GeL 22/10/2022
Resenha para o blog Garotas entre Livros
Olá galera, hoje é dia de conversarmos sobre O Inimigo de Deus, segundo livro da trilogia As Crônicas de Artur. Nessa continuação, vamos acompanhar novamente Derfel, um dos melhores amigos e guerreiros de Artur, narrando os eventos da época em que Artur forjou a história que o tornou famoso.
“Fale de Artur, diz ela, do Artur dourado, nossa última e melhor esperança, nosso rei que nunca foi rei, o Inimigo de Deus e flagelo dos saxões. Fale de Artur.”
Nessa fase, Artur está em busca de sua tão sonhada paz, e para isso, ele vai continuar tentando unir todos os reinos da Britânia contra o inimigo em comum, os saxões. A primeira tentativa é através da união de Ceinwyn, a irmã do Rei de Powys que foi preterida por Artur em favor de Guinevere, e Lancelot. Ela seria tipo um prêmio de consolação para Lancelot por Artur não ter conseguido proteger seu reino como tinha prometido. Porém, eles não contavam com os planos de Merlin.
Os planos de Merlin acontecem em paralelo aos de Artur e nem sempre eles convergem rs. Merlin quer restaurar a antiga Britânia e devolvê-la aos deuses antigos, mas para que isso aconteça, ele precisa reunir alguns objetos sagrados, e entre eles, o mais poderoso é o caldeirão.
Essa busca pelo caldeirão vai ser um divisor de águas para Derfel, porque ele obviamente vai ajudar Merlin nessa empreitada, ele já era um guerreiro famoso por conta da última grande batalha de onde ele saiu como herói, mas dessa vez, sua fama vai para outro patamar e nosso narrador vai ganhar ainda mais poder e destaque dentro do reino da Dumnonia.
Nesse livro ainda vamos ter a instituição da tão famosa Távola Redonda, mais uma tentativa de Artur de manter todos os reinos da Britânia em paz e unidos. Aqui nós vemos claramente um homem que era escravo de suas promessas, tentava de tudo para cumprir seus juramentos e manter sua palavra. Vamos ver também o aparecimento de outros personagens que nunca tinha ligado com a história de Artur, como Tristan e Isolda, confesso que foi curioso.
“Não gosto de juramentos, e nenhum homem deveria gostar, porque os juramentos nos atam, tiram nossa liberdade. E quem não quer ser livre? Mas se abandonarmos os juramentos, abandonamos a orientação. Caímos no caos. Simplesmente caímos. Não seremos melhores do que os animais.”
É interessante ler também sobre o crescimento do Cristianismo e a “guerra” religiosa que se estabelece nesse livro. Temos a figura do padre Sansum ganhando mais destaque e se colocando dentro do reino como a autoridade religiosa. Nesse caso o autor faz uma crítica muito boa ao nos apresentar ao fanatismo que fica visível em todas as manifestações religiosas e como isso pode levar ao desastre (atentem para Guinevere).
Temos muitas reviravoltas e traições ao longo do livro e eu definitivamente gostei muito mais desse do que do primeiro livro. Lá em O Rei do Inverno, enquanto tudo demorava muito para acontecer, aqui nós temos uma sequência de eventos que vão levando a um desfecho sensacional e que conseguiu me prender nessas mais de 500 páginas, por esse motivo, indico muito a leitura.
A história que Bernard nos conta, apresenta Artur, o rei que nunca foi coroado, sob uma nova perspectiva, um homem que não queria poder, simples e até um tanto quanto sem ambições, mas que tinha muita habilidade e acho que a lição principal é que não dá para fugir ao destino, ainda mais se você foi destinado a grandes feitos.
“Éramos jovens, éramos fortes, éramos amados pelos deuses e tínhamos Artur.”
Leiam.
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