spoiler visualizarBeatriz 05/08/2015
Minhas conclusões
INTRODUÇÃO
Muito se debate, hoje em dia, sobre os acontecimentos do holocausto. Este trabalho tem como finalidade descrever o livro “É isto um homem?” relatando esse assunto, sendo escrito como um testemunho do italiano Primo Levi. “Ele não foi escrito para fazer novas denúncias; poderá, antes, fornecer documentos para um sereno estudo de certos aspectos da alma humana”.
O autor viveu de fato em um campo de concentração e neste livro ele relata suas memórias, não de forma cronológica, mas de uma forma que ele próprio sentiu necessária, pois além de ser uma obra autobibliográfica é uma forma de desabafo.
A obra é dividida em vários capítulos, e cada um contando algum acontecimento marcante durante este período da vida de Levi. No início o autor descreve como foi sua transição ao mundo em que os judeus eram considerados somente números, no decorrer da historia se percebe a desumanização dos prisioneiros e o esvair das esperanças, o final da obra passa a ideia de que o homem, aquele que viu o estado primitivo da natureza e que conviveu lado a lado com a morte iminente, agora desumanizado, não consegue mais viver no mundo da mesma maneira como antes.
DESENVOLVIMENTO
Primo Levi, no ano de 1943 é capturado pela Milícia fascista enquanto estava numa montanha dos Alpes com mais outros homens que tinham a intenção de procurar um abrigo, mas essas pobres pessoas não tinham armas, nem dinheiro ou experiência, viviam a mercê do medo e da expectativa de serem capturados.
Como Levi era um judeu, acabou sendo mandado para um campo de concentração em Fóssoli, perto de Módena. A cada dia o número de prisioneiros aumentava mais, esses pobres homens eram tratados como “peças”, sujeitos a atitudes e tratamentos desumanos, não havia mais nem a esperança de fugir, pois já se sentiam mortos, só lhes restava obedecer.
Os prisioneiros sabiam de sua morte eminente, porém como aceitar a morte enquanto boas lembranças de casa ainda viviam tão frescas em suas memórias, lembrando-os como era de fato viver.
Levados em vagões do campo de concentração para outro campo onde iriam trabalhar em uma fábrica de borracha, os presos imaginam como será o futuro, a maioria entende, que desses muitos, apenas alguns terão a sorte de ainda verem um dia suas casas.
Os presos perdem tudo o que possuem, incluindo os bens materiais e a dignidade. Um homem que dessa maneira vive é um ser vazio “pois quem perde tudo, muitas vezes perde também a si mesmo”, são reduzidos a apenas números, estão mortos por dentro, não possuem mais humanidade, os campos de concentração são máquinas que transformam o homem em um animal.
O protagonista expressa á opinião de que é extraordinária a capacidade do ser humano de colocar ao redor de si uma barreira defensiva, mesmo nos momentos mais desesperadores, a fim de sobreviver. Todo dia acordam e o primeiro sentimento é a infelicidade, uma infelicidade quase inconcebível, de logo cedo já serem expostos ao sofrimento e as ofensas. No decorrer do livro o autor nos conta como era viver em um mundo atrás dos arames farpados do campo de concentração.
No começo de janeiro do ano de 1945 Levi é acometido por escarlatina e teve de ir para o Ka-Be, isso, ele descobriu mais tarde, salvou sua vida, pois logo depois que o autor se muda para esse bloco, o campo sofre um bombardeio, tendo o Ka-Be ficado ileso, enquanto muitos dos outros blocos não tiveram essa sorte. Quando o narrador descobre que ficará livre ele simplesmente continua com sua vida, já que não conhecia mais os sentimentos como a dor, a alegria, nem muito menos a esperança.
Depois do bombardeio o campo ficou praticamente deserto, os alemães fugiram e sobraram pouquíssimos prisioneiros vivos, mas há um acontecimento que é um marco para o autor, ele acontece quando Levi e outros três consertaram as janelas quebradas para que se espalhasse um pouco de calor no Ka-Be, então um dos prisioneiros sugere aos outros para darem uma fatia de seus pães aos homens que trabalharam, a sugestão foi aceita, e isso é visto pelo autor como o “primeiro gesto humano” entre eles, já que a lei do campo era "Come teu pão e, se puderes, o do vizinho", e não havia lugar pra gratidão, isso significava que o campo estava mesmo acabado, era o começo do processo ao qual eles voltavam a ser humanos.
Após os bombardeios a situação foi cada vez se agravando mais, estavam abandonados no meio do nada, se viram sem comida e a cada dia havia mais mortes, então no dia 27 de janeiro os russos chegaram e os prisioneiros foram libertados. Dos 650 judeus italianos mandados para Auschwitz com Levi, apenas vinte sobreviveram.
CONCLUSÃO
Concluindo com esta obra, onde o autor aborda a desumanização do ser humano, que apesar de vivermos em um mundo globalizado e moderno, ainda nos encontramos em um estado de constante vigilância, a qual o próprio autor teve de viver.
Primo Levi disse “como é que, sem raiva, pode-se bater numa criatura humana?” Compreendemos, então, que o objetivo da obra é levar o leitor a uma contemplação do próprio homem. Que homem é esse que não tem suas necessidades básicas atendidas e que precisa roubar para sobreviver? E o assassino, é ele um homem? O que nos torna humanos e o que nos torna animais? De acordo com Levi uma condição humana mais baixa não existe.
Frente à obra, devemos nos fazer a seguinte pergunta, o que leva um ser humano a desumanização? “entre os homens existem duas categorias, particularmente bem definidas: a dos que se salvam e a dos que afundam.” Percebe-se que a verdadeira preocupação é a sobrevivência, e para sobreviver devemos sufocar toda a dignidade e renunciar a própria condição humana. O homem é um animal frente à luta pela vida, na qual o seu único companheiro é ele mesmo, e essa autopreservação leva ao egoísmo, então a única alternativa que nos resta, para que continuemos “humanos”, é tentar disfarçar esse egoísmo.