Resenhas - Triste fim de Policarpo Quaresma

Matheuscko 18/06/2024

Em prol de um sonho inalcançável.
Quaresma, um homem ilustre, dedicado aos estudos, com um forte desejo patriótico em seu peito. Sempre quisera dedicar-se à pátria e assim fez. Dedicou-se aos estudos, sabia de capa a capa a história do Brasil, ingressou em uma empreitada para transformar o idioma tupi em língua oficial, pois acreditava ser o melhor para a nação, porém se frustrou.
Também dedicou aos campos, no seu belo sítio: O Sossego. Acabou se frustando novamente, o solo era pobre, cheio de mazelas e a roça era abandonada pelo governo. A política local visava apenas crescimento próprio, enquanto a comunidade? Era abandonada e esquecida por todos.
Dedicou-se as guerras, de tal forma que foi combatente na revolta da baía. De que adiantou? Viu nestas guerras os crimes hediondos, os atos violentos contra a humanidade, os assassinatos, as perseguições; e todo o desejo patriótico, aquela sede, aquela ambição, onde estava? Não estava em lugar algum.
Estava sendo "diretor" de um cárcere, quando viu que um homem, do Itamarati, entrara reivindicando presos, para levar a ilha do Boqueirão. Para que? Para tortura-los, mata-los... E tudo isso, passou-se a frente dos seus olhos. Decepcionado com o governo, enviou então, uma carta à Floriano, e qual foi a resposta? Cárcere e sentença de morte. Considerado por todos um inimigo da pátria, um rebelde feroz... E então, onde estaria seu sonho? Para onde foi, toda a sua vida, seus estudos, tudo, absolutamente tudo, era em prol do nada?
Se viu assim, desolado, angustiado, sofrido e sem sequer poder se despedir dos seus amigos, Anastácio e felizardos e da sua irmã. Morreu assim, abandonado, largado e esquecido, injuriado, e contrariado, pois seus sonhos nunca atingiram o ideal que esperavam alcançar. É disto que trata, o "Triste fim de Policarpo Quaresma".

Vitor 17/06/2024

Clássico acessível
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, apesar de ser um clássico da literatura brasileira, possui uma linguagem super agradável e cativante. Os personagens criados por Lima Barreto provocam muitas emoções ao leitor, sejam elas de afeto, raiva ou mesmo tristeza, no triste final, que o título já anuncia.

O livro é um retrato da sociedade do final dos anos 1890, sendo um reflexo de uma sociedade aristocrata que se preocupa apenas com seus próprios interesses e benefícios e é incapaz de pensar além de si para ajudar outrem. Além de Policarpo, são escassos os personagens que detém algum tipo de compaixão nessa obra, o que reflete também nos desdobramentos que a história toma, quando o protagonista se vê sozinho.

Policarpo, por sua vez, é um sujeito apaixonante. Ama o Brasil como ninguém e lê compulsivamente, somente livros que falam sobre o Brasil. Só consome músicas e comida brasileira, se veste como um brasileiro e odeia qualquer tipo de coisa que seja importada. Essa paixão o vai prejudicando e, em cada uma das três partes do livro, o fim é melancólico.

O nacionalismo exacerbado de Policarpo acaba por prejudica-lo, sua paixão pelo seu país juntamente das suas melhores intenções de tornar o Brasil um lugar melhor para todos, acabaram promovendo o seu fim, ausente de gratidão e sozinho.

É, em suma, um livro tragicômico. É super engraçado e gostoso de se ler em 90% das páginas, mas o final é sempre arrebatador, trazendo um profundo sentimento de tristeza como, novamente, o título já anunciava.

Talvez precisássemos de mais gente como Policarpo, apaixonados pelo Brasil.

bárbara 16/06/2024

Cada louco traz em si o seu mundo.
Adorei como o personagem é considerado louco e morre no final, mesmo tendo lido por causa da escola, foi um livro que me prendeu e eu me envolvi com a história de Policarpo Quaresma.

???

???????????

Deysiane 16/06/2024

"Quaresma era antes de tudo brasileiro"
Policarpo Quaresma é um patriota que ama e se orgulha do seu país. Ingenuamente, ele tenta recompensar sua pátria por meio de tarefas pouco ou quase nada compreendidas, e este livro se trata da batalha entre Policarpo e aqueles que, ao contrário dele, não percebem o quão maravilhoso o Brasil poderia ser se não fossem o egoísmo, a ganância e a preguiça que estão imbuídos no povo.

"Ninguém compreende o que quero, ninguém deseja penetrar e sentir; passo por doido, tolo, maníaco e a vida se vai fazendo inexoravelmente com a sua brutalidade e fealdade."

lacklusterstarchild 15/06/2024

O último devoto do culto verde-e-amarelo
"- É bom pensar, sonhar consola.
- Consola, talvez; mas faz-nos também diferentes dos outros; cava abismos entre os homens... "

Com uma fala teimosamente coloquial, a escrita de Lima Barreto utiliza referências cânones para expor narrativas controversas que não se acanham perante sua condição de pioneiras.

Sua crítica mordaz do casamento e a pressão social com que reduz mulheres à condição de propriedade a ser negociada, seu retrato das influências da cultura negra nos centros urbanos e rurais, assim como seu discurso acerca do egoísmo dos governadores brasileiros, reúnem-se para revelar a insustentabilidade das mentiras que o país ainda conta para si mesmo.

Sem querer querendo, Quaresma se agarra a convicções hegemônicas - desenvolvidas por uma elite para criar algum senso de identidade nacional que unisse a população extremamente diversa em um sentimento de dever aos interesses brasileiros (leia-se, aristocráticos) - até presenciar os sórdidas efeitos de uma desilução repleta de contradições. Pois, como pode o país cujas palmeiras são mais verdes e a terra mais fértil ser assolado pela miséria? Esse é um dos quadros que Policarpo está determinado a reverter respeitando as estruturas de poder vigente, mesmo sendo ignorado repetidas vezes.

Me sinto compelida a pedir um abraço desse homem morto - cujos olhos cintilavam à menção do rio Amazonas e o coração bombeava com a dedicação de seus estudos restritos ao Brasil. Sim, eu sei. Sou uma fraca por me deixar levar por sua naïveté e me comover com seus percalços de homem incompreendido.

Quando suas ilusões são finalmente todas perdidas, o que sobra são a cacofonia e o technicolor da desigualdade e diferença brasileiras que co-existem lado a lado aparentemente inseparáveis e irreparáveis.

mxrilo 15/06/2024

O triste visionário
"Havia ali, naquele mudo laboratório de decomposições, solicitações incompreensíveis, repulsões, simpatias e antipatias; havia túmulos arrogantes, vaidosos, orgulhosos, humildes, alegres e tristes; e de muitos, ressumava o esforço, um esforço extraordinário, para escapar ao nivelamento da morte, ao apagamento que ela traz às condições e às fortunas"

rmailbox 14/06/2024

Ícone da Literatura Brasileira
Criticando a falsidade, a estrutura social fantasiosa e ambição desumana, o livro traz características clássicas do Pré-Modernismo e escancara o posicionamento do autor, Lima Barreto, sobre a política do momento. No livro, o autor faz uso de diversas ironias como "Como as pessoas têm tantas terras livres à vista e preferem viver de forma precária nas cidades?", uma clara crítica ao acúmulo e má distribuição de terras, acarretando dificuldades àqueles que realmente precisam ? crítica que poderia ser colocada até os dias atuais.
Eu, particularmente, não gostei muito do livro, por ter um desenvolvimento lento na Primeira e na Segunda parte. Entretanto, a Terceira parte explica a lentidão das duas anteriores, quando põe o contexto socio-político à mostra em forma de revoltas ? as Duas Revoltas Armadas que ocorreram durante a República da Espada. Policarpo é um sábio patriota desiludido e eu gosto como, ao decorrer do livro, Lima Barreto vai fazendo a transição dele: de um patriota fissurado pelo seu país para um triste coitado, preso político, que vê que todo seu esforço foi em vão, qual ele luta contra uma parede, uma vez que um pobre civil não tem posição nenhuma nessa ditadura fria.
Também muito me agrada como ele critica a sociedade patriarcal, a exemplo da morte de Ismenia e das Reflexões de Olga.

Recomendo pra quem gosta de livros clássicos!

Millard 11/06/2024

Bom até
Ele é um bom livro com uma boa história, porém, eu achei muitas coisas meio desnecessárias nele, os parágrafos com coisas fúteis muito grandes e com isso a leitura foi ficando cada vez mais cansativa

costa.literaria 09/06/2024

O Brasil de Lima Barreto passava por uma fervente transformação, e nesse cenário de mudança surgiam questionamentos sobre a identidade nacional.

"triste fim de Policarpo Quaresma" se destaca como uma crítica afiada sobre o final do século XIX e ainda se revela atual ao retratar o nacionalismo exacerbado durante processo de transição do império para a república brasileira.

o protagonista é um patriota cuja trajetória é marcada por uma busca insaciável pela pureza e originalidade da nação brasileira. no entanto, a realidade constantemente foge suas idealizações e o faz lidar com desilusões!

a narrativa é dividida em três partes, cada uma representando um "triste fim" para Quaresma, sendo uma sátira ao ufanismo e nacionalismo ingênuo.

a narrativa não retrata apenas a história de um homem tragicamente idealista, mas também serve como uma crítica à construção de uma identidade nacional simplista e reafirma a necessidade de de uma pluralidade cultural

gabrielle748 09/06/2024

Triste
Realmente foi um triste fim mesmo, mas foi um bom livro, fiquei meio entediada pela metade mas o fim foi o mais interessante possível

mhsmaran 07/06/2024

Achei a história um pouco arrastada mas o final é bem marcante. A história de Quaresma é bem fácil de visualizar no dia a dia por aí.

JezielH 06/06/2024

Você, Quaresma, e um visionário
Ler a literatura que saiu de baixo é outra coisa, aquela literalmente que cutuca quem está em cima, que não pede licença para passar. Lima Barreto conseguiu expor os defeitos por trás da nossa bela pátria. Patriotas que vêem o indígena como arrasado e a Europa como o futuro. Patriotas que querem ver a terra render enquanto o povo não tem o que comer. E que por meio da política fazer crescer a própria barriga.

Romulo 05/06/2024

Fui dando risada no começo e aí fui ficando triste e quando chegou no fim tava quase chorando, amei.

rmunizmari 04/06/2024

Bom, tive que ler pra uma prova e achei a história muito interessante, conseguiu me tirar da ressaca literária

Allan255 03/06/2024

O triste fim de um leitor de o triste fim de Policarpo Quaresma
Toda vez que eu perguntava sobre esse livro, só me falavam ''não li ainda'' e quando eu falava que tinha interesse me falavam ''leia e me conte como é'', odiei, me usaram de bode expiatório, é um livro que tem umas criticas que são muito atuais, esse é ponto mais positivo da historia, mais o ponto negativo, e minha principal critica, é que a historia as vezes é desnecessária, principalmente na segunda parte, foi uma parte muito difícil pra mim ler, tem coisas que ali simplesmente eram enrolação, pura enrolação, posso dizer com certeza que doi mais ler essa parte do que qualquer câimbra em qualquer lugar que você possa imaginar, mas mais uma vez, as criticas que esse livro faz, até hoje são atuais