Danilo Parente 24/04/2022
"Não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa ante os olhos de outro homem"
De todos os livros que já li sobre o holocausto, esse foi, sem dúvidas, o mais forte e mais marcante para mim. Não que os outros não tenham sua importância, todos têm. Contudo, esse relato do Primo Levi mexeu muito comigo, pois é extremamente forte, doloroso e inesquecível. Mistura-se isso a excelente escrita do autor e resulta em uma das obras mais necessárias sobre esse terrível período da história.
O questionamento que dá ensejo ao título do livro “É isto um homem?” nos remete a duas ideias: de um lado os que sofreram as perseguições dos nazistas, e de outro, os próprios nazistas. Explico: as pessoas que foram perseguidas e submetidas aos campos de concentração viveram em situações completamente degradantes, e diante de tais atos, alguns perderam a própria humanidade. Então seria isso um homem? Reduzido a mera coisa e sem o mínimo necessário para viver de forma digna? De outro, temos os Nazistas, pois como pode ser humano alguém que enxergava o outro apenas como uma coisa e que utilizava métodos cruéis só por causa de um discurso de superioridade de raça?
Um fato importante tocado pelo Primo Levi é o de que não devemos nos esquecer que o nazismo não se resume a uma pessoa, mas que representa a todos os que de alguma forma foram convenientes com essa ideologia, seja por ação ou omissão. Isso serve para outros momentos conflitantes da sociedade, pois não devemos nos calar diante de injustiças ou de arbitrariedades. Ao sermos omissos, estamos compactuando com aquilo que deveríamos repreender.
Esse livro é fundamental para todos, ainda mais em tempos nos quais algumas pessoas tentam relativizar o aconteceu dentro dos campos de concentração e que seres ignorantes têm voz para defender o indefensável. Sem dúvidas é um livro que ficará marcado para sempre na vida do leitor. Vale muito a leitura.