spoiler visualizarandressa 12/04/2021
Sentir em si, já é um fim
Começamos pelo major, que não era realmente, Policarpo Quaresma, figura central da obra é um ouvidor ímpeto da bandeira de sua pátria, ingênuo na versatilidade e erudito na terra brasileira. Policarpo de tão ameno de si e convicto da aprendizagem dos costumes verdadeiramente brasileiros, sonho seu intimo de vislumbre a todos e com todos. Era respeitado por vizinhos e amigos, mas ao mesmo tempo e não todo, imolado de estranheza desses tais. Amava os livros, e seu patriotismo exacerbado o vazia ser quem era, desde menino carregava amor por tudo que era nacional no trato e no ato. Bem resolveu então aprender a tocar violão, esse era instrumento genuinamente brasileiro. Causou isso espanto em todos, como tão respeitado major faria algo tão capadócio, como descreve Lima Barreto, um ato de indivíduo a beira da má conceituação. Momento ministral em que Lima critica o ar puritano e superior das meias “elites” do Rio de Janeiro que se apossavam de costumes “coerentes” e burgueses e amontoavam a arte dos subúrbios e favelas em truncados de mal caráter e mal feitorias.
Seu professor de violão era Ricardo Coração dos Outros, ele é quem se transformar em um grande amigo de Policarpo e permanece assim até o fim. Policarpo dedicava-se ao mesmo tempo ao estudo da língua Tupi-guarani, pois, esse apenas era ricamente brasileiro. Teve ele então um ápice de bravura branda e amorosa por seus estudos nacionais e fez um requerimento ao ministro defendendo que a língua oficial deveria em definitivo ser o tupi. Não por menos é claro ao abrir-se a sessão da Câmara o secretario veio a ler aquele oficio singular, os que escutaram tal petição deitaram-se na gargalhada sem precedentes, aquela simples folha que guardava o trabalho de uma vida inteira, de um sonho generoso agora era motivo de burburinho e até inconveniência e grande publicidade satírica. O major escreveu, “...O tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, é a única capaz de traduzir as nossas belezas...”. Logo, as consequências foram desastrosas, foi ele então internado por seis meses em um hospício, recebendo a visita apenas de Olga, encantadora sobrinha a única da qual sentia grande estima, com seu pai.
A próxima parte do livro traz um Policarpo que precisa de reconciliação com ele próprio, seguindo o conselho de sua afilhada Olga, compra um sítio e se muda para lá com sua irmã. Certo ainda do esplendor de sua pátria começa a estudar botânica e aproveitar ao máximo a terra brasileira, que segundo ele, era a melhor. Até que problemas surgem ao Major, o Tenente Antonino Dutra vai até a casa de Policarpo lhe pedir ajuda, Policarpo, contrário à política e de suas trocas de favores, nega ajuda. Disso, sai grandes tentadas políticas de prejudicar o sitio de Quaresma. Foram tantos os contratempos que ele se sente desanimado, não via bem solução, seus desejos de progresso se mesclavam a ideia de mudança de governo.
Se no livro todo e nas prontas escritas o motor da história era o patriotismo, quando Policarpo fica sabendo que está ocorrendo uma revolta, ele volta para a cidade. Com a revolta a dinâmica social do Rio muda, o major ingressa na mesma. Seu amigo Ricardo Coração dos Outros é convocado para dar parte na rebelião, na penosa força de querer estar junto de seu violão e não poder Ricardo é posto a grande desconsolo. O major envolto na rebelião, acaba trocando tiros e matando um homem, aos arrependimentos mais sinceros jurados mesmo ao seu devotar pelo Brasil, não consegue acredita no que fez, ele escreve a sua irmã em um sentimento de pesar, de perdão e imensa culpa. Policarpo precisou se afastar por um tempo a dever de alguns leves ferimentos. E enfim a revolta tem seu desfecho, mas proeza última ainda havia de abalar, desfalecendo o todo de sua miserável tristeza pareada, Quaresma é levado a prisão sem um legitimo motivo que justifique e um mesmo questionável por menor, o major desnudado e indagando-se como tanto amor pelo seu país o levaria a tal fim apreende-se em si mesmo extraviado e faltoso de tudo que reconhecia como vida.
Quando Ricardo Coração dos Outros descobre sobre a prisão de Policarpo, tenta reitera-lo, salvar seu bom amigo a todo custo, Ricardo procura outros companheiros de Quaresma como o tenente Albernaz e o coronel Bustamante, mas sem sucesso, já que esses não queriam comprometer-se ou ficarem mal vistos. O fim de Policarpo é na verdade um não fim, encerrasse sua história como encerasse seu sonho.