miguelsousa_ 25/08/2024
Protelar é morrer aos poucos
Sêneca, um dos grandes mestres estoicos, promove uma reflexão sobre quanto tempo da nossa vida a gente realmente vive. Segundo ele, ao invés de ficarmos refletindo sobre termos pouco tempo, devemos aproveitar esse tempo para realmente VIVERMOS de fato. Dessa forma, não é que dispomos de pouco, mas sim que desperdiçamos muito!
Quanto tempo você já perdeu apenas com planos pro futuro? Sonhando acordado? Com altas ambições? Ao levar isso em conta, você percebe que o tempo em que você realmente viveu é nulo. Há uma grande preocupação em chegar num estágio (que geralmente é aposentadoria) no qual, finalmente poderíamos tomar um tempo para nos conectarmos com nós mesmos, mas por que esse tempo deve ser tirado só no fim da vida? Por que passar uma vida inteira sem se conhecer de verdade?
Mas, ao mesmo tempo que essa discussão é válida, ela se torna impraticável na nossa realidade atual. Na época que Sêneca escreveu esta carta, a sociedade não estava inserida num sistema que esmaga completamente suas expectativas pra te transformar numa mercadoria, tornando, assim, o ócio uma realidade palpável, ao contrário de hoje em dia.
No final, o que eu extraí do livro foi que devemos agir mais, sem nos preocupar tanto e sem fazer tantas projeções, pois são elas que sugam nosso tempo de vida, roubam nosso presente e prometem um futuro incerto e irreal. Se ficarmos todo o tempo afogados em idealizações e expectativas, vamos chegar no fim da vida como seres frustrados, que não viveram e só queriam uma nova chance para fazer tudo que deixaram de fazer por medo.
“Perdem o dia na espera da noite; a noite, no temor da alvorada”.