Léia Viana 21/06/2023
#12livros para 2023 - Livro de Maio.
"O destino é inexorável."
Que livro incrível!
Um dos elementos que fica bem nítido nesse segundo livro da trilogia, é o conflito. Como Merlin menciona ao longo da história, os deuses antigos não gostam de ordem; eles anseiam pelo caos porque é no caos que eles reinam. Tudo isso porque a paz finalmente reina entre Artur e seus companheiros. Entretanto, fica muito claro para o leitor que a paz, ao menos para aquele povo, era de fato entediante; e isso fica implícito na maneira que Cornwell descreve essa passagem no livro.
Além de abordar e aprofundar a história de três religiões: o paganismo (Britânia, que era centralizado nos deuses), o cristianismo (que surgiu com a chegada dos romanos e que estava se alastrando pela Britânia), e, a última, a egípcia, melhor, a mitologia egípcia e que tem todo um peso para o destino das personagens nesse segundo livro, por conta das tramas e as armadilhas, Cornwell vai ainda mais além na luta de Artur em expulsar os saxões e os cristãos.
Aqui, cabe um parênteses: fica muito claro neste livro que todo o radicalismo e excessos em nome da religião, independente de qual seja, é destruidor.
"O Inimigo de Deus" é cheio de reviravoltas que deixam o leitor tenso e ansioso para descobrir logo o que acontecerá. Até os momentos de pura calmaria marcam a narrativa, porque ficamos na expectativa que ela pode ser ilusória.
Merlin, que no primeiro livro, aos meus olhos, era mais mistério e o conheci pouco na história, mas o suficiente para ser marcante; neste segundo livro fica claro o quão debochado, sábio, diabólico ele é, mas aqui sua magia vem mais de truques e crenças do que magia. Mesmo assim, é um dos melhores personagens do livro e sua presença na história é sensacional.
Na realidade, todos os personagens são muito bem construídos e inesquecíveis! O que senti lendo nesses dois livros da trilogia foi o mesmo que senti quando li "Os Miseráveis", de Víctor Hugo, uma ansiedade imensa para ler tudo e uma vontade que não acabasse nunca.
A irmandade da Britânia criada por Artur, a tão famosa Távola Redonda e todo o mistério que a cerca é muito bem explicada, assim como o título nesse segundo livro que é perfeito. Aliás, tudo é muito bem entrelaçado e construído aqui. A história de Tristão e Isolda é de partir o coração.
Para variar, já estou na metade do terceiro e último livro da trilogia, "Excalibur" e não queria que acabasse de tão bom que é.
Leitura recomendada!