa história que já conhecemos, a do holocausto, mas "É isto um homem?" a mostra em detalhes inesperados, com uma certa doçura com a qual eu não contava, com uma beleza tão triste, tão melancólica. Um livro para ficar na memória e que levarei comigo sempre, sem sombra de dúvidas.
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